Com baixa adesão, movimento pela redução salarial chega à Câmara
A Câmara Municipal abriu espaço, na sessão desta terça-feira (25), ao movimento que pede a redução do subsídio dos vereadores, que é de R$ R$ 15.156,70 (com o total líquido de R$ 11.486,04). Marcado pelas redes sociais, o ato teve 8,2 mil confirmações. Mas, segundo os organizadores, reuniu 50 manifestantes. Para a Guarda Municipal, foram 10. “A chuva foi a principal responsável pelo esvaziamento da manifestação. Nós, engajados nos movimentos sociais, sabemos que em Curitiba é assim”, disse Luan de Rosa e Souza, um dos organizadores, em entrevista à imprensa.
O presidente da Câmara Municipal, Ailton Araújo (PSC), suspendeu a sessão plenária por 15 minutos para que os manifestantes fossem ouvidos. “Estamos aqui, na Casa que simbolicamente deveria ser do povo, trazendo a demanda que é da maioria da população. Se reduzirmos o salário, criamos a palavra que é fundamental na política, o engajamento, e partir desse momento a política se transforma de fato”, argumentou Souza. “A Constituição diz que todo poder emana do povo, e nós somos o povo. Dentro dessa legitimidade, queremos a redução. É uma utopia possível. A política não é uma profissão”, afirmou.
Souza justificou que o salário de professores, motoristas de ônibus, diaristas e garis, entre outras categorias, não chega a R$ 15 mil. “Esse valor financia a própria campanha de reeleição”, completou, sobre o argumento da Professora Josete (PT) de que, com um subsídio muito baixo, a disputa das cadeiras da Câmara Municipal só atrairia candidatos “com interesses empresariais”. “O debate não pode ser pontual e raso”, sustentou a vereadora.
O estudante de direito Thiago Regis prometeu novos atos e disse que eles podem negociar o valor proposto para a próxima legislatura (2017-2010), de R$ 1,5 mil, para até R$ 5 mil. “Achamos R$ 1,5 mil um valor justo, mas os vereadores não vão aceitar. Este foi o primeiro ato, mas não o último. Também queremos uma audiência pública para discutir a redução e vamos continuar coletando assinaturas. Em uma semana, já são 4 mil”, declarou Regis.
Líder do prefeito e ex-presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV) destacou que “a Câmara está de portas abertas à população, mas por enquanto não há nenhum projeto tramitando, referente ao subsídio da próxima legislatura”. Pelo Regimento Interno, o valor deve ser fixado até 60 dias antes das eleições municipais, pela Mesa Diretora. “Se houver uma proposta de redução, o projeto tem de ser acompanhado de uma justificativa bem embasada”, completou o vereador, que declarou ser contrário à medida.
“O que ocorreu hoje [a suspensão da sessão, para o pronunciamento do movimento] foi mais uma demonstração de uma gestão de transparência que implementamos. Não vamos deixar de responder nenhum dos questionamentos levantados, a respeito do papel dos vereadores de Curitiba”, reforçou Ailton Araújo.
O Professor Galdino (PSDB) se manifestou sobre o assunto durante o pequeno expediente da sessão. “Não concordo com o valor social de R$ 1,5 mil. Santo Antônio da Platina [PR] tem outra realidade. Acho que os vereadores deveriam receber a média salarial dos professores municipais, em torno de R$ 7 mil”, declarou. Ele disse que irá propor uma alteração no Regimento Interno (parágrafo único do artigo 203), para que os vereadores possam propor o subsídio da próxima legislatura, e não apenas a Mesa Diretora.
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