Debatidas condições de trabalho dos educadores
As condições de trabalho e a saúde dos educadores foram debatidas na tarde desta sexta-feira, na Câmara de Curitiba. O evento, realizado no auditório do Anexo II, foi proposto pelo vereador Pedro Paulo (PT). A expectativa agora, segundo o parlamentar, é elaborar alternativas na legislação para atender as necessidades da categoria, principalmente quanto à falta de professores substitutos e infra-estrutura adequada. Além dos debatedores, estavam presentes o deputado federal André Vargas e o deputado estadual Professor Luizão, ambos do PT.
“Precisamos apontar rumos concretos para alimentar os três níveis de governo com alternativas para os problemas na saúde dos educadores, que refletem na qualidade da educação”, destacou Pedro Paulo. Conforme levantamento do vereador, cerca de um quarto dos afastamentos temporários ocorre por problemas de saúde e 87% dos professores já presenciaram casos de violência nas escolas, consumo e tráfico de drogas, além de sofrerem ameaças.
De acordo com o advogado trabalhista Valdyr Perrini, vice-presidente do Sindicato dos Professores de Ensino Superior (Sinpes), a doença do trabalho está relacionada com a quantidade e atividades realizadas, que devem ser intercaladas com lazer (intervalo). “As doenças profissionais, como distúrbios da voz e transtornos emocionais, resultam de situações estressantes e competitivas a que estes profissionais estão constantemente submetidos”, disse.
Perrini apontou medidas preventivas que reduziriam os problemas drasticamente, como a distribuição de água, uso de microfone, ginástica laboral e cadeiras ergométricas. O advogado ainda ressaltou a estrutura inadequada das construções, sem cuidados com a produção auditiva, o não pagamento do adicional de penosidade, previsto na Constituição, e a limitação da jornada de trabalho, com diferença de no mínimo 11 horas entre um turno e outro. “Não podemos refletir sobre a saúde do professor somente depois que ele ficou doente, mas buscar a prevenção”.
Nancy Ferreira Pinto, especialista em saúde do trabalhador e assessora do SindSaúde, conceituou medicina do trabalho, saúde do trabalho e saúde do trabalhador, explicando as raízes, na Itália. “São três aspectos diferentes, com origens históricas diferentes e que são confundidos”. A especialista informou que o ambiente físico, a organização do trabalho e as relações de trabalho, quando mal definidas, são os principais causadores das doenças profissionais.
“Acredito que a situação do município seja semelhante à do Estado no quesito saúde do trabalho”, considerou, afirmando faltarem políticas para a saúde do trabalhador, informações sobre os riscos do ambiente de trabalho e os direitos do trabalhador, reconhecimento e notificação das doenças relacionadas ao trabalho, atuação nos ambientes restrita apenas à emissão de laudos para pagamento de periculosidade e insalubridade e a perícia, que parte do princípio que o trabalhador está simulando. Para ela, a solução seria a organização por local de trabalho, proporcionando o fortalecimento e a organicidade, o replanejamento do trabalho e o processo negociável permanente.
Síndrome de Burnout
Osny Batista, mestre em Ciências da Educação e Movimentos Sociais, falou sobre o adoecimento do docente e mostrou exercícios capazes de atenuar o problema. As grandes jornadas de trabalho foram destacadas como um dos maiores causadores das doenças. “Enquanto a maioria dos profissionais com o passar do tempo diminui a carga horária, os professores aumentam”, ressaltou.
A chamada Síndrome de Burnout, explicou Batista, ocorre pelo estresse profissional que se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos. “Afeta geralmente profissionais que mantêm uma relação constante com outras pessoas, principalmente quando a atividade é considerada de ajuda, como é o caso dos professores. A pessoa com esse tipo de estresse apresenta problemas físicos e emocionais, podendo ter um comportamento agressivo e de irritabilidade”, informou.
Adoecimento
O médico Roberto Ruiz, perito do INSS, mostrou o perfil de adoecimento dos professores, que vem sofrendo modificações. “Em 1996, o número de afastamentos por doenças musculares predominava. Hoje, o maior índice é por doenças mentais”, explicou.
Além de doenças musculares e mentais, o médico citou outras diagnosticadas com freqüência, como de circulação, hipertensão e voz. “Um programa de prevenção de distúrbio de voz diminuiria a quantidade de afastamentos e melhoraria a qualidade de ensino”, sugeriu.
Ruiz ressaltou a importância da política e leis voltadas à saúde do trabalhador na busca de soluções para doenças e agravos decorrentes dos riscos existentes no trabalho.
Presenças
Também estavam presentes José Lemos, presidente da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná); Solange Maria Rodrigues da Cunha, da Secretaria de Estado de Educação, e Veroni Salete Del Ré, professora e presidente do Núcleo Sindical de Curitiba Sul.
“Precisamos apontar rumos concretos para alimentar os três níveis de governo com alternativas para os problemas na saúde dos educadores, que refletem na qualidade da educação”, destacou Pedro Paulo. Conforme levantamento do vereador, cerca de um quarto dos afastamentos temporários ocorre por problemas de saúde e 87% dos professores já presenciaram casos de violência nas escolas, consumo e tráfico de drogas, além de sofrerem ameaças.
De acordo com o advogado trabalhista Valdyr Perrini, vice-presidente do Sindicato dos Professores de Ensino Superior (Sinpes), a doença do trabalho está relacionada com a quantidade e atividades realizadas, que devem ser intercaladas com lazer (intervalo). “As doenças profissionais, como distúrbios da voz e transtornos emocionais, resultam de situações estressantes e competitivas a que estes profissionais estão constantemente submetidos”, disse.
Perrini apontou medidas preventivas que reduziriam os problemas drasticamente, como a distribuição de água, uso de microfone, ginástica laboral e cadeiras ergométricas. O advogado ainda ressaltou a estrutura inadequada das construções, sem cuidados com a produção auditiva, o não pagamento do adicional de penosidade, previsto na Constituição, e a limitação da jornada de trabalho, com diferença de no mínimo 11 horas entre um turno e outro. “Não podemos refletir sobre a saúde do professor somente depois que ele ficou doente, mas buscar a prevenção”.
Nancy Ferreira Pinto, especialista em saúde do trabalhador e assessora do SindSaúde, conceituou medicina do trabalho, saúde do trabalho e saúde do trabalhador, explicando as raízes, na Itália. “São três aspectos diferentes, com origens históricas diferentes e que são confundidos”. A especialista informou que o ambiente físico, a organização do trabalho e as relações de trabalho, quando mal definidas, são os principais causadores das doenças profissionais.
“Acredito que a situação do município seja semelhante à do Estado no quesito saúde do trabalho”, considerou, afirmando faltarem políticas para a saúde do trabalhador, informações sobre os riscos do ambiente de trabalho e os direitos do trabalhador, reconhecimento e notificação das doenças relacionadas ao trabalho, atuação nos ambientes restrita apenas à emissão de laudos para pagamento de periculosidade e insalubridade e a perícia, que parte do princípio que o trabalhador está simulando. Para ela, a solução seria a organização por local de trabalho, proporcionando o fortalecimento e a organicidade, o replanejamento do trabalho e o processo negociável permanente.
Síndrome de Burnout
Osny Batista, mestre em Ciências da Educação e Movimentos Sociais, falou sobre o adoecimento do docente e mostrou exercícios capazes de atenuar o problema. As grandes jornadas de trabalho foram destacadas como um dos maiores causadores das doenças. “Enquanto a maioria dos profissionais com o passar do tempo diminui a carga horária, os professores aumentam”, ressaltou.
A chamada Síndrome de Burnout, explicou Batista, ocorre pelo estresse profissional que se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos. “Afeta geralmente profissionais que mantêm uma relação constante com outras pessoas, principalmente quando a atividade é considerada de ajuda, como é o caso dos professores. A pessoa com esse tipo de estresse apresenta problemas físicos e emocionais, podendo ter um comportamento agressivo e de irritabilidade”, informou.
Adoecimento
O médico Roberto Ruiz, perito do INSS, mostrou o perfil de adoecimento dos professores, que vem sofrendo modificações. “Em 1996, o número de afastamentos por doenças musculares predominava. Hoje, o maior índice é por doenças mentais”, explicou.
Além de doenças musculares e mentais, o médico citou outras diagnosticadas com freqüência, como de circulação, hipertensão e voz. “Um programa de prevenção de distúrbio de voz diminuiria a quantidade de afastamentos e melhoraria a qualidade de ensino”, sugeriu.
Ruiz ressaltou a importância da política e leis voltadas à saúde do trabalhador na busca de soluções para doenças e agravos decorrentes dos riscos existentes no trabalho.
Presenças
Também estavam presentes José Lemos, presidente da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná); Solange Maria Rodrigues da Cunha, da Secretaria de Estado de Educação, e Veroni Salete Del Ré, professora e presidente do Núcleo Sindical de Curitiba Sul.
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