Corregedoria deverá analisar vídeo de vereador com suposta manipulação
"Não podemos manipular áudios, vídeos, documentos, votações. Nós temos o decoro [parlamentar]. Somos lideranças e influenciamos pessoas, temos que ser exemplo. Não podemos ser honestos só da boca para fora", disse em plenário, nesta segunda-feira (18), o vereador Tico Kuzma (Pros). Ele informou que pediu à Mesa Diretora da Câmara Municipal de Curitiba que leve à Corregedoria o vereador Goura (PDT), por supostamente ter manipulado, em vídeo divulgado nas redes sociais, o ocorrido na sessão do dia 12 junho.Na ocasião, Kuzma, que é o 1º vice-presidente do Legislativo, e o 4º secretário, Cristiano Santos (PV), conduzem a votação dos requerimentos da 2ª parte da ordem do dia. Na pauta estavam dois pedidos de urgência, aprovados sem debate pelo plenário – auxílio alimentação a servidores públicos e a delegação à Urbs do gerenciamento do EstaR (leia mais). No dia, Goura foi um dos vereadores que reclamaram em plenário de não ter havido debate. Depois, em vídeo atribuído ao mandato dele, é comparada a leitura dos requerimentos a uma corrida de cavalos."Foram tirados segundos importantes, isso para simular que a votação foi feita apressada", acusou o vereador Tico Kuzma (Pros). Ele exibiu em plenário reportagem do jornal Tribuna do Paraná, em que é comparado o vídeo das redes sociais e a transmissão divulgada pela Câmara Municipal no YouTube, com tempos diferentes, devido à retirada de trechos enquanto a Mesa aguarda a manifestação dos parlamentares entre os procedimentos de votação.
"Solicitei ao presidente que a Mesa encaminhe ao corregedor esse vídeo, para ver se houve infração ao Código de Ética", informou o vereador, para quem "não teve sacanagem" no dia da votação das urgências. "Eu, como presidente [da sessão], prestei atenção nos vereadores. Um estava no celular, outro mexendo em folhas. O presidente não é babá dos vereadores, faz o seu papel, com o secretário, e cabe aos parlamentares prestarem atenção", acusou. "Não podemos concordar que se ataque à instituição", disse Kuzma.
Em aparte, Thiago Ferro (PSDB) pediu providências à Mesa Diretora. "Eu preciso lamentar o episódio desse vídeo e a forma como a Câmara foi denegrida pelo vereador Goura", disse o parlamentar. "Eu não esperava tal postura do Goura, que sempre se mostrou com conteúdo e equilíbrio nas discussões. Estamos aqui para dar exemplo. Não adianta pregar moralidade e agir da forma contrária", comentou Cristiano Santos.
Ao expor a situação ao plenário, Tico Kuzma chegou a comparar a situação a outras vividas pela Câmara Municipal, com os vereadores Galdino e Valdemir Soares. "Não podemos admitir que vereadores usem de artifícios para criar situações. Já tivemos no passado [parlamentar] que simulou agressão, outro que votou em nome de um colega para atacar o prefeito. Já tivemos vereadores que faziam de tudo para aparecer. Já tivemos de tudo", listou Kuzma. "Vereador tem que ter responsabilidade, tem que ter o princípio da boa-fé, não pode sair alterando [vídeo] para parecer o que não é".
Apenas a vereadora Professora Josete (PT) manifestou-se publicamente em solidariedade a Goura. "Foram feitas acusações graves, que se manipulou uma gravação. Isso não é verdade. Tem que tomar cuidado para não fazer acusações que não são reais", disse a parlamentar. "O que ele fez foi pegar um trecho da sessão, editar no sentido de colocar uma imagem de corrida de cavalo", minimizou, lembrando que em diversas ocasiões já teve que pedir a releitura de um requerimento, pela velocidade com que são lidos. "Teve situações muito mais graves nessa Casa", afirmou Josete, "têm vereadores que nunca se manifestaram sobre o que aconteceu na gestão Derosso", finalizou. Goura não comentou o assunto.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba