CPI das Invasões ouve lideranças

por Assessoria Comunicação publicado 14/05/2007 19h20, última modificação 16/06/2021 08h50
A CPI das Invasões da Câmara de Curitiba ouviu, nesta segunda-feira (14), Erivelton Belermino, Gilberto Tangleika e Jairo Graminho, presidente da União Geral dos Bairros, citados como envolvidos nas invasões no bairro Santa Quitéria. A reunião foi coordenada pelo presidente da comissão, vereador Tico Kuzma (PPS). Líderes nas ocupações, Belermino e Tangleika disseram não saber quem foi o incentivador do movimento. Oliveira afirmou o mesmo, todos garantindo não ter recebido nenhuma orientação antes da reunião.
A principal questão abordada pelos convidados foi a dificuldade de adquirir um imóvel da Cohab. Segundo eles, a maioria dos invasores não tem dinheiro para dar a entrada (cerca de R$ 1,5 mil) e manter as prestações em dia (R$ 300), já que recebem em média R$ 400 por mês. “Dos ocupantes, 90% são moradores do bairro, cuja família cresceu e não têm espaço em casa ou condições para pagar aluguel”, disse Erivelton Belermino, que comanda um dos terrenos invadidos e afirmou que a conversa entre vizinhos foi o incentivo para invadir. “Não tivemos apoio de ninguém. A ação só ocorreu depois que Fátima Freitas, também líder, já estava ocupando a área”, completou, lembrando que não há interesse em comercializar as áreas. Porém, algumas já foram comercializadas, constatou a CPI.
Colaborador
Gilberto Tangleika reafirmou que não está vivendo nas ocupações, apenas ajudando a organizar. “Prefiro ser tratado como colaborador do bairro e não como líder de invasão. Não teve ninguém com bom senso para organizar a ocupação e, por isso, eu fui. Não preciso invadir. Tenho minha casa no bairro há 30 anos”, informou. Conforme Tangleika, “há o pessoal que invade, depois as áreas são comercializadas e, por último, se estabelecem no local apenas aqueles que realmente precisam”. E a dificuldade em tirar os ocupantes é cada vez maior, “pois as casas estão sendo ampliadas dia após dia”.
Jairo Graminho, da União Geral dos Bairros, relembrou sua participação na invasão da Ferrovila, em 1991, e afirmou não estar envolvido nos casos de Santa Quitéria, embora tenha sido procurado por alguns líderes. “Muita gente vai lá pra explorar e eu não quero ajudar pessoas assim”, destacou, acrescentando que “a luta pela moradia leva a estas conseqüências. Não há oferta de moradia”.
Liminar
O presidente da CPI, vereador Tico Kuzma, informou que a Justiça já teria concedido liminar de reintegração de posse das áreas invadidas, conforme ofício encaminhado à comissão pelas empresas proprietárias, que estariam aguardando, agora, ordem de cumprimento pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná. A liminar, segundo o documento, é de 16 de março.
Próxima
Para a próxima reunião, segunda-feira que vem (21), serão convidados representantes das construtoras Cidadela e Plano Leve e a advogada Ana Célia Pires Puruca, que defende, de acordo com os convidados desta segunda, os interesses dos invasores de Santa Quitéria. São cerca de 60 famílias, cada uma pagando R$ 100 pelo serviço.
Ana Célia, que pertence à União Geral dos Bairros, já teria atuado em outras ocupações.