De saída da prefeitura, Vitor Puppi é elogiado pelos vereadores de Curitiba
Ex-secretário Vitor Puppi, no plenário da Câmara de Curitiba, durante prestação de contas do Executivo. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Nesta terça-feira (23), os vereadores repercutiram, no plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a notícia que Vitor Puppi não é mais o secretário de Planejamento, Finanças e Orçamento da capital do Paraná. O Diário Oficial do Município registrou, na edição de ontem, a substituição dele por Cristiano Hotz, que antes era chefe de gabinete do prefeito Rafael Greca. “Ele deixou uma marca de cultura, competência, serenidade e diálogo”, elogiou Pier Petruzziello (PTB), líder do governo no Legislativo.
“Não há crise no governo”, continuou Petruzziello, que disse “lamentar a saída do secretário, que desde o primeiro momento contribuiu para a retomada da cidade”. “É uma decisão tomada em conjunto, pois o prefeito Rafael Greca sempre deixou os seus secretários à vontade”, afirmou, atribuindo a mudança na equipe a “motivos pessoais” do ex-secretário. “Todos lamentamos a saída precoce do secretário e desejamos sorte ao Cristiano [Hotz], pois o cargo requer muito conhecimento e cuidado”, concluiu o líder do governo.
“Puppi sempre foi cordial e prestativo nas vezes que esteve nesta Casa prestando contas. Quero desejar a ele sorte na vida”, disse Marcelo Fachinello (PSC), que, a exemplo de Petruzziello, destacou a importância de Puppi para a aprovação do Plano de Recuperação Fiscal, “que nos dá a condição de ter uma saúde financeira positiva”. “Quero desejar sucesso no novo caminho do secretário Puppi, que sempre foi muito atencioso com a Câmara”, disse Alexandre Leprevost (Solidariedade). Para Oscalino do Povo (PP), “foi uma escolha de sabedoria [de Greca] trazer Puppi para esse cargo naquele momento de Curitiba”.
Carta aos vereadores
De saída da prefeitura, Vitor Puppi enviou uma carta aos vereadores da capital, agradecendo “o protagonismo da Câmara” na aprovação do Plano de Recuperação, que o ex-secretário chamou de “votação corajosa”. Na ocasião, em 2017, após sucessivas ocupações do Palácio Rio Branco, a conclusão da apreciação dos projetos de lei do Executivo foi levada para a Ópera de Arame, com apoio policial, para impedir novas interrupções do trabalho parlamentar.
“Em apenas dois anos, saímos da pior classificação fiscal para a nota máxima - triplo A - perante a Secretaria do Tesouro Nacional. Resgatamos a tranquilidade e a capacidade de planejamento da cidade”, destacou Puppi, falando aos vereadores. “ O município [hoje] tem mais dinheiro em seu caixa do que todo o somatório de suas dívidas, mesmo aquelas de longo prazo. Poderíamos pagá-las todas amanhã, se quiséssemos”, afirma o ex-secretário de Finanças. Confira abaixo a íntegra da carta aos vereadores.
Excelentíssimos Vereadoras e Vereadores de Curitiba:
Depois de 5 anos em que tive a honra de servir à cidade de Curitiba informo que pedi exoneração do cargo de Secretário de Planejamento, Finanças e Orçamento. Foram 5 anos de inegáveis avanços e de novos horizontes financeiros na cidade.
Sem favor algum, é preciso reconhecer o protagonismo da Câmara de Vereadores nessa jornada. Foi somente após a aprovação do Plano de Recuperação de 2017 que deixamos a pior posição entre as capitais brasileiras quanto à liquidez financeira. Curitiba era a capital com menos dinheiro em caixa, o que nos atribuía o vergonhoso conceito “C” perante a Secretaria do Tesouro Nacional. Sem dinheiro, não pagávamos os remédios, a merenda, a coleta de lixo e acumulávamos dívidas. Não tínhamos certidão negativa perante o Tribunal de Contas e muito menos crédito na praça. Curitiba sofria com mais de R$ 2 bilhões de obrigações sem a necessária contrapartida financeira.
Após a votação corajosa desta Câmara de Vereadores pudemos iniciar o nosso trabalho na cidade. Curitiba passou a ter a primeira Lei de Responsabilidade Fiscal Municipal do país. E a primeira Previdência Complementar. Leiloamos dívidas antigas, honramos em dia nossas obrigações correntes, trabalhamos muito. Em apenas dois anos, saímos da pior classificação fiscal para a nota máxima - triplo A - perante a Secretaria do Tesouro Nacional. Resgatamos a tranquilidade e a capacidade de planejamento da cidade. Nosso rating e austeridade permitiram a reaproximação de instituições internacionais como o a Agência Francesa, o BID e o New Development Bank. É a nova Caximba, o novo Inter II e o novo eixo Leste-Oeste. Empenhamos nossa credibilidade para garantir investimentos para o futuro.
E a Câmara fez mais. Inspirados por iniciativas internacionais de equilíbrio fiscal, em 2019 - muito antes de se pensar em pandemia - apresentamos um projeto corajoso para criação de um Fundo de Estabilização Fiscal. Destinado a evitar que faltasse dinheiro à cidade quando mais precisasse: em catástrofes, quedas abruptas de receita e em momentos de emergência, Curitiba teria condições de continuar e ampliar o atendimento dos serviços públicos à população. E assim nasceu o primeiro “rainy day fund” com sobras de recursos orçamentários do país.
E com o passar dos anos revertemos décadas de déficits financeiros e passamos a acumular superávits. Controlamos o nosso limite prudencial com despesas de pessoal. Revertemos a dívida líquida do município e passamos a ostentar a condição de “dívida líquida negativa”, ou seja, o município tem mais dinheiro em seu caixa do que todo o somatório de suas dívidas, mesmo aquelas de longo prazo. Poderíamos pagá-las todas amanhã, se quiséssemos.
Recebemos o Município com caixa negativo: nossas obrigações superavam em muito o que tínhamos disponível. Passados 5 anos devolvemo-o com R$ 3 bilhões em caixa, sendo R$ 2 bilhões em recursos livres, sem vinculações e que podem ser destinados a novos investimentos à cidade. Basta querer.
Por todas essas conquistas, sou muito grato a todos os vereadores, desta legislatura e da passada, sejam aqueles de situação ou de oposição. Pela confiança e por acreditar sempre que Curitiba é maior do que seus desafios.
Vitor Puppi
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba