Com quociente eleitoral baixo, eleição para a CMC foi a mais acirrada do século
Já tinha acontecido em 2016, mas em 2020 as eleições para a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) foram ainda mais acirradas. Trata-se da combinação de três situações, que agrupadas exigiram muito mais esforço dos candidatos a uma das 38 cadeiras no Legislativo da capital do Paraná. Primeiro, a competição foi maior. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou aptas a concorrer, em 2020, 1.182 candidaturas. O número é 11% maior que no último pleito municipal, quando 1.064 nomes disputaram a eleição.
O segundo fator foi a elevada abstenção registrada neste ano, em que a cidade enfrenta a pandemia do novo coronavírus. Neste ano, em Curitiba, dos 1.349.888 eleitores aptos a votar, apenas 942.467 compareceram às urnas, deixando a capital do Paraná com 30,18% de abstenção. Percentualmente, é quase o dobro do número de curitibanos que deixaram de votar há quatro anos, em 2016, quando 1.112.082 votaram e “apenas” 226 mil faltaram (16,91 %).
Para se ter uma ideia de como isto é bastante, é só considerar que o prefeito reeleito, Rafael Greca, conquistou sua vitória no primeiro turno contabilizando 499 mil votos nas urnas. Só que 407 mil curitibanos deixaram de votar, logo se a abstenção fosse uma candidata ao Executivo, teria disputado o segundo turno, com mais que o triplo dos votos do segundo colocado, Goura, que recebeu 110 mil votos. Nas eleições proporcionais, para vereador, onde cada voto unitário pode definir a ocupação, ou não, de uma das 38 vagas no Legislativo, as ausências pesam ainda mais para a composição da CMC.
Dentro do comparecimento, há a terceira questão, dos votos válidos. Há quatro anos, a composição da Câmara Municipal foi definida com 880.869 votos válidos (que é o número de eleitores que compareceram, descontados os votos brancos e os anulados). Neste ano, foram 788.263 – 10% a menos que na última eleição. Ou seja, as vagas na CMC foram definidas por 92,6 mil pessoas a menos.
Então se você olhar só para o quociente eleitoral, que foi o mais baixo do século, com cada cadeira “custando” só 20.744 votos para os partidos políticos, pode ter a impressão de que foi uma eleição fácil. Mas ela foi exatamente o oposto disto: mais candidatos disputaram o mesmo número de vagas que há quatro anos, mas menos eleitores foram votar e, destes, uma parcela menor efetivamente escolheu um nome entre todos os colocados à disposição (sem votar em branco ou nulo).
Nas eleições anteriores, o quociente eleitoral foi maior: em 2000 e 2004, rondou os 24 mil votos. Em 2008, foi de 25,9 mil. Depois, em 2012, caiu para 23,9 mil e, em 2016, para 23,1 mil. Então, se você votou para vereador em 2020, a sua ação teve muito mais peso no resultado que nos anos anteriores, quando a decisão foi compartilhada entre mais eleitores.
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