Comissão do Metrô vai cobrar retomada da licitação em 2016
“A prefeitura precisa nos dar uma resposta sobre que atitude irá tomar com relação ao edital do metrô. Se ele será lançado ou não. E se não for, qual será o projeto de mobilidade que irá substituí-lo.” A afirmação é de Tico Kuzma (Pros), presidente da Comissão Especial do Metrô da Câmara Municipal – instalada em junho de 2015 para acompanhar e fiscalizar os três estágios da obra: a legislação, a administração dos recursos e a licitação (saiba mais).
O colegiado foi proposto em 2014 por meio de um requerimento do parlamentar, só aprovado em abril do ano passado (veja aqui). Orçado em R$ 5,5 bilhões (valor atualizado), o projeto prevê 19 estações distribuídas em 22 km. O processo licitatório, entretanto, foi suspenso pelo TCE-PR em agosto de 2014 e sua retomada condicionada à reformulação de partes do edital, depois que os conselheiros do órgão questionaram o laudo ambiental, a ausência de pesquisa origem-destino e maior detalhamento do objeto do contrato.
No dia 10 de agosto, o secretário municipal de Planejamento e Administração, Fábio Scatolin, explicou que os três pontos levantados pelo TCE já haviam sido respondidos pelo Executivo e que a conclusão do edital dependia apenas de “definições relacionadas a questões macroeconômicas”, como os marcos do aporte de recursos públicos (saiba mais). Ele chegou a confirmar à comissão que a licitação seria lançada até o fim do 2° semestre de 2015, o que não aconteceu.
“Acreditávamos que o edital seria relançado em dezembro e infelizmente não foi. Infelizmente, porque o metrô, na atual situação, seria importante devido aos impasses da tarifa do ônibus – já que com um novo projeto de mobilidade em execução, a discussão com as empresas de ônibus poderia ser diferente; e também em função da crise econômica, já que um investimento de mais de R$ 5 bilhões geraria oportunidades de negócios e a criação de empregos diretos e indiretos”, disse o presidente.
Como a conta será dividida?
Em reunião conjunta das comissões do Metrô e de Meio Ambiente no dia 16 de novembro, o Executivo apresentou o valor atualizado da obra: R$ 5,5 bilhões. Até meados de 2015, o valor oficial divulgado era R$ 4,7 bilhões, que seria dividido entre o poder público – governo federal R$ 1,8 bilhão, prefeitura R$ 700 milhões e governo estadual R$ 700 milhões – e iniciativa privada, R$ 1,5 bilhão.
Em agosto, Fábio Scatolin garantiu “a liberação dos recursos federais para a obra, autorizados desde 2014”. Mas segundo o secretário municipal, um ponto importante a ser definido era quem assumiria a correção inflacionária sobre o valor da obra, já que será executada em parceria público-privada (PPP). No dia 26 do mesmo mês, o secretário estadual de Planejamento, Silvio Barrros, confirmou o aporte financeiro do Governo do Paraná (veja aqui). Entretanto, a data de liberação do recurso estadual só poderia ser definida “a partir da realização da nova licitação”.
Conforme o vereador, já na volta do recesso parlamentar (que termina dia 31 de janeiro), a Comissão do Metrô vai se reunir novamente com Fábio Scatolin para buscar uma definição sobre a situação. “Vamos propor uma agenda já na primeira semana de fevereiro, antes do Carnaval. Podemos até ir até à secretaria [de Planejamento] para termos este posicionamento. Precisamos de uma definição, até mesmo em função de estarmos em ano eleitoral. Queremos que a situação do metrô esteja definida antes das eleições, que esteja licitado e iniciada a sua construção.”
Impacto ambiental
Nesta mesma reunião (mais informações), foi apresentado o estudo de impacto ambiental (EIA) da obra, que foi revisado depois que o projeto passou por adequações, prevendo o método de construção “shield”, com uso de máquina tuneladora. Foi necessária a contratação de um novo laudo – elaborado entre 2014 e 2015 pela Ecossistema Consultoria Ambiental (mesma empresa responsável pelo estudo anterior).
O primeiro EIA foi elaborado em 2010 e divulgado pela Prefeitura de Curitiba em março de 2011, mesmo período em que foi liberada a licença ambiental prévia da obra. O novo estudo apresenta uma sexta alternativa ao traçado do metrô, com 22 km de extensão, sendo 2 km em trecho elevado (do pátio de manobras até a avenida Winston Churchill e 20 km em túnel pelo método shield. O estudo de 2010 previa 5 propostas de trajeto, com modelos de escavação diferentes (“cut and cover” e NATM).
Legislação
A minuta do projeto de lei que irá regulamentar o futuro sistema metroviário da cidade foi aprovada pelo colegiado em 14 de setembro (saiba mais). Segundo Kuzma, a regulamentação é necessária porque o decreto municipal hoje existente (531/2014), “pode ser revogado a qualquer momento”. O texto será protocolado na primeira quinzena de fevereiro.
As reuniões da Comissão do Metrô são quinzenais, às segundas-feiras a partir das 14h30, na sala 1 das comissões (localizada no subsolo do Palácio Rio Branco). Além de Tico Kuzma, fazem parte: Serginho do Posto (PSDB), vice-presidente; Bruno Pessuti (PSC), relator; Carla Pimentel (PSC), Chico do Uberaba (PMN), Dona Lourdes (PSB), Helio Wirbiski (PPS), Jonny Stica (PT) e Valdemir Soares (PRB). Esta formação deve ser mantida até o final da legislatura, já que o colegiado tem a duração de dois anos.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba