Comissão do Lixo visita municípios vizinhos

por Assessoria Comunicação publicado 09/10/2009 16h00, última modificação 28/06/2021 06h42
A exemplo de Curitiba, Fazenda Rio Grande e Mandirituba também  poderão disponibilizar áreas para receber a nova planta de processamento do lixo. Nesta quinta-feira (8), os municípios receberam a visita dos vereadores da Comissão Especial do Lixo da Câmara de Curitiba, sob o comando do vereador Roberto Hinça (PDT). Juliano Borghetti (PP), relator da CE, João do Suco (PSDB), Tico Kuzma (PSB), Noemia Rocha (PMDB) e Pedro Paulo (PT), juntamente com Hinça, foram recebidos nas prefeituras e câmaras municipais das duas cidades, para trocar ideias e debater as dificuldades que o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos está enfrentando para implantar a usina de processamento, em busca de uma solução mais rápida, visando o bem-estar e a saúde da população.
O novo modelo proposto pelo consórcio, o Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos (Sipar), não é mais aterro nem lixão, mas uma alternativa que países desenvolvidos e outros Estados do Brasil já utilizam, que é uma usina de processamento capaz de reaproveitar praticamente todo o lixo depositado. A Caximba, em Curitiba, já recebe o lixo há 20 anos e está com a capacidade praticamente esgotada.
Como integrantes do consórcio, os chefes dos Executivos buscam uma solução rápida, antes que tenham que recorrer às empresas privadas. Na Fazenda Rio Grande, o prefeito, Chico Santos, acompanhado por vereadores e secretários, recebeu a comissão curitibana. Chico Santos se comprometeu a fazer o melhor, com cautela e baseado em estudos, demonstrando preocupação em viabilizar com urgência uma área para destinação do lixo para os próximos anos. Os vereadores também foram recebidos na Câmara Municipal pela vice-presidente da Casa,  Lirani Franco (PT), que apresentou o quadro político dos debates em relação ao processo. Segundo ela, o entendimento é contrário à instalação da usina.
Mandirituba
Em Mandirituba, a CE foi recebida pelo prefeito Antonio Maciel Machado, conhecido como Machadinho, que relatou sobre a lei municipal aprovada no  ano passado, que proíbe o depósito de resíduos sólidos no município, inviabilizando que a usina de processamento se instale no local. O prefeito afirmou que, no início de seu mandato, realizou com a equipe amplos estudos sobre a nova planta proposta, aprovando a ideia. De acordo com Machadinho, caso Mandirituba seja escolhida para a instalação do Sipar, a receita anual poderá aumentar em 32%, o que traria benefícios a toda população. O prefeito informou que a revogação da lei que proíbe resíduos sólidos já está na pauta de votações da Câmara, o que deve ocorrer nos próximos dias, por entender ser positivo também ambientalmente. “Lixo é dinheiro e pode ser transformado em melhores condições de vida, trabalho e renda para a população”, disse.
Os vereadores curitibanos estiveram, em seguida,  na Câmara de Mandirituba, para um amplo debate com vereadores e lideranças comunitárias e políticas, que durou quase duas horas.  Ainda será necessário fazer um trabalho de conscientização da população, já que, segundo os vereadores do município, mais de 80% dos moradores não querem o processamento do lixo no local. A preocupação dos municípios está no recebimento de lixo tóxico e hospitalar, além de que 67% dos resíduos são provenientes de Curitiba. O presidente da CE, Roberto Hinça, colocou a Câmara de Curitiba e a Comissão do Lixo à disposição dos dois municípios para debates com relação ao novo modelo de processamento do consórcio.
Denúncias
Ainda nesta quinta-feira, no início da tarde, a comissão recebeu Leonardo Morelli, secretário-geral da organização não-governamental (ONG) Defensoria Social, entidade ligada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que denunciou irregularidades no processo do lixo. Morelli afirmou, por meio de dossiê entregue à comissão recentemente, a existência de irregularidades na liberação de licenças ambientais de empresas para os municípios de Balsa Nova, Itaperuçu, Ponta Grossa e Fazenda Rio Grande.
Segundo Morelli, o IAP, sob a presidência de Vitor Hugo Burko, liberou licenças para áreas receberem o lixo e serem gerenciadas por empresas privadas, sendo que não estão aptas, por comprometerem o ambiente e, consequentemente, a saúde da população. Entre as empresas denunciadas, a ALL (América Latina Logística) seria uma das envolvidas, além de possíveis candidatos a cargos legislativos estaduais, em busca de financiamento de campanhas.
O secretário-geral da ONG comentou, ainda, que a liberação de licenças ambientais irregulares a empresas que estão visando lucro está associada a uma questão mais ampla, que é o tráfico internacional do lixo, e Curitiba, com a Caximba, poderia ficar vulnerável a isso.
Morelli sugeriu a criação do Conselho Municipal de Saneamento Ambiental, assim como a criação de um Código Ambiental do município.
Na próxima reunião, que deve acontecer na semana que vem, as informações recebidas devem ser discutidas entre os membros da CE.