CONSEGs debatem segurança pública na Câmara Municipal

por Assessoria Comunicação publicado 09/05/2013 11h30, última modificação 15/09/2021 11h12

A fim de elaborar uma pauta conjunta de reivindicações e sugestões sobre a segurança pública em Curitiba, foi realizado um seminário na noite desta quarta-feira (8), no plenário da Câmara Municipal. A convite do vereador Jorge Bernadi (PDT), estiveram presentes 21 conselhos comunitários de segurança (CONSEGs), vereadores e profissionais ligados à segurança de empresas e instituições de Curitiba.

O presidente do Legislativo, Paulo Salamuni (PV), abriu os trabalhos e destacou que o poder público não resistiria se não fosse o trabalho de voluntários, como fazem os conselheiros. Para Salamuni, a população não tolera mais que os espaços públicos sejam ocupados pela marginalidade. “Queremos recuperar os espaços públicos para aquela que é sua dona legítima, a população”, destacou.

Salamuni anunciou que em breve uma intervenção será realizada para diminuir a criminalidade nas regiões dos viadutos do Capanema e Colorado. Também citou a cessão de espaço na Câmara para abrigar um módulo da Guarda Municipal, a fim de monitorar a Praça Eufrásio Correia. “Como cobrar pela segurança na cidade se aqui mesmo em frente está nessa situação?”, referindo-se ao tráfico de drogas que acontece na praça em frente ao Legislativo.

Para o vereador Jorge Bernardi, a presença dos conselhos de segurança indica que todos estão empenhados em oferecer parte de sua vida pela coletividade. “Há 10 anos, Curitiba nem aparecia na lista das cidades mais violentas, mas hoje é a sétima capital mais violenta do país. Desejo que a partir daqui possamos oferecer o melhor para a  cidade”, declarou.

O parlamentar comentou o grande número moradores de rua presentes na capital, que hoje gira em torno de 2.900 pessoas, sugerindo que a Fundação de Ação Social (FAS) realize um censo para descobrir quem são estes moradores. “Essas pessoas precisam do nosso apoio e solidariedade. Estamos juntos nessa causa e estarmos aqui já é uma esperança”. Como vice-reitor do Grupo Uninter, Bernardi diz que a instituição estuda criar uma atividade de extensão que venha capacitar os conselheiros de segurança para que estes desempenhem melhor suas atividades.

O vereador Chico do Uberaba (PMN), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Defesa da Cidadania e Segurança Pública da Câmara, colocou o colegiado à disposição dos conselheiros para que realizem um trabalho conjunto. “Juntos faremos a diferença”, frisou.

A conselheira de segurança do bairro Mercês, advogada e ex-deputada federal, Clair da Flora Martins, ressaltou o fato da violência ter aumentado muito na cidade, incluindo assaltos às pessoas, residências e comércios. Para ela, deve haver união entre a população e o poder público, buscando uma pauta de reivindicações e unidade pela efetivação das ações. “Os bandidos entram em nossas casas, colocando em risco não só nosso patrimônio, mas também nossas próprias vidas. Se ficarmos calados, a violência vai continuar e só irá aumentar”, desabafou.

Clair sugeriu que seja realizada uma audiência pública com o Secretário da Segurança Pública, Cid Vasques. “Não para ficarmos duas horas ouvindo o que eles têm feito, mas para trocar e discutir propostas. Queremos que o Estado cumpra sua parte e que o Ministério Público também participe e assegure nossos direitos”, propôs. Para a advogada, seria interessante instalar câmeras de segurança e realizar o monitoramento de toda a cidade.

O coordenador de assuntos comunitários da regional Matriz, Amabilon Dalcomuni, declarou que ouve diariamente “o clamor da população”, mas que “nossas reivindicações são levadas, às vezes, para pessoas que não possuem poder de mando, e as coisas acabam se perdendo no tempo, sem haver solução”, disse. Para ele, uma boa atitude que deve ser ampliada a toda população é a iniciativa do “Vizinho solidário”, ou “Vizinho de olho”, como já ocorre em alguns bairros da cidade. A partir dessa iniciativa, moradores comprometem-se a cuidar da casa dos vizinhos, pedindo ajuda quando percebem que alguma coisa fora do comum está acontecendo na residência dos moradores próximos.

O diretor da Guarda Municipal de Curitiba, Claudio Frederico de Carvalho, disse que os conselhos de segurança precisam trazer suas demandas, pois a responsabilidade é de todos. Ele citou como exemplo o “disque pichação”, o 153, que recebe denúncias desse tipo de delito. Segundo ele, triplicou o número de flagrantes neste ano após campanha realizada pela prefeitura e pela Associação Comercial do Paraná. Frederico falou ainda sobre o projeto piloto realizado na Praça 29 de Março, no Mercês, com o módulo móvel itinerante, no qual o veículo da guarda municipal fica em pontos distintos da praça durante o dia. “O objetivo é devolver a praça para a população. Hoje já vemos as pessoas voltarem a frequentar o local”, destacou.

O investigador e chefe da Assessoria de Ralações com a Comunidade da Guarda Civil, Valdir de Córdova Bicudo, comentou sobre as dificuldades enfrentadas pelas polícias no Paraná, citando que faltam policiais civis no Estado, já que o número ideal seria em torno de 8.500, “mas hoje conta apenas com 3.500”. “A polícia vinha sofrendo com a falta de viaturas, delegacias abarrotadas e falta de munição”, declarou. Ele frisou a importância da população ajudar a polícia, colocando o e-mail do seu departamento à disposição (cerimonial@pcpr.gov.br). Segundo Bicudo, foi através deste e-mail que vieram as denúncias recentes que levaram à prisão de dois pedófilos na região de Curitiba e do religioso acusado de abusar de crianças em um orfanato na região metropolitana.

Dentre outras propostas feitas pelos conselheiros de segurança, citam-se o aumento do efetivo, da autonomia para abordagem, campanhas de conscientização da população pela sua participação e denúncias, leis específicas sobre parques e praças, programas que visem a prevenção do uso de drogas, a fim de verificar as causas e evitar os efeitos da violência nas cidades, verbas orçamentárias para estruturar os conselhos, além de tornar gratuita as ligações para o 156, canal de atendimento da população pela Prefeitura. Outras reuniões devem ser marcadas para continuar os debates.