Curso treina guardas municipais no tratamento de pessoas com epilepsia

por Assessoria Comunicação publicado 11/04/2006 20h10, última modificação 08/06/2021 10h54
Com a presença maciça de guardas municipais, foi realizado na manhã desta terça-feira (11), no auditório do Anexo II da Câmara de Curitiba, curso de treinamento e capacitação no atendimento de pessoas com epilepsia. Segundo o autor da proposta, vereador Zé Maria (PPS), "o objetivo é tornar as pessoas conscientes que epilepsia não é doença. E, com isto, tirar o epiléptico das sombras, trazendo-o para a sociedade. Fazendo que tenham respeito, dignidade e trabalho. Direitos fundamentais de todo o ser humano,” afirmou, ressaltando, ainda, que, há 21 anos faz trabalho voluntário com pessoas portadoras de deficiência. 
O curso de capacitação foi ministrado pela médica, Li Hui Ling, voluntária do setor de neuropediatria do Hospital de Clínicas. Ling afirmou que presta esse tipo de serviço social, como forma de contribuição, pois é graduada em Medicina em universidade federal e não pagou para estudar.  Para Ling, a epilepsia é uma condição neurológica e não doença. E que a falta de informações corretas exclui as pessoas da sociedade. “Existem muitas formas de epilepsia. O Brasil tem, hoje, 3 milhões de pessoas nessa condição. Surgem 100 mil casos novos por ano e 300 por dia. É um contigente de seres humanos que, ainda, sofre de preconceito e não estão inseridos na sociedade”, afirmou a médica.
Novas perspectivas
Ling mostrou com slides as várias formas de crise que a pessoa pode ser acometida. Além das causas, tratamento e formas de atendimento. E, quando se tem conhecimento é mais fácil gerenciar o problema para dar proteção. A epilepsia é uma condição neurológica grave do cérebro, que tem como principais causas as doenças de origem genéticas, congênitas, as infecciosas cerebrais e traumatismo crânio-encefálico, no caso de acidentes de carros. Mas, que, segundo Ling, 40% das pessoas não apresentam causa específica. “Portanto, ninguém está livre de se encontrar numa condição de crise”, disse.
A médica afirmou que a falta de informação, tratamento inadequado e dificuldade para conseguir medicação, são as três causas da lacuna do tratamento no Brasil. Lembrando que, pesquisa recente da Unicamp – Universidade de Campinas (SP), que mostrou que o estigma das pessoas com epilepsia é igual aos dos portadores de aids. “Precisamos combater o preconceito. E que as pessoas falem mais a respeito, transformando-se em agentes de modificação, desmistificando que não é doença contagiosa, espiritual ou mental e nem mesmo sinal de fracasso na vida”, disse a médica.
Capacitação
Para o diretor da Guarda Municipal, inspetor Carlos Celso Santos Junior, “nós estamos inseridos na comunidade, também, como educadores, não só para defesa e proteção. Tenho certeza, que esta palestra modificou o pensamento de muitos e vamos aplicar o que aprendemos na comunidade e na família. É uma palestra para nossas vidas. Ficamos felizes e atitudes como esta vão sempre contar com a presença da guarda. Temos a sede do conhecimento.” Já, o superintendente da Defesa Social, Rene Witek, “informações dessa natureza são de fundamental importância. Tudo aquilo que podemos aprender que venha em benefício do ser humano é muito gratificante”. A gerente de instrução da Guarda Municipal, inspetora Paulina Wojcik, também, salientou a importância da capacitação, não só para o trabalho, mas para a vida pessoal.
O curso é desenvolvido pela Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia – ASPE, através do Projeto 1000 líderes. Tendo como objetivo tornar-se pólo de excelência e modelo de epilepsia nas áreas de educação, ciência e artes, garantindo o atendimento e qualidade de vida para os usuários.