Começa a 6ª “legislatura” de vereadores mirins de Curitiba

por Fernanda Foggiato | Revisão: Alex Gruba — publicado 22/05/2024 16h45, última modificação 22/05/2024 17h26
Após a posse, eleitos no Parlamento Jovem 2024 participaram da dinâmica do Jogo da Eleição, ferramenta de educação política.
Começa a 6ª “legislatura” de vereadores mirins de Curitiba

Eleitos no Parlamento Jovem 2024, do TRE-PR, estudantes foram empossados pela Câmara de Curitiba. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)

A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) deu início, nesta quarta-feira (22), à sexta edição do Parlamento Jovem, programa realizado em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). Estudantes de Ensino Médio de dois colégios estaduais, os vereadores mirins foram empossados durante a sessão plenária.

Nos mesmos moldes da cerimônia de início das legislaturas da Câmara, o ato simbólico teve o juramento dos eleitos e a assinatura do termo de posse. “Desde o momento em que nos apresentaram a ideia das eleições, todos aprendemos muito com isso. Não só os aqui eleitos, mas toda a escola, dos alunos que foram mesários aos que tiveram a experiência de votar pela primeira vez”, discursou, em nome do grupo, a estudante Beatriz Hatanaka Martins, do Colégio Estadual Cívico-Militar Yvone Pimentel.

Para a oradora, a iniciativa abriu aos estudantes a possibilidade de “entender na prática como funciona o exercício da democracia”. “Trazer a política para dentro da escola é mais que necessário para que possamos realmente mudar o rumo da nossa história, [...] espero, de coração, que eu e os demais vereadores mirins possamos conseguir representar as escolas, os alunos e todos os cidadãos, para que nossa jornada seja vitoriosa”, concluiu Beatriz.

Em Curitiba, o Parlamento Jovem 2024 teve a participação de alunos dos colégios estaduais Yvone Pimentel e Santa Gemma Galgani. Até chegar à posse dos eleitos, o programa simula todo o processo eleitoral. Ou seja, os candidatos precisam se filiar a partidos fictícios e fazer campanha para pedir o voto dos colegas.

No dia da eleição fictícia, os estudantes votam em urnas eletrônicas. Antes da posse, os vereadores mirins ainda são diplomados pelo TRE-PR. Na edição 2024, o programa elegeu 11 vereadores mirins e 9 suplentes que também participarão do processo de formação política junto à Escola do Legislativo Maria Olympia Carneiro Mochel, da Câmara de Curitiba.

O Colégio Cívico-Militar Yvone Pimentel elegeu, além de Beatriz Hatanaka Martins, os estudantes Isabela Meira Farias Wolski, Kauã Vinicius Raska, Lucas Felipe de Araújo Ferreira, Lucas Luiz Machado Memitz, Lucka Rutilo Batista da Luz e Luis Henrique Pinheiro Gonçalves, titulares dos mandatos fictícios. Os suplentes são Beatriz Vitória de Oliveira, Bianca Soares Baptista, Eduardo Souza, Julia Yasmin Scremin de Lima e Manuella Fernandes Quirino.

Do Colégio Estadual Santa Gemma Galgani, os vereadores mirins são os alunos David Rodrigues Regloski, responsável por conduzir o compromisso legal, João Victor de Souza Álvaro Rosa, Maria Clara da Silva Cordeiro e Nicoli Dias Galcer. Como suplentes, foram eleitos Amabille Trangacin, Debora Cristina Lima, Guilherme Gomes da Silva e Cristian Henrique Gonçalves.

Parlamento Jovem 2024: autoridades destacam o programa

Já empossada, a sexta “legislatura” de vereadores mirins recebeu as boas-vindas dos parlamentares da Câmara de Curitiba – que encerra, no fim de 2024, sua 17ª legislatura. Desembargadores e servidores do TRE-PR e da Secretaria de Estado de Educação do Paraná (Seed/PR) também prestigiaram a cerimônia de posse.

O presidente da Câmara de Curitiba, Marcelo Fachinello (Pode), agradeceu ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná pela parceria com o Legislativo da capital. “Desejo a todos vocês sucesso no desempenho de suas funções”, finalizou o vereador.

O presidente do TRE-PR, desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, ressaltou a importância da participação dos jovens na política. “Vocês deram um exemplo a toda a comunidade, a todos os estudantes. Vocês farão a diferença. Surgem, aqui, líderes comunitários e, quem sabe, líderes políticos”, declarou. “Com 16 anos, já espero que vocês se alistem eleitoralmente”, acrescentou.

Diretor executivo da Escola Judiciária Eleitoral do TRE-PR, o desembargador Anderson Ricardo Fogaça explicou que 183 escolas, em todo o Paraná, aderiram ao Parlamento Jovem 2024. “Qualquer eleição é muito difícil. É o momento em que você é colocado à prova, você se desafia, e tem que ter coragem para colocar seu nome à disposição de outras pessoas”, elogiou. “Vocês são líderes nas escolas de vocês e serão, com certeza, [líderes] no futuro.”

A cerimônia também foi acompanhada pelo corregedor e vice-presidente do TRE-PR, o desembargador Luis Osório Moraes Panza; a chefe da Seção de Educação para Cidadania Política da Escola Judiciária, Mary Natsue Ogawa; e a servidora Daniele Artigas.

Pela Seed/PR, compareceram a chefe do Núcleo de Programas Especiais do Departamento de Educação Básica (DPEB), Adriana Rigon; a chefe da Regional de Educação de Curitiba, Laura Patrícia Lopes; o coordenador de Diversidade e Direitos Humanos, Mário Fernando Veronez; e os servidores Bruno de Souza, Fabiano Ferreira, Gislaine Feuzer, Mário Fernando e Silvio Turra.

Vereadores mirins de Curitiba participam do Jogo da Eleição

A Escola do Legislativo da Câmara de Curitiba já deu início ao processo de educação política dos vereadores mirins. Logo após a cerimônia de posse, eleitos, suplentes e estudantes que participaram da organização do processo eleitoral simulado participaram da dinâmica do Jogo da Eleição. Desenvolvida pelo Instituto Mais Cidadania, a ferramenta pretende conscientizar os jovens sobre a importância da ética nas eleições e do voto consciente.

Os jogadores primeiramente se dividem entre os partidos fictícios Alternativo, da Família, da Igualdade, da Liberdade, do Centrão e do Planeta. Na sequência, sorteiam as cartas que delimitam o perfil de cada personagem e o dinheiro que terá à disposição na campanha eleitoral.

Em busca de chegar em primeiro lugar e vencer as eleições, os jovens enfrentam dilemas éticos. Para avançar no tabuleiro e ter mais dinheiro para a campanha, eles precisam decidir se usam apenas as cartas com práticas permitidas pela Justiça Eleitoral, como criar um site para divulgar suas propostas, ou se recorrem, também, às ações proibidas, e exemplo da boca de urna e de espalhar notícias falsas, as fake news.

A surpresa vem na prestação de contas, no fim da partida: o candidato que usou cartas com práticas vedadas é desclassificado. “Falando sério, pessoal. Vocês acham que, na vida real, o candidato que começa fazendo coisas erradas, comprando votos, divulgando fake news, vai ser honesto depois de eleito?”, ponderou o professor Roosevelt Arraes, mediador da dinâmica e voluntário do Instituto Mais Cidadania.

Os vereadores mirins se surpreenderam com o custo da corrupção no Brasil. “Em 2021, a conta estava chegando a mais de R$ 200 bilhões. E sabe onde começou esta conta? Na eleição. Ele [político corrupto] começa comprando seu voto e depois ele te rouba. Isto prejudica todo mundo”, afirmou Arraes.

“A cada ‘milão’ [R$ 1 mil] que você ganha, R$ 155 vão para a corrupção, [..] o que dá mais ou menos duas cestas básicas”, citou o mediador. O professor dá outros exemplos de como os recursos desviados poderiam ser aplicados, como para melhorar a educação, a saúde pública ou o saneamento básico no país. “Pessoal, que a corrupção vai bater na porta de vocês várias vezes, [...] levem as informações às suas famílias e não compartilhem fake news. Fake news e liberdade não combinam. E o óbvio, não venda votos, não troque votos”, pediu.

Arraes é um dos idealizadores do Jogo da Eleição e foi o responsável por treinar, no começo deste mês, os servidores que serão responsáveis por aplicar a dinâmica a alunos que visitam a Câmara de Curitiba. Além disso, o grupo irá levar a ferramenta de educação política a escolas da capital paranaense (saiba mais).

“Espero que vocês tenham gostado e que saiam daqui com a missão de levar as informações aprendidas, promovendo a cidadania, o voto consciente e o combate à corrupção”, complementou a diretora da Escola do Legislativo da CMC, a servidora Débora Reis Leal. A próxima etapa do processo de formação política dos vereadores mirins, na tarde do dia 26 de junho, será uma aula sobre o processo legislativo.

Os vereadores mirins criarão projetos fictícios, que serão votados, no fim de agosto, durante uma sessão plenária simulada. Em setembro, as propostas serão apresentadas aos vereadores de Curitiba, que podem “abraçar” as ideias sugeridas pelos jovens.

Desde que a CMC aderiu ao Programa Parlamento Jovem, em 2017dois dos projetos fictícios já se tornaram leis de Curitiba. São as semanas de Combate ao Bullying e do Ambientalismo Consciente — respectivamente, as leis municipais 15.479/201915.480/2019

Clique no link abaixo e confira o álbum da posse dos vereadores mirins e da dinâmica do Jogo da Eleição:

 

22/05/2024 - Posse Parlamento Jovem