Contra coronavírus, vereadores alertam à saúde e assistência social
por Fernanda Foggiato
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publicado
31/03/2020 19h25,
última modificação
26/08/2020 01h15
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba.
A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus voltou a nortear discursos dos vereadores no pequeno expediente desta terça-feira (31) – espaço, logo no início da sessão plenária, em que os oradores inscritos tratam de assuntos livres. A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) realizou, nesta manhã, a segunda sessão virtual de sua história, com a aprovação de mensagem do Executivo e de regime de urgência, dentre outras proposições.
“Queria deixar um registro a todos aqueles que têm sido solidários. E deixar um apelo àqueles que ainda não estão ajudando o próximo, para que possam colaborar”, pediu Tico Kuzma (Pros). O vereador destacou campanha do Pequeno Cotolengo do Paraná, em especial para arrecadar açúcar. “Que as pessoas pudessem ajudar.”
Toninho da Farmácia (PDT) levantou duas questões: fake news e golpes sobre o pagamento de benefício de R$ 600, em discussão no Congresso, e o atendimento, pela Fundação de Ação Social (FAS), da população em situação de vulnerabilidade social. “Continuamos trabalhando em busca do melhor por nossa cidade”, declarou. “São pessoas autônomas, que trabalham e não têm nenhuma garantia de serviço no dia seguinte. Têm pessoas que estão precisando de ajuda”, alertou.
Professora Josete (PT) parabenizou os servidores públicos, “que estão lá na ponta atendendo a população” no combate ao coronavírus, e elogiou o Sistema Único de Saúde (SUS), defendendo mais recursos para a saúde pública. Ela criticou mudança no Mãe Curitibana, em que as gestantes estariam sendo atendidas na Maternidade Mater Dei e no Hospital Evangélico Mackenzie, em vez das maternidades Bairro Novo e Victor Ferreira do Amaral, “que são referência”. “Outra preocupação é em relação aos profissionais do magistério que fazem o RIT [regime integral de trabalho]. Há rumores que o salário do RIT será suspenso nesse período de pandemia”, acrescentou.
Professor Silberto (MDB) reforçou a preocupação com o atendimento às gestantes do programa Mãe Curitibana e disse que também está sendo procurado por servidores do magistério, pelos rumores da suspensão do RIT. Ainda sobre a crise provocada pela pandemia do coronavírus, o vereador lembrou ter sido um dos primeiros a sugerir a suspensão das aulas na rede municipal, na sessão de 17 de março. Ele aponta que as crianças podem ser assintomáticas e transmitir a covid-19 a idosos e demais grupos de risco.
De Maria Manfron (PP), a fala foi direcionada aos grupos de convivência da terceira idade: “Vamos fazer com que fiquem em casa mesmo. É o grupo de maior risco. É um caso atípico, que nunca vivemos em nosso país”. Se o idoso “realmente” precisar deixar o isolamento social, para ir ao mercado ou à farmácia, por exemplo, a vereadora pediu que não vá a locais com aglomeração, e sim a pequenos estabelecimentos. “Ajuda a fomentar o comércio local. Alguns até entregam em casa”, sugeriu.
Para Noemia Rocha (MDB), o momento é de isolamento em família, “até para fazer uma reciclagem, uma autoavaliação”. Ela alertou a denúncias feitas por funcionários de empresas de telemarketing, sobre o risco de contágio nessas empresas. Segundo Herivelto Oliveira (Cidadania), a situação vem sendo acompanhada, desde a semana passada, pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e pela Secretaria Estadual da Justiça, Família e Trabalho.
Convite à secretária
Líder do prefeito na CMC, Pier Petruzziello (PTB) reforçou o convite à secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, para participar de sessão virtual com os vereadores, na próxima segunda-feira (6). A ideia é debater medidas adotadas pela Prefeitura de Curitiba no enfrentamento à crise do novo coronavírus.
Segundo o presidente da Casa, Sabino Picolo (DEM), a princípio não haveria plenário na próxima segunda, devido à restrição de atividades adotadas para a prevenção da covid-19. A convocação de sessão, disse ele, será discutida com o presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte, Dr. Wolmir Aguiar (PSC), e comunicada aos demais vereadores.
“A secretária estará disposta. Acredito que devemos ter sessão para ouvi-la”, defendeu Petruzziello. Para Noemia Rocha, líder da oposição, não se deve “desperdiçar” o convite a Márcia Huçulak. Serginho do Posto (PSDB) reforçou sugestão, feita nessa segunda-feira (30), para se discutir o combate à pandemia “do ponto de vista orçamentário”, junto à Secretaria Municipal de Finanças. Todo o esforço orçamentário, argumentou, deve ser direcionado à saúde.
“Que o mesmo convite seja feito à FAS”, propôs Herivelto Oliveira. De acordo com Sabino Picolo, as sugestões para ouvir a Secretaria de Finanças e as FAS serão levadas aos presidentes das comissões de Economia, Finanças e Fiscalização, Paulo Rink (PL), e de Direitos Humanos, Defesa da Cidadania e Segurança Pública, Oscalino do Povo (Pode).
Registros diversos
Osias Moraes (Republicanos) registrou queda, nos últimos dias, no número de confirmações de covid-19 no Brasil. Na sexta-feira (27), o Ministério da Saúde anunciou 502 novos casos; no sábado (28), 487; no domingo (29), 353; e nessa segunda-feira (30), 323 infectados. Para o vereador, isso mostra que as medidas adotadas no país “estão dando certo”.
Também em registro ao plenário, Pier Petruzziello lembrou da comemoração da Semana Municipal da Conscientização Sobre o Transtorno do Espectro Autista, a partir de 2 de abril. Ele destacou que desde a criação da data, pela lei municipal 14.809/2016, de sua iniciativa, esta é a primeira vez que não serão realizados eventos públicos. A medida se deve à prevenção do novo coronavírus.
Marcos Vieira (PDT) observou que, após as orientações de isolamento social, “a gente via praticamente um deserto” na cidade, na semana passada. “Esta semana me preocupa muito. Ontem a gente via grande movimentação de pessoas. Isso é um risco”, lamentou. “Se a gente precisa combater o vírus, é ficando em casa.”
Jairo Marcelino (PSD), por sua vez, destacou o protocolo de projeto de lei para instituir, em 20 de março, o Dia do Trabalhador da Saúde de Curitiba (005.00052.2020). A ideia é homenagear os profissionais que se arriscam para atuar no enfrentamento da covid-19.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba