Comissão de Saúde da Câmara visita a UPA CIC
Próximo passo é buscar uma reunião com a Secretaria da Saúde para falar das unidades básicas. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Na tarde desta segunda-feira (27), a Comissão de Saúde e Bem-Estar Social da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) CIC. Depois de relatos de que pacientes estariam aguardando até seis horas para serem atendidos, os vereadores se reuniram com gestores da Fundação Estatal de Atenção à Saúde (FEAS), com o objetivo de mediar o problema.
O principal encaminhamento da reunião será buscar uma nova agenda, entre o colegiado e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), para discutir os fluxos de atendimento da atenção primária à saúde, desafogando as UPAs. A sugestão partiu do vereador Oscalino do Povo (PP).
Moradora do CIC há 27 anos, Andreia Barbosa reclamou que o agendamento de consultas pelo aplicativo Saúde Já não está funcionando. Conforme ela, as unidades básicas de saúde têm um número limitado de consultas diárias, que são preenchidas rapidamente e depois disso orientam a população a buscar uma UPA, mesmo o caso não sendo urgente.
Zezinho Sabará (União), que na semana passada levantou o debate sobre o tempo de espera, disse esperar algo concreto, “senão daqui a 10 ou 15 dias, se nada aconteceu, a população vai se revoltando”. “A pessoa se sentiu mal, ela não sabe avaliar [se é urgente ou não]”, argumentou.
“O que a gente precisa passar para a população é que existe a classificação de risco. E quem poderia ser atendido na unidade básica vai ser atendido depois”, explicou a médica Marina Abreu, da assessoria da FEAS. “Não é aumentando o número de UPAs ou de médicos nas UPAs que a gente vai resolver o problema dos pacientes.”
De acordo com ela, a demanda cresceu de uma forma inesperada. “O número de pessoas que nós atendemos hoje nunca aconteceu”, contou. Marina disse que a média tem sido de 500 a 550 atendimentos diários, sendo que 60% dos casos não seriam de urgência e poderiam ser resolvidos num consultório médico. “Os pacientes verdes e os azuis [cores das pulseiras distribuídas na triagem] não deveriam estar nas UPAs”, comentou.
Para o gerente médico do Núcleo de Urgência e Emergência da FEAS, Alberto Filipak Junior, se cada uma das 17 UBSs do CIC pudesse realizar mais 10 consultas diárias, isso desafogaria a UPA, reduzindo o tempo de espera. Ele também chamou a atenção para a importância da prevenção: “Nós não estamos cuidando para que as pessoas não evoluam para doenças graves”.
As crianças, completou Andreia, são as que mais sofrem pela espera demorada, já que é proibido entrar com comida na UPA e também não é possível sair para comer, ou a pessoa perde a vez. Ela contou que a neta estava lá por quatro horas e meia, desde as 11 horas, sem ter almoçado. Nesse sentido, na avaliação de Zezinho, os usuários das UPAs deveriam receber alimentação, caso a espera seja longa.
“Está faltando uma sincronia”, avaliou o presidente da comissão, Alexandre Leprevost (Solidariedade). “Realmente, não é humano, então a gente tem que buscar saídas. [...] E o nosso papel é esse, então a gente tem que acompanhar”, completou.
“No meio de tudo isso, é importante que não falte conhecimento da população. É necessário a gente instruir a população”, pediu Brenda Castellanos, coordenadora médica da FEAS. “A pessoa que vem renovar uma receita não pode passar na frente do paciente com dor”, citou.
Pediatras
Outro tema debatido na reunião foi a oferta de médico pediatra na UPA CIC. Conforme Marina, o equipamento público tem o especialista, mas não em período integral. “A pediatria está num momento que vai aumentar a demanda, inclusive no particular”, indicou. “O especialista está escasso”, justificou.
“Não é falta de tentar contratar”, continuou. No entanto, ela argumentou que o médico emergencista é mais preparado para atender uma emergência ou urgência infantil do que “o pediatra de consultório”.
Os vereadores João da 5 Irmãos (União) e Pastor Marciano Alves (Solidariedade) também acompanharam a reunião. Da FEAS, participaram ainda Chayane Carvalho, coordenadora de enfermagem, e Guilherme de Mello, coordenador administrativo. Mirelly Rodrigues, que também é moradora da região, foi outra cidadã a acompanhar a agenda.
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