"Crianças me salvaram do ataque de cães", diz leiturista da Copel
“Fui atacada por dois pitbulls quando fazia a leitura de uma casa. Estava no meio da rua, pedindo socorro, mas ninguém me ajudou. Quando caí no chão, prestes a ser mordida no rosto, duas crianças que conheciam os animais apareceram e me salvaram." O relato é de Arlâniz Vieira da Silva, em audiência pública nesta sexta-feira (22) na Câmara de Curitiba. Por iniciativa de Pedro Paulo (PT), o debate foi focado nos altos índices de ataques de cães a profissionais como a leiturista da Copel, que exercem seus ofícios nas ruas ou em visitas às residências curitibanas.
“A dona dos cães disse, depois do acidente, que viu que os cachorros escaparam da casa, mas que não teve coragem de me ajudar porque ficou com medo de ser mordida. Não é fácil passar por isto. Fiquei mais de cinco meses em tratamento psicológico. Estou aqui exercendo meu direito e tentando mudar a nossa realidade. A gente só quer fazer o nosso trabalho em segurança”, completou Arlâniz Vieira.
A história da funcionária da Copel foi um exemplo do que vivem diariamente seus colegas de trabalho e de outras empresas públicas e privadas, como Correios, Sanepar e Cavo (empresa que faz a coleta de lixo na capital). Um levantamento feito pelas quatro concessionárias – apresentado na cartilha da campanha educativa “Prevencão” – estima que somente Curitiba possui cerca de 450 mil cães, média de um animal a cada quatro habitantes.
Somente em 2012, informa a cartilha, foram registrados 14.699 ataques em que as vítimas precisaram de vacina antirrábica ou outro atendimento médico. Mordido por cachorros em cinco ataques, sendo um de maior gravidade, Fernando Zampa explicou que não tem nada contra os animais, mas que os proprietários dos cães, que atacam nas ruas ou dentro das próprias residências, precisam ser responsabilizados.
“Sou mais um aqui falando de mordedura canina, mas não sou só mais um. O cão ataca quando está com fome, quando quer defender a cria, quando quer proteger o seu dono ou até mesmo quando quer brincar. Por isto, temos que trabalhar na prevenção para diminuir este tipo de problema que nós, carteiros, funcionários da Sanepar, da Copel, agentes de saúde, sofremos todos os dias”, disse o carteiro.
Coletor de lixo, Jonathan Natanael Pereira contou que foi vítima de oito ataques e que conseguiu escapar de “pelo menos outros 20”. Ele também defendeu ações preventivas e que responsabilizam os donos dos animais. “Para eles os cães são mansos, mas para nós não”, complementou. “A nossa orientação sempre é de que não é para coletar [o lixo] se o profissional não tiver condições de segurança”, explicou Matheus Godoy Russi, coordenador regional de Segurança do Trabalho da Cavo.
“Os Correios patrocinam as Olimpíadas. Imaginem se destinassem parte deste recurso para campanhas. Precisamos de uma verba específica para campanhas publicitárias. Estamos sendo vitimizados e precisamos de ajuda. A nossa empresa precisa dar este aporte”, sugeriu Rosana Vaz Carvalho, da Secretaria das Questões da Mulher do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios (Sintcom-PR).
Legislação mais rígida e denúncias
Além de defenderem a maior participação do poder público em campanhas educativas – como a “Prevencão”, que conta inclusive com um cão mascote que visita as escolas da cidade –, os trabalhadores também pediram mudanças na legislação municipal. Para Oswaldo Noguti, outro funcionário da Copel, vereadores e Prefeitura de Curitiba podem “criar leis para auxiliar na diminuição dos ataques e que tratam da guarda indevida dos animais”.
Para Paulo Colnaghi, coordenador da Rede de Proteção Animal, a legislação deve ser muito forte. “Falta uma lei que, de fato, possa punir os proprietários.” Segundo ele, o poder público tem o seu papel, “mas o cidadão é o grande responsável por toda esta situação. Quando a dona dos cães tem medo de ser atacada, isto demonstra a própria irresponsabilidade no cuidado dos animais”, avaliou.
“As ações com crianças são importantes, mas precisamos de uma ou duas gerações inteiras para mudar este comportamento”, complementou. Citou também problemas comuns, como as casas que não têm condições de manter animais presos e os proprietários que deixam seus cães soltos. Para ele, a castração é fundamental: “ela gera uma tranquilidade maior no animal”.
Conaghi informou que há uma superpopulação canina na cidade. “O Tatuquara é o bairro com maior número de problemas com cães abandonados, este bairro é visto como local de descarte de animais”. A Rede de Proteção Animal deve implementar, segundo ele, ações preventivas no segundo semestre, começando pelo Tatuquara, com castrações feitas gratuitamente para protetores de animais e pessoas de baixa renda, além de trabalho de guarda responsável. “Os bairros mais problemáticos serão identificados”, complementou, pedindo a colaboração dos trabalhadores.
“Precisamos achar uma fórmula para que as vítimas destes ataques tenham prioridade no atendimento. Vamos amadurecer esta ideia. Tem cachorro solto na rua, liguem para o 153 para identificarmos os locais e os animais soltos. A carrocinha ainda existe e é usada nestes casos, para recolher os animais violentos.”
Pedro Paulo disse que tem a intenção de construir uma proposta com o apoio de todos os envolvidos. “A integração do poder público e das empresas, públicas ou privadas, é importante. Se o trabalhador está diariamente encontrando a mesma situação, a denúncia é fundamental.” O vereador ainda informou aos presentes que protocolou projeto de lei que institui o Dia Municipal de Prevenção à Mordedura Canina” (005.00122.2015).
“A proposta será lida no plenário da Câmara na próxima segunda-feira para começar a tramitar. A data será comemorada anualmente, no dia 12 de agosto, para sensibilizar a população sobre o cuidado com os animais”, explicou. O parlamentar ainda encaminhou pela formação de um grupo de trabalho, com reuniões periódicas, para continuar debatendo o tema; e afirmou que será marcada uma agenda com o prefeito Gustavo Fruet para discussão das demandas apresentadas na audiência.
A ideia é protocolar outra proposta de lei para regulamentar a proteção dos trabalhadores contra a mordedura canina no município. “Já temos um esboço deste projeto, que será discutido com a administração municipal e com todos os envolvidos na questão. A sociedade tem suas obrigações também. O cidadão precisa ser responsabilizado. E nós, enquanto legisladores, temos a responsabilidade de informar ao cidadão sobre seus deveres”, finalizou Pedro Paulo.
Também participaram da audiência Smeici Ouriques, gerente da Divisão de Leituras Leste da Copel, Luis Mayer, técnico de segurança dos Correios, Alexander Biondo, professor da Universidade Federal do Paraná e e Denilson Sauer Belão, gerente de Faturamento Metropolitano da Sanepar.
“A dona dos cães disse, depois do acidente, que viu que os cachorros escaparam da casa, mas que não teve coragem de me ajudar porque ficou com medo de ser mordida. Não é fácil passar por isto. Fiquei mais de cinco meses em tratamento psicológico. Estou aqui exercendo meu direito e tentando mudar a nossa realidade. A gente só quer fazer o nosso trabalho em segurança”, completou Arlâniz Vieira.
A história da funcionária da Copel foi um exemplo do que vivem diariamente seus colegas de trabalho e de outras empresas públicas e privadas, como Correios, Sanepar e Cavo (empresa que faz a coleta de lixo na capital). Um levantamento feito pelas quatro concessionárias – apresentado na cartilha da campanha educativa “Prevencão” – estima que somente Curitiba possui cerca de 450 mil cães, média de um animal a cada quatro habitantes.
Somente em 2012, informa a cartilha, foram registrados 14.699 ataques em que as vítimas precisaram de vacina antirrábica ou outro atendimento médico. Mordido por cachorros em cinco ataques, sendo um de maior gravidade, Fernando Zampa explicou que não tem nada contra os animais, mas que os proprietários dos cães, que atacam nas ruas ou dentro das próprias residências, precisam ser responsabilizados.
“Sou mais um aqui falando de mordedura canina, mas não sou só mais um. O cão ataca quando está com fome, quando quer defender a cria, quando quer proteger o seu dono ou até mesmo quando quer brincar. Por isto, temos que trabalhar na prevenção para diminuir este tipo de problema que nós, carteiros, funcionários da Sanepar, da Copel, agentes de saúde, sofremos todos os dias”, disse o carteiro.
Coletor de lixo, Jonathan Natanael Pereira contou que foi vítima de oito ataques e que conseguiu escapar de “pelo menos outros 20”. Ele também defendeu ações preventivas e que responsabilizam os donos dos animais. “Para eles os cães são mansos, mas para nós não”, complementou. “A nossa orientação sempre é de que não é para coletar [o lixo] se o profissional não tiver condições de segurança”, explicou Matheus Godoy Russi, coordenador regional de Segurança do Trabalho da Cavo.
“Os Correios patrocinam as Olimpíadas. Imaginem se destinassem parte deste recurso para campanhas. Precisamos de uma verba específica para campanhas publicitárias. Estamos sendo vitimizados e precisamos de ajuda. A nossa empresa precisa dar este aporte”, sugeriu Rosana Vaz Carvalho, da Secretaria das Questões da Mulher do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios (Sintcom-PR).
Legislação mais rígida e denúncias
Além de defenderem a maior participação do poder público em campanhas educativas – como a “Prevencão”, que conta inclusive com um cão mascote que visita as escolas da cidade –, os trabalhadores também pediram mudanças na legislação municipal. Para Oswaldo Noguti, outro funcionário da Copel, vereadores e Prefeitura de Curitiba podem “criar leis para auxiliar na diminuição dos ataques e que tratam da guarda indevida dos animais”.
Para Paulo Colnaghi, coordenador da Rede de Proteção Animal, a legislação deve ser muito forte. “Falta uma lei que, de fato, possa punir os proprietários.” Segundo ele, o poder público tem o seu papel, “mas o cidadão é o grande responsável por toda esta situação. Quando a dona dos cães tem medo de ser atacada, isto demonstra a própria irresponsabilidade no cuidado dos animais”, avaliou.
“As ações com crianças são importantes, mas precisamos de uma ou duas gerações inteiras para mudar este comportamento”, complementou. Citou também problemas comuns, como as casas que não têm condições de manter animais presos e os proprietários que deixam seus cães soltos. Para ele, a castração é fundamental: “ela gera uma tranquilidade maior no animal”.
Conaghi informou que há uma superpopulação canina na cidade. “O Tatuquara é o bairro com maior número de problemas com cães abandonados, este bairro é visto como local de descarte de animais”. A Rede de Proteção Animal deve implementar, segundo ele, ações preventivas no segundo semestre, começando pelo Tatuquara, com castrações feitas gratuitamente para protetores de animais e pessoas de baixa renda, além de trabalho de guarda responsável. “Os bairros mais problemáticos serão identificados”, complementou, pedindo a colaboração dos trabalhadores.
“Precisamos achar uma fórmula para que as vítimas destes ataques tenham prioridade no atendimento. Vamos amadurecer esta ideia. Tem cachorro solto na rua, liguem para o 153 para identificarmos os locais e os animais soltos. A carrocinha ainda existe e é usada nestes casos, para recolher os animais violentos.”
Pedro Paulo disse que tem a intenção de construir uma proposta com o apoio de todos os envolvidos. “A integração do poder público e das empresas, públicas ou privadas, é importante. Se o trabalhador está diariamente encontrando a mesma situação, a denúncia é fundamental.” O vereador ainda informou aos presentes que protocolou projeto de lei que institui o Dia Municipal de Prevenção à Mordedura Canina” (005.00122.2015).
“A proposta será lida no plenário da Câmara na próxima segunda-feira para começar a tramitar. A data será comemorada anualmente, no dia 12 de agosto, para sensibilizar a população sobre o cuidado com os animais”, explicou. O parlamentar ainda encaminhou pela formação de um grupo de trabalho, com reuniões periódicas, para continuar debatendo o tema; e afirmou que será marcada uma agenda com o prefeito Gustavo Fruet para discussão das demandas apresentadas na audiência.
A ideia é protocolar outra proposta de lei para regulamentar a proteção dos trabalhadores contra a mordedura canina no município. “Já temos um esboço deste projeto, que será discutido com a administração municipal e com todos os envolvidos na questão. A sociedade tem suas obrigações também. O cidadão precisa ser responsabilizado. E nós, enquanto legisladores, temos a responsabilidade de informar ao cidadão sobre seus deveres”, finalizou Pedro Paulo.
Também participaram da audiência Smeici Ouriques, gerente da Divisão de Leituras Leste da Copel, Luis Mayer, técnico de segurança dos Correios, Alexander Biondo, professor da Universidade Federal do Paraná e e Denilson Sauer Belão, gerente de Faturamento Metropolitano da Sanepar.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba