Comandante pede desculpas públicas por ação no Bairro Alto

por Assessoria Comunicação publicado 04/12/2012 17h40, última modificação 10/09/2021 07h33
O responsável pelo Primeiro Comando Regional da Polícia Militar do Paraná, coronel Ademar Cunha Sobrinho, pediu desculpas na Câmara Municipal de Curitiba à advogada agredida no Bairro Alto em uma abordagem da Polícia Militar no dia 24 de novembro. A convite da Casa, ele esteve reunido, na tarde desta terça-feira (4), com as Comissões de Segurança Pública e Especial de Direitos Humanos, juntamente com as vítimas do ocorrido, para debater sobre os fatos. Também estavam presentes o presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, Elias Mattar Assad, e o secretário de Segurança de São José dos Pinhais, Marcelo Jugend.
“Peço escusas pelo que aconteceu. Não é normal este tipo de conduta na Polícia Militar. Não é normal o preconceito e isto tem ocorrido o mínimo possível na corporação”, afirmou Cunha Sobrinho.
A advogada Andréia Cândido Vitor, uma das vítimas da abordagem, disse estar satisfeita com o resultado da reunião. “O saldo foi positivo, volto a ter confiança na PM e fico mais tranquila. Espero a restauração emocional das pessoas que viveram a violência e a restauração profissional dos policiais que abordaram. Não tenho medo, tenho fé em Deus e no estado democrático, muito bem representado por esta Casa de Leis”, disse.
Assad também considerou pertinente a intervenção da Câmara. “A expressão máxima da democracia foi esta conversa na Câmara Municipal. Espero que a situação vá de fato às autoridades competentes e tenha caráter pedagógico para que a polícia atue dentro da lei. Fora da lei é barbárie”, ponderou Assad.
O presidente da Comissão de Segurança, vereador Tico Kuzma (PSB), pediu que a PM mantenha a Câmara a par do inquérito. “O objetivo era ouvir a reclamação da comunidade. A polícia deve atuar dentro da lei, em harmonia com a sociedade, servindo e protegendo. Reafirmamos aqui também a nossa confiança e o respeito à Polícia Militar”. Pedro Paulo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, ressaltou a necessidade de políticas preventivas. “Entendemos como policiamento não só as abordagens ostensivas, mas também outros mecanismos de prevenção para combater a violência”, afirmou.
Compõem a Comissão de Segurança os vereadores Algaci Tulio (PMDB), Dirceu Moreira (PSL), Edson do Parolin (PSDB) e Pedro Paulo (PT). Da Comissão de Direitos Humanos fazem parte Jorge Yamawaki (PSDB), relator, Emerson Prado (PSDB), Julieta Reis (DEM) e Paulo Salamuni (PV). Também estiveram presentes a vereadora Noemia Rocha (PMDB) e Serginho do Posto (PSDB).
Violência no Bairro Alto
O presidente da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Alto Planta Paraíso, Cláudio Santos, informou que a ação da Polícia Militar teria iniciado com a abordagem a um motoqueiro que estava fazendo manobras perigosas. “Ele e mais um rapaz foram parados por policiais da 3ª Companhia e começou uma afronta. Foi pedido reforço policial e vieram dez viaturas e dez motos da Rotam, com mais de 30 policiais”, contou. Os dois rapazes entraram em uma casa para se refugiar e fecharam o portão. “Eles conseguiram fugir e os policiais começaram a bater nas pessoas que estavam dentro da casa”, relatou.
Santos disse que uma menina portadora de deficiência física foi agredida, uma senhora de 72 anos, um idoso com derrame, além da advogada Andréia e mais dez pessoas. “Não estamos defendendo os rapazes, eles teriam que ser abordados, mas quando eles invadiram a casa, a polícia agrediu pessoas que não estavam envolvidas”, lamentou.
Como resultado na reunião da Câmara, o comandante se comprometeu a promover reuniões na comunidade com a polícia. “Vamos manter este contato para resgatar o respeito da população pela polícia e da polícia pela população”, informou o presidente da Associação.
Descontentamento
O vereador Algaci Tulio questionou o contentamento dos policiais na corporação. “Esta conduta me parece que não é do caráter do policial. Parece que a Polícia Militar passa por uma fase difícil e que o alto escalão não está satisfeito com o governo”. Segundo ele, esta situação pode estar levando policiais a usurparem de suas funções. Cunha Sobrinho negou que há descontentamento na Policia. “Há blogs de policiais que pedem reposição salarial, mas não há boicote no serviço policial”, garantiu.
Providências
O comandante informou que dois oficiais que estavam no comando da ação foram afastados para funções administrativas. Ao todo, 35 policiais foram ouvidos até agora. “Entre estes, pode ser sugerido também o afastamento do serviço operacional até o limite da exclusão das fileiras da Polícia Militar”, garantiu. O inquérito tem um prazo de 60 dias para ser concluído e depois será encaminhado para auditoria militar.