Debatidas formas de violência na sociedade

por Assessoria Comunicação publicado 15/05/2009 18h30, última modificação 24/06/2021 07h37
Quais são os desafios mais urgentes na sociedade neste ano? A resposta a esta pergunta, de acordo com o arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr Vitti, é a escolha do tema da campanha da fraternidade. Em 2009, a violência é o foco das discussões, com o lema “A paz é fruto da justiça”. Em parceria com a Arquidiocese de Curitiba, a Câmara Municipal sediou, na tarde desta sexta-feira (15), seminário para discutir a violência nas sociedades. A iniciativa foi do vereador Pedro Paulo (PT), para que a comunidade reflita sobre as diversas formas de violência, prevenindo-a.
Luciano Souza, coordenador de ações protetivas às crianças e adolescentes da Secretaria de Estado da Criança e Juventude, falou sobre as razões sociais e sociológicas da violência contra crianças e adolescentes. Citou como agravantes da situação a categoria social, relações de dominação, fatores históricos e sociais, além da interação com outras gerações e modos paternalistas, que fazem com que muitas vezes os menores rumem para a criminalidade. Neste sentido, avalia que a “certeza” da impunidade dificulta o trabalho de prevenção da violência.
De acordo com Souza, entre as medidas que evitam a violência está o trabalho cotidiano num ambiente familiar fortalecido e protetor, combate ao uso de drogas lícitas e ilícitas, inclusão educacional, convívio social saudável, erradicação do trabalho infantil, ampliação das oportunidades de qualificação e inserção profissional dos jovens, assim como a ampliação de redes de proteção e de apoio às crianças, jovens e suas famílias, fortalecimento das estruturas de defesa dos direitos das crianças, adolescentes e jovens e a participação social da juventude. “A maioria dos casos de violência são cometidas por pessoas com parentesco com a vítima”, explicou.
Direitos
“A violência não depende de classe social, cor de pele ou religião. Trata do instinto da natureza (agressividade) versus a civilização (regras)”, sintetizou Gelson de Oliveira, professor de Filosofia e Ética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). “É claro que nas classes menos favorecidas há mais violência. Também porque são em maior número e porque nas outras classes é mais fácil esconder”, opinou. O professor defende que todos somos sujeitos de direitos, que devemos ter alimentação, saúde, moradia e educação. A violência, acredita, trata a pessoa como objeto de lucro, prazer e exploração. “A pessoa tratada como mercadoria só perde para o tráfico de armas e drogas”, comparou.
Pronasci
Um dos coordenadores do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) no Paraná, Rafael Peixoto falou sobre algumas das 94 ações de paz do programa, desenvolvido pelo Ministério da Justiça. A proposta articula políticas de segurança com ações sociais, prioriza a prevenção e busca atingir as causas que levam à violência, sem abrir mão das estratégias de ordenamento social e segurança pública.
Na opinião de Peixoto, no mundo do crime o indivíduo que não tem nada passa a ser alguém na sociedade, “de certa forma útil à alguém”. Em geral, o público-alvo são jovens com 15 a 24 anos à beira da criminalidade, que se encontram ou já estiveram em conflito com a lei, presos e ainda os reservistas, passíveis de serem atraídos pelo crime organizado em função do aprendizado em manejo de armas adquirido durante o serviço militar. “O ideal de sociedade deveria ser aquele onde não há medo de denunciar”, completou.