Comissão ouve 3 testemunhas de processo contra Galdino
A Comissão Processante deu início, nesta quinta-feira (3), às oitivas de testemunhas do processo contra o Professor Galdino (PSDB), acusado de agressão por Carla Pimentel (PSC). Foram ouvidos Rogério Campos (PSC), Bruno Pessuti (PSD) e Helio Wirbiski (PPS), que estavam na Sala dos Vereadores, anexa ao Palácio Rio Branco, durante o episódio que gerou a acusação, na sessão do dia 14 de setembro. Segundo os três depoentes, Galdino pulou sobre a mesa e tocou, inicialmente, os seios da parlamentar. Também teriam testemunhado o fato os vereadores Jonny Stica (PDT) e Beto Moraes (PSDB), que deverão testemunhar na próxima semana.
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Campos disse que estava sentado na ponta da mesa da Sala de Vereadores. “O assunto naquele momento eram santinhos de campanha e os que ele [Galdino] mostrou eram de tamanho menor. Ele falou que ela [Carla] podia ficar e não posso afirmar se ela guardou no bolso ou se colocou embaixo do celular, em cima da mesa. Repentinamente o Professor Galdino levanta e se joga [sobre a mesa]”, afirmou. De acordo com o vereador, ele levou aos mãos “na altura do pescoço, dos peitos dela”. “Começa a apalpar. Foi descendo até o quadril. Não é "eu acho que eu vi". Eu vi nitidamente como foi. Ele deitado em cima da mesa, com as pernas para o alto, e o vereador Bruno Pessuti tentando tirar.”
Ainda segundo Campos, Galdino saiu da Sala dos Vereadores e depois retornou. “Aí ele falou que se vocês são de Deus vão ter que falar a verdade, daí a coisa esquentou mesmo”, continuou. Questionado pelo relator, Mestre Pop (PSC), ele disse que Pessuti tentou conter o denunciado segurando seu braço esquerdo. “Me parece um pouco fisicamente impossível. Ele ficou literalmente pendurado então. A vereadora Carla é bastante alta”, considerou a advogada do acusado, Miriam Bispo Cardoso Carvalho, que o representou.
Às três testemunhas, Miriam perguntou se Carla permaneceu sentada, se o episódio relatado foi rápido e se o suposto toque não poderia ter sido para Galdino se apoiar. “Ele não ficou alisando. Se ele queria um santinho, não começaria na altura dos seios dela”, respondeu Campos. As advogadas Edna Vasconcelos Zilli e Milena Zwicker representaram a vereadora Carla Pimentel. Elas acompanharam os depoimentos das testemunhas, mas não fizeram perguntas.
Segunda testemunha
A Comissão Processante ouviu, em seguida, o vereador Bruno Pessuti, que estava sentado ao lado de Carla Pimentel e teria tirado Galdino de cima dela. Ele disse que a vereadora guardou o santinho dado pelo parlamentar. “Depois de 2 ou 3 segundos ele pediu de volta e ela disse que não iria devolver.” Segundo a testemunha, o denunciado teria então se jogado sobre a mesa. “Mais da metade do corpo dele estava para fora. Eu puxei ele. Ele ficou ameaçando, dizendo que ela não era de Deus, que ninguém ia acreditar. Ela ficou em choque. Depois ele voltou, fazendo mais ameaças. Foi quando o vereador Jonny o empurrou com o peito. Depois de algum tempo a gente saiu da sala”, acrescentou.
Em resposta a questionamento do relator, Mestre Pop, Pessuti reafirmou que Galdino “ficou com as duas mãos nos peitos” de Carla e declarou que em sua avaliação “o simples fato dele pular por cima de uma mesa significa que ele tentou agredir”. “Quando ele se jogou, onde atingiu?”, inquiriu Felipe Braga Côrtes (PSD), que também faz parte da Comissão Processante. “Os peitos”, respondeu.
“Em algum momento a vereadora Carla chegou a levantar?”, perguntou Miriam. “Não tinha como, ela ficou aprisionada embaixo dele”, disse Pessuti. Sobre a possibilidade de o vereador tê-la tocado para se segurar, a testemunha respondeu que “poderia ter se apoiado na mesa”. Ele completou que “foi tudo muito rápido”.
Terceira testemunha
“Eu vi de outro ângulo. Entrei [na Sala dos Vereadores] para pegar um café, atendendo o celular. Me distraí um pouco no celular. Quando virei vi uma cena estranha, o Professor Galdino por cima da mesa. Ele pulou de lá pra cá [onde estava sentado, falando à Comissão Processante], veio sobre a mesa, colocou as mãos nos seios dela, se desequilibrou e ela foi socorrida, se não engano, pelo vereador Bruno. Eu de lá [do canto da sala] não entendi por que aconteceu”, relatou Helio Wirbiski (PPS), a terceira e última testemunha ouvida nesta quinta.
Wirbiski continuou: “Achei uma cena maluca. Me pareceu de longe uma ação destemperada, uma coisa que tivesse a intenção de abuso sexual. Fiquei estarrecido com o que vi. Ela [Carla] estava assustada. O vereador Beto não entendeu muita coisa, eu também. Relatei o fato ao líder [Paulo Salamuni] e daí por diante vocês sabem o que aconteceu”. A Pop, a testemunha reafirmou: “Me pareceu um assédio sexual”. À advogada da defesa, Wirbiski, alegou que Galdino, para se apoiar, poderia ter tocado o ombro de Carla Pimentel, por exemplo, mas que não poderia “alegar firmemente que a intenção era sexual”. “Foi muito rápido. Uma coisa de 40 segundos, 30 segundos.”
Mais oitivas
O vereador Jonny Stica será ouvido nesta segunda-feira (7), às 14h. Em seguida começarão as oitivas das testemunhas arroladas pela defesa, que terão continuidade na sexta-feira da próxima semana (11). Apesar de indicado pelo relator, Beto Moraes foi chamado por Galdino e deverá ser ouvido nesse dia, pela manhã. Já o vereador acusado de agressão será chamado para depor à Comissão Processante em 11 de novembro, às 14h.
Sobre o questionamento da acusação a algumas pessoas indicadas pela defesa, o presidente da Comissão Processante, vereador Tico Kuzma (Pros) informou que todos serão intimados e, após os depoimentos, serão enquadrados como testemunhas ou informantes.
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