Sem eventos, impacto na economia do PR é de menos R$ 25 bi, aponta Abeoc
Segundo Fabio Skraba, presidente da Abeoc/PR, o setor de eventos movimenta mais de 50 setores da economia. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Segmento que movimenta mais de 50 outros setores da economia, as empresas que atuam na área de eventos pararam suas atividades em março de 2020 e, após 15 meses de pandemia da covid-19, já deixaram de movimentar cerca de R$ 25 bilhões no Paraná. Esse impacto negativo foi apresentado aos vereadores da capital pelo presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos do Paraná (Abeoc/PR), Fabio Skraba, durante sua participação na Tribuna Livre desta quarta-feira (30). “A gente gostaria do apoio dos vereadores e vereadoras para que o setor de eventos – corporativos, sociais, religiosos e de entretenimento – pudesse voltar. Porque nós temos condições efetivas de retornarmos, com segurança. Esses eventos geram emprego, geram renda, recolhem imposto e deixam um legado para Curitiba”, defendeu.
A participação do representante do segmento de eventos na sessão plenária foi uma iniciativa (076.00023.2021) do gabinete parlamentar de Denian Couto (Pode). “Se não o mais atingido pela pandemia nesses 15 meses, [é] um dos mais atingidos, indiscutivelmente. Há uma demanda muito grande do setor para uma retomada segura [das atividades], com a possibilidade de que os decretos, tanto no âmbito de Curitiba, quanto no Paraná, possam permitir com essas empregas, que geram milhares de empregos, possam exercer a sua função”, afirmou o vereador.
Segundo Fabio Skraba, o setor de eventos, assim com o setor de turismo, é composto por 95% de micro e pequenas empresas e movimenta uma cadeia formada por mais de 50 segmentos da economia – que vãod esde organizadoras e produtoras, até buffets, sonorização, iluminação, limpeza e cerimoniais. No Brasil, só em 2019, movimentou R$ 936 bilhões. No entanto, desde março de 2020, é o segundo setor mais impactado pela pandemia, com 98% das empresas paradas no estado, gerando um impacto negativo de R$ 25 bilhões somente na economia do Paraná.
“Em 15 meses, cerca de 3.500 eventos sociais foram cancelados na capital. Os que não foram cancelados, 20% aconteceram em outras cidades ou estados e 10% aconteceram na Região Metropolitana de Curitiba. Em 15 meses, 900 festas foram canceladas e 1.200 foram adiadas para 2022”, continuou o presidente da Abeoc/PR. O levantamento apresentado à CMC também aponta que 90% dos empregos gerados diretamente pelo segmento foram extintos e que a queda no faturamento das empresas do ramo foi de 98% somente em 2020.
A suspensão dos eventos ainda influenciou na perda de arrecadação do ISS (Imposto Sobre Serviços) para Curitiba. Conforme o convidado, em 2020, somente os eventos corporativos – da tipificação MICE, Meetings (encontros), Incentives (incentivos), Conferences (conferências) and Exhibitions (feiras) – geraram R$ 3,5 milhões de ISS. “Em 2021, a expectativa é arrecadar R$ 1 milhão e para o primeiro semestre de 2022, projeção é recolher R$ 250 mil de ISS. É muito pouco. Para quem arrecada R$3,5 milhões, arrecadar somente R$ 250 mil é muito pouco”, lamentou.
Retorno do setor de eventos
Na análise de Skraba, o setor entendeu que, nos 15 meses de pandemia, “tem similaridades com shoppings, hipermercados, igrejas, feiras e academias” – segmentos que já estão funcionando com os devidos protocolos sanitários – mas ainda permanece impedido de funcionar, apesar de ter diferenciais para a retomada das atividades. Uma delas é o Selo de Turismo Responsável do Ministério do Turismo, que contempla as atividades de meios de hospedagem, centros de convenções e prestadoras de serviços de infraestrutura para eventos.
Outros critérios que asseguram a reabertura das empresas do ramo, continuou o presidente da Abeoc/PR, seriam o “Manual de Conduta Segura para Eventos na Prevenção da Covid-19”, aprovado pela SESA (Secretaria de Estado da Saúde); a rastreabilidade dos participantes e fornecedores por meio de cadastramento e secretaria automatizada; a adequação na planta baixa das feiras técnicas, de varejo e populares; e a adequação no formato dos auditórios respeitando o distanciamento entre cadeiras.
“O segmento MICE é um segmento que volta de forma lenta. São necessários meses de planejamento. Para se ter uma ideia, estamos captando eventos para 2025, ou seja, é muito adiante. Nós fazemos um trabalho muito forte, mas para ter um retorno muito além. Nós perdemos muitos eventos para São Paulo [SP], Porto Alegre [RS], Foz do Iguaçu [PR] e também para outras cidades e outros estados. E nós precisamos resgatar a confiança dos promotores desses eventos.”
À Câmara de Curitiba, o convidado da Tribuna Livre pediu apoio para a criação de um “Hub de Eventos e Turismo”, similar ao Worktiba, com o objetivo de minimizar os problemas vividos pelos empresários dos setores, gerar negócios e livres de aluguéis, e reduzir o índice de desemprego. Também foi apresentado, em plenário uma proposta de capacidade de lotação dos eventos, para que possam retomados de imediato: 40% na bandeira laranja, conforme regras já adotadas para o funcionamento de feiras de artesanato, museus e circos; 50% de lotação na bandeira laranja; 70% da lotação com 50% de pessoas vacinadas com a 1ª dose da vacina, conforme cronograma de vacinação da capital; e 100% de lotação com 100% da população imunizada.
“Porque com 50% dos vacinados, a gente poderia estar voltando. E se não estivermos com 50% da população curitibana já vacinada com a 1ª dose, nós estamos próximos disso. Ou seja, nós já poderíamos voltar com 70%, mas não retornamos. Detalhe: essa informação sobre 70% e 100% da lotação [nos eventos] foi um feedback da própria Secretaria Municipal de Saúde [SMS] e foi direcionado para o Instituto Municipal de Turismo [IMT]. Ou seja, nós já poderíamos estar não com 40%, mas já com 70% de retorno”, argumentou o presidente da associação.
Debate com o plenário
Após a explanação dos números do setor e dos prejuízos causados a ele pela crise pandêmica (consulte aqui), Fabio Skraba tirou dúvidas dos parlamentares sobre o segmento. Primeiro a iniciar o debate, Jornalista Márcio Barros (PSD) perguntou ao convidado sobre qual seria o papel do municípios da região metropolitana para que a retomada dos eventos em Curitiba fosse a mais rápida possível. Conforme o presidente da Abeoc, Pinhais tem a Expotrade, espaço para grandes eventos que já possui o Selo de Turismo Responsável e segue o manual desenvolvido pela entidade, e, assim como Colombo e São José dos Pinhais, já liberou a realização dos eventos, porque entendeu ser possível a realização através dos protocolos de segurança.
Mas isso ainda não aconteceu na capital pois, emendou Skraba, Curitiba ainda não autoriza a realização de eventos “nem para 25 pessoas”. “Nós deixamos de arrecadar impostos aqui, deixamos de gerar empregos, para colocar para a RMC. Mas tenho conversado com os secretários de Turismo dessas cidades, até mesmo com as empresas e entidades desses municípios, para que tenhamos uma união. Porque essas cidades também são beneficiadas quando os eventos vêm para Curitiba, porque têm os passeios. Os atrativos turísticos da região são grandes e impulsionam, pelo turismo de negócios, o turismo de lazer.”
Questionado por Nori Seto (PP) sobre como a CMC pode contribuir para tornar “menos burocrática a realização de eventos na capital”, e lembrado por Pier Petruzziello (PTB) sobre seu importante papel na defesa do segmento e sobre a aprovação da lei que reduziu o ISS de 5% para 2%, “algo histórico e jamais visto na cidade”, o convidado disse que a redução do imposto foi extremamente importante e “fez com que Curitiba se posicionasse muito melhor do que outras cidades nesse cenário”.
A Denian Couto, respondeu que Curitiba tem condições de retomar seus eventos porque já existe o manual de conduta segura e que critérios já avaliados pela SMS só precisam ser “alinhavados” com a pasta. “Podemos fazer shows no Teatro Positivo, temos o distanciamento. Conseguimos fazer feiras e congressos. Hoje o Pavilhão da Cura tem uma planta que foi auxiliada por mim e foi planejada de uma forma que possibilitasse a circulação e o distanciamento das pessoas. Ou seja, podemos fazer feiras técnicas e feiras populares”, frisou.
Com a relação à arrecadação de ISS do setor de eventos em geral, que foi de R$ 7,5 milhões para os cofres da Prefeitura de Curitiba em 2019, caiu para R$ 2,7 mi em 2020, e não deve ultrapassar, segundo Professor Euler (PSD), R$ 1,6 milhão este ano, Skabra alertou que o impacto negativo também mexe em setores que são movimentos pelos eventos, como hoteleiro, gastronômico e de transporte individual. E em resposta à Indiara Barbosa (Novo), o convidado solicitou o apoio do Legislativo na criação do Fundo Municipal de Turismo e Eventos para que o potencial dos dois segmentos possa ser melhor utilizado na retomada da economia. “O Paraná também não tem esse fundo, diferente de outros estados. Esta é a principal demanda, além do Hub de Turismo e Eventos”, finalizou.
Também participaram da discussão, os vereadores Alexandre Leprevost (SD), Herivelto Oliveira (Cidadania), Mauro Ignácio (DEM) e Noemia Rocha (MDB). A Tribuna Livre de hoje foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da CMC e está disponível na íntegra da sessão plenária, no YouTube.
Tribuna Livre
A Tribuna Livre é um espaço democrático de debates mantido pela CMC, para ser canal de interlocução entre a sociedade e os parlamentares. Os temas discutidos são sugeridos pelos vereadores, que por meio de um requerimento indicam uma pessoa ou entidade para discursar e dialogar no plenário. As falas neste espaço podem servir de prestação de contas de uma entidade que recebe recursos públicos, apresentação de uma campanha de conscientização, discussão sobre projeto de lei em trâmite na Casa etc.
Conforme o Regimento Interno do Legislativo, as Tribuna Livres ocorrem nas quartas-feiras, durante a sessão plenária – geralmente, após a votação dos projetos de lei e demais proposições, a menos que ocorra a inversão da pauta. Se você participa de uma entidade, representa uma causa ou atividade coletiva, entre em contato com um dos vereadores para sugerir a realização da Tribuna Livre. O RI veda o uso desse espaço por representantes de partidos políticos; candidatos a cargos eletivos; e integrantes de chapas aprovadas em convenção partidária.
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