Condições de trabalho dos frentistas preocupa vereador

por Assessoria Comunicação publicado 07/05/2010 19h50, última modificação 29/06/2021 10h13
Em atenção à categoria dos frentistas e demais trabalhadores em postos de combustíveis, o vereador Jair Cézar (PSDB) quer formular projeto de lei para dar melhores condições de trabalho aos profissionais do setor. Desde março, o vereador aguarda resposta aos seus pedidos de esclarecimento sobre medidas de segurança na profissão. O pedido foi feito à Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego. No ofício encaminhado por Jair Cézar, há uma série de preocupações com os trabalhadores que abastecem os veículos, principalmente em relação à frequente exposição aos gases que saem dos tanques.
O documento pede várias informações à secretaria, como sobre o uso adequado de uniformes, normas de segurança e a jornada de trabalho em contato com tais produtos. “É preciso saber os verdadeiros riscos aos quais esses trabalhadores são submetidos para podermos propor melhorias”, explica o vereador.
Jair Cézar aguarda a resposta da secretaria para avaliar o que é possível fazer em prol dos frentistas curitibanos. “É preciso prevenir antes que um acidente aconteça”, salienta.
De acordo com João Silveira, químico ambiental do laboratório do Sindicombustíveis, o benzeno é composto químico presente na gasolina que precisa ser observado com mais rigor, devido à potencialidade do impacto ambiental que pode oferecer. “Ele apresenta maior facilidade de evaporação em relação aos outros compostos ,como o tolueno e os xilenos”, argumenta Silveira.
O químico explica também que o benzeno apresenta facilidade de se misturar à água. Caso entre em contato com os lençóis d’água presentes no subsolo, por exemplo, pode causar contaminação. Isso se agrava com o fato de existirem vazamentos nos tanques de combustível dos postos.
João Silveira aponta que a existência de rachaduras no piso das áreas onde é realizado o reabastecimento de veículos indica perigo. “Por essas rachaduras, um eventual derramamento de combustível pode vir a escoar para o subsolo e contaminar a água do poço de monitoramento”, analisa.
Lei ambiental
Segundo normas estipuladas pelo Instituo Ambiental do Paraná (IAP), os tanques de armazenamento devem ser trocados a cada 15 anos. “Depois desse período, grande parte dos tanques passa a apresentar problemas. Medidas técnicas devem ser adotadas para evitar que não ocorra uma contaminação que exceda os limites máximos permitidos por lei”, comenta João Silveira.
O químico ambiental acredita que esses problemas nos postos de combustíveis devem ser tratados com a mesma dimensão dada a vazamentos acidentais de petróleo. Ele afirma que “o potencial poluidor dos compostos que integram a gasolina merecem maior destaque, sobretudo na mídia, pois os postos ficam justamente no perímetro urbano e muitos deles não conhecem ou não respeitam a legislação ambiental”.

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João Silveira elenca os riscos à saúde de alguns desses compostos químicos presentes na gasolina. Sobre o benzeno, afirma que, “na gasolina, sua concentração varia entre 1% e 2%. Aproximadamente 50% do benzeno que entra em contato com a via respiratória do indivíduo são absorvidos.” No caso de exposição aguda (intensa), Silveira cita sintomas como depressão do sistema nervoso central, levando à fadiga, dor de cabeça, tontura e morte em conseqüência de parada respiratória. “Já a exposição crônica (durante muito tempo)”, alerta o químico ambiental, “pode levar a um quadro de anemia e de baixa das células defesa do organismo (leucócitos/ glóbulos brancos de sangue).”
Outra substância encontrada na gasolina é o tolueno. “Está presente na gasolina em porções que variam de 0,1% a 1%. Do total inalado, entre 40% e 60% são  retidos nos pulmões”, explica Silveira. “Na exposição aguda, causa os mesmos sintomas da exposição ao benzeno, enquanto na exposição crônica vem a desencadear uma série de problemas como a perda de audição, cegueira e anemia”, prossegue, acrescentando que depois de 18 horas sem contato com esse composto, ele acaba sendo eliminado do organismo.
O químico ainda ressalta os riscos dos xilenos, cuja presença na gasolina situa-se na faixa de 0,5% a 2%, e que, quando inalados, 64% ficam retidos nos pulmões. “Em exposição aguda, pode-se apresentar tontura, tremores, irritação nos olhos, embriaguez e vaso dilatação, que leva à sensação de calor e vermelhidão no rosto. Também pode levar à morte, devido à parada respiratória. Na exposição crônica sobre a pele leva a ressecamento, causando fissuras e rachaduras”, avisa João Silveira, falando do surgimento, nessas situações, de casos de bronquite crônica, infertilidade, anormalidades fetais, baixa de imunidade e cirrose hepática.