Comissão de Meio Ambiente conhece sistema de geração de energia em aterro

por Assessoria Comunicação publicado 21/05/2018 19h00, última modificação 27/10/2021 07h56

Após sete anos desde a última visita ao aterro da Estre Ambiental – que em 2011 havia recém se instalado em Fazenda Rio Grande e hoje recebe a maior parte do lixo domiciliar da capital – os vereadores de Curitiba retornaram nesta segunda-feira (21) ao local. A Comissão de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Metropolitanos quis saber como está o trabalho da empresa para embasar as discussões no Legislativo sobre a licitação que ocorrerá no próximo semestre e definirá uma nova forma de gerenciar o lixo da Grande Curitiba – no dia 4 deste mês os parlamentares também foram à Essencis, outro aterro que atende a capital.

“Pra mim, a Estre foi uma surpresa positiva. Eu vim aqui em 2011, a Estre estava começando. O que me surpreendeu hoje foi o reaproveitamento do gás metano, que geraria energia para uma cidade de quase trinta mil habitantes praticamente. É óbvio que precisa melhorar a questão da coleta e separação do lixo, a gente sabe que tem muito lixo reciclável que acaba vindo aqui para o aterro e é necessário que se avance num novo sistema que efetivamente recicle e para isso precisa ter área de transbordo, uma nova concepção, que pelo que a gente soube, no próximo semestre vai ter um edital pra isso”, destacou o vereador Felipe Braga Côrtes (PSD), que integra o colegiado de Meio Ambiente e que, em 2011 fazia parte da Comissão Especial do Lixo. Mauro Bobato (Pode), outro integrante da comissão, também elogiou o processo de geração de energia.

Segundo o gerente regional operacional de aterros da Estre, Vinícius Paes, parte do gás metano oriundo da decomposição do lixo é captado por uma tubulação e levado a uma usina que foi construída dentro do aterro. Ali é realizada a queima do metano, gerando uma energia que é transferida por uma rede de três quilômetros de cabos de energia (instalados pela empresa) até uma subestação da Copel em Fazenda Rio Grande. “É vendida por nós no Mercado Livre de Energia para indústrias que usam em grande quantidade, mas é a Copel quem faz essa distribuição”, explicou Paes. Atualmente com seis geradores, a produção é de 8,4 megawats por hora. “É como se pudéssemos abastecer 30 mil residências”, complementou.

Chorume
Além do gás metano, outro resíduo gerado pelo aterro é o chorume, líquido que escorre das camadas de lixo compactadas. Esse líquido era inicialmente transportado para Santa Catarina para ser tratado e devolvido ao meio ambiente. “Desde 2017 tratamos 100% do chorume aqui”, afirmou o gerente operacional da Estre, João Vitor Mosciatti. São 500 metros cúbicos de chorume tratados por dia e derramados no rio Iguaçu.

O aterro
Mosciatti afirmou que diariamente o aterro recebe 2,5 mil toneladas de resíduos, sendo que 80% vem de Curitiba. “Temos 267 hectares de terras, mas somente 60 utilizados para o aterro. O restante é área de preservação ambiental”, pontuou. Segundo ele, “a vida útil do aterro é de 18 anos e 4 meses, sendo que já estamos com 7 para 8 anos de uso”.

Conforme Mosciatti, os resíduos são depositados em camadas. “Há o processo de escavação do solo e compactação, depois a impermeabilização do solo com uma geomembrana [um tipo de lona] e mais uma camada de terra. Também são instaladas as camadas de drenagem do chorume e os tubos de saída de gases.” O lixo não fica exposto por conta destas camadas de terra e das geomembranas que cobre o que é depositado pelos caminhões. “A altura máxima a que o aterro poderá chegar é de 55 metros.”

A unidade não faz a reciclagem do lixo – ação que já não era prevista no contrato com o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos. Segundo Felipe Braga Côrtes, hoje, apenas 20% do lixo gerado pelos curitibanos é reciclado.

Nova licitação
A secretária executiva do Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol), Rosamaria Milléo Costa, que também acompanhou a visita, afirmou que no próximo semestre deverá ser aberto edital de licitação para um novo sistema de gerenciamento dos resíduos de Curitiba e região metropolitana. “Espera-se a introdução de novas tecnologias, principalmente para a redução do passeio do lixo, ou seja, para reduzir o caminho do transporte do lixo.”  Braga Côrtes acrescentou que, do marco zero da cidade na praça Tiradentes até a Estre, são aproximadamente 30 quilômetros de distância.

“Também pretendemos introduzir novas tecnologias para reciclagem e reaproveitamento. Isso reduzirá bastante a quantidade de lixo que vai para o aterro”, garantiu Rosamaria.  Atualmente, segundo ela, o consórcio tem 20 cidades ativamente participantes e paga R$ 72,89 por tonelada de lixo à Estre. “São R$ 4,8 milhões por mês pagos pelo consórcio.”

Além de Braga Côrtes e Bobato, compõem a Comissão de Meio Ambiente os vereadores Katia Dittrich (SD), Fabiane Rosa (PSDC) e Goura (PDT).

Tramitam na Câmara hoje dois projetos de lei sobre o reaproveitamento de gás metano. Um deles é de Bruno Pessuti (PSD), que estabelece a Política Municipal de Incentivo a Autogeração de Energia Elétrica Renovável (005.00056.2018). O outro é do prefeito Rafael Greca e autoriza o município a conceder o uso de bens públicos municipais para geração de energias renováveis (005.0376.2017).