No dia 29 de março, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) e a capital paranaense completam 331 anos. Até se instalar no Palácio Rio Branco, em 1963, o Poder Legislativo já funcionou em diversos espaços. Por exemplo, sua primeira sede própria, no século 18, foi a “Casa de Câmara e Cadeia”, destruída num incêndio. Esta e outras histórias vêm sendo resgatadas, desde dezembro, graças a um convênio firmado entre a instituição e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 

O objetivo da pesquisa, num primeiro momento, é estabelecer a linha do tempo das sedes da Câmara Municipal. O resultado do levantamento será apresentado em março, junto às comemorações dos 331 anos da CMC e de Curitiba. O restante do trabalho de resgate histórico será apresentado em dezembro deste ano. 

O acordo de cooperação foi assinado, em outubro de 2023, pelo presidente do Legislativo, Marcelo Fachinello (Pode); o reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Rogério Mateucci; e o presidente da Associação Paranaense de Cultura (APC), mantenedora da instituição de ensino superior, Vanderlei Siqueira dos Santos. 

O convênio concede três bolsas de estágio para alunos do curso de bacharelado em História da PUCPR. Sob a coordenação da professora Daniele Saucedo, as estudantes Lorena Elaine Porto, Maria Clara Guerra Azevedo de Barros e Natália Garcia Krainski, do terceiro ano da graduação, realizam o levantamento na Seção de Arquivo e Documentação Histórica da Câmara de Curitiba. 

O vereador Dalton Borba (PDT) foi quem mediou a parceria, a partir de uma indicação à Mesa Diretora, aprovada em abril do ano passado (204.00006.2023). A ideia, resume o parlamentar, é “organizar metodologicamente a história da Câmara”, “aproximando a instituição da academia”, e apresentar à população que um material “que registre, de fato, a importância e a evolução histórica da Câmara”. “Sem dúvida nenhuma, vai ser um material muito rico, que é um verdadeiro presente para a população”, conclui. 

Bolsistas fazem levantamento Seção de Arquivo da Câmara de Curitiba

O trabalho de pesquisa segue mesmo durante o mês de janeiro. Internamente, a pesquisa é orientada pelo chefe da Seção de Arquivo e Documentação Histórica da Câmara de Curitiba, o servidor Jean Rodolfo Fermino. O departamento fica no anexo 4, localizado na rua Barão do Rio Branco, nº 583, e atende, de segunda a sexta-feira, a toda a população. Coordenada pela Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel, a execução do convênio tem, ainda, o apoio da Diretoria de Comunicação Social (DCS).

Coordenadora dos cursos de licenciatura e de bacharelado em História da PUCPR, a professora Etiane Caloy Bovkalovski explica que as três alunas bolsistas foram selecionadas a partir das melhores pontuações do índice acadêmico. De acordo com ela, “houve uma procura muito grande” para participar do projeto. 

“Esta é uma oportunidade de fazer um resgate que é muito importante para a cidade, que é muito importante para o nosso curso e que vai trazer para as estudantes uma experiência muito singular, […] porque isto abre mercado de trabalho”, acrescenta Etiane. Uma das bolsistas, a estudante Maria Clara confirma que a oportunidade ofertada pelo convênio "é rara", permitindo ao grupo realizar a pesquisa documental. "A maior parte dos estágios [na área de História] são para a licenciatura, para dar aula", observa. 

A coordenadora da PUCPR pontua que os trabalhos estão na fase de investigação. “E isto é muito interessante para o historiador, porque o historiador, na verdade, é um investigador. Quando ele vai ao encontro de uma documentação, de um acervo, de um patrimônio, ele vai para fazer uma descoberta”, compara Etiane. 

“A expectativa é a gente complementar o site da Câmara, é enriquecer mais essas pesquisas históricas, [...] tornar isto mais completo, mais democrático", afirma Natália, fazendo referência ao Nossa Memória, página que promove, desde 2009, o resgate histórico da CMC e, consequentemente, de Curitiba. Criada pela Diretoria de Comunicação, uma linha do tempo indica os eventos principais desde 1500. O levantamento de todas as sedes da instituição, no entanto, é inédito. 

"A gente primeiro se familiarizou sobre a história da Câmara e agora está buscando este caminho das sedes", relata Lorena. Ela pondera que a história possui lacunas, ao longo dos séculos, mas adianta que o grupo já descobriu locais em que o Legislativo funcionou, mas que a população ainda desconhece. Ficou curioso? A primeira etapa do levantamento será publicada em março.