Debatidas ações do ano dos povos afrodescendentes

por Assessoria Comunicação publicado 20/10/2011 11h25, última modificação 12/08/2021 09h51
Valorização profissional, partilha de estratégias e reflexões étnico-raciais sobre a comemoração, em 2011, do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes foram alguns dos assuntos debatidos da Câmara de Curitiba nesta quarta-feira (19). A convite da Mesa Executiva e recepcionado pelo vereador Jair Cézar (PSDB), o presidente do Centro Cultural Humaitá, Adegmar José da Silva, o Candiero, apresentou aos vereadores os desafios e possibilidades da prática da lei sancionada no início de 2003, que permitiu a inclusão no currículo oficial da rede de ensino municipal a obrigatoriedade da "História e Cultura Afro-Brasileira."
Inúmeros projetos de implementação das políticas de ações afirmativas para a população negra e afrodescendentes, entre elas a implementação de cotas nas instituições de ensino superior e nos concursos públicos, políticas específicas de inserção do negro no mercado de trabalho, programas para ingresso na carreira diplomática e ações específicas na área da cultura, educação e saúde, como a Rede Mulheres Negras (que vem apoiando a Secretaria Municipal da Saúde no atendimento específico às doenças da comunidade negra), foram avaliadas pelos vereadores na exposição do presidente da entidade cultural.
A presidente do Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional (Ipade), Marcilene Garcia Souza, também ocupou a tribuna para falar sobre as diferenciações que ainda persistem na sociedade entre brasileiros das diferentes etnias. Lamentou que integrantes da raça negra ainda percebam salários inferiores aos demais e aproveitou para qualificar “de momento de esperança a marca do Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, para ampliar a visibilidade sobre a cultura afro”.
Cotas
Os dois visitantes defenderam a inclusão de percentuais de recursos nas cotas que os vereadores destinam para o próximo orçamento municipal, matéria que começa a ser analisada na Casa. Referiram-se à realização da Copa do Mundo em Curitiba como “uma oportunidade de isonomia no tratamento dado às questões relevantes para a comunidade afro, para que possamos desconstruir o descompasso histórico que criou uma barreira social e cultural que exclui esta parcela significativa da população”.
No Paraná, o instituto de pesquisas IBGE estimou 28,5% de afrodescendentes, enquanto em Curitiba 24% da população preenche estes requisitos.
Desde 2006, o Centro Cultural Humaitá procura fazer o resgate e difusão da história afrodescendente. A ajuda solicitada na Câmara Municipal vai possibilitar incremento de diversas ações da entidade em 2012, com o apoio das secretarias municipais e alicerçamento de ações parceiras com a CNBB, Fórum de Religiões, Assintec e outros organismos. Também esperam poder promover a herança cultural pelos veículos de comunicação, a partir do próximo ano.
Prêmio
O presidente do Centro Cultural Humaitá descreveu os procedimentos do Prêmio Orirerê, que será entregue em solenidade no dia 18 de novembro, na Assembleia Legislativa do Paraná. Falou também que “a normatização decorrente da aprovação da Lei Afro deveria ser mais conhecida pelos educadores e educadoras das escolas públicas e privadas do país.” Ela se insere num processo de luta pela superação do racismo na sociedade brasileira e tem como protagonistas o Movimento Negro e os demais grupos e organizações participantes da luta antirracista. Para Adegma da Silva, “a produção do conhecimento interferiu e ainda interfere na construção de representações sobre o negro brasileiro e, no contexto das relações de poder, tem informado políticas e práticas tanto conservadoras quanto emancipatórias no trato da questão étnico-racial e dos seus sujeitos.”