CMC celebra os 20 anos de atuação da vereadora Professora Josete
Por iniciativa do vereador Vanhoni, a Câmara homenageou, nesta segunda-feira (16), a vereadora Professora Josete, que encerra suas atividades parlamentares após cinco mandatos consecutivos. (Fotos: Claudio Sehnem/CMC)
Nesta segunda-feira (16), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) promoveu uma sessão solene em homenagem à vereadora Professora Josete (PT), que, com o término da atual Legislatura, completa cinco mandatos como parlamentar no Legislativo Municipal. A iniciativa da homenagem foi do vereador Angelo Vanhoni (PT), que esteve impossibilitado de comparecer pessoalmente, sendo representado pela deputada estadual e ex-vereadora Ana Júlia (PT).
Compuseram a mesa: Maria Letícia (PV); Professor Lemos (PT), deputado estadual; Ana Júlia, deputada estadual; vereadora Professora Josete, homenageada; Doutor Rosinha, fundador do PT e ex-deputado federal; André Passos, ex-vereador; Diana de Abreu, presidente do Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), Alessandra de Oliveira, da diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc); Leo Ribas, da Liga Brasileira de Lésbicas; Dara Rosa, representando a Marcha Mundial das Mulheres; Marlei Fernandes, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato); a vereadora eleita Vanda de Assis (PT); Paulo Salamuni, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Curitiba; e Fernando de Oliveira, superintendente da Polícia Federal.
Também estavam presentes: Carol Nascimento, ouvidora geral da Defensoria Pública; Regiane Soldani, presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Curitiba (Sigmuc); Sérgio Carvalho, também representando a Polícia Rodoviária Federal – Superintendência do PR; Antônio Silvestre, do Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria); Marcos Ferraz, do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR); representantes dos deputados Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT) e Doutor Antenor PT e representante do vereador Nori Seto (PP).
Outras presenças: Grupo Dignidade; Federação Árabe Palestina (Fepal); Rede de Mulheres Negras; Promotoras Legais Populares da Periferia (PLPS); Mães pela Diversidade; União Paranaense dos Estudantes Secundários; e membros do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT).
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Dedicação aos trabalhadores e aos movimentos sociais
Vanhoni, propositor da homenagem, declarou que se trata de um ato de comemoração, de memória, que ficará presente na vida de todos que celebram a pessoa e a trajetória da vereadora Professora Josete. Para o vereador Vanhoni, Josete sempre entendeu a cidade como um ponto de encontro, de trabalho e de construção do futuro.
“Curitiba é uma é uma boa cidade, com bons recursos de educação, vida cultural ativa. As ruas da cidade, em grande parte, estão bem cuidadas e a cidade apresenta um conjunto de serviços úteis à população. Mas queremos uma outra cidade, uma cidade em que a vida das pessoas seja pautada pela alegria de viver, sem tristezas e desigualdade entre as pessoas”, afirmou o vereador.
Vanhoni disse que a homenagem pretende destacar uma pessoa que, desde seus primeiros dias no mundo do trabalho, imediatamente começou a perceber o outro, as pessoas em torno dela, e essa decisão marcou sua história pessoal. “A Josete é daquelas que, como muitos e muitas, querem ter a memória presente, a vida cheia e plena para as pessoas. A caminhada dela, seja no serviço público, na militância e na construção do Partidos dos Trabalhadores ou no sindicalismo está impregnada por esta escolha, por esta opção pelas pessoas”, observou.
Para o parlamentar do PT, Josete é uma mulher de fibra que sempre pautou sua vida no diálogo pela democracia e no encontro entre diferentes. “Se dependesse da população, você continuaria, mas você optou por seguir outros caminhos, assumir outras responsabilidades e atuar em outros espaços. Fica aqui nossa homenageamos à sua caminhada”, encerrou Vanhoni.
“Com Josete, aprendi sobre lealdade e coragem”
A deputada estadual Ana Júlia iniciou sua saudação ao homenageado dizendo que começou a militar aos 16 anos, já acompanhando o trabalho político de Professora Josete. “Quando estive nesse púlpito da Câmara Municipal de Curitiba pela primeira vez, tive a dimensão da mulher que você é. Foi um momento difícil, no qual aprendi sobre a lealdade e a coragem, e ninguém defendeu os companheiros tão bem quanto você. Ninguém defendeu o Renato [Freitas] naquele momento tão bem como você”, afirmou.
Para Ana Júlia, Professora Josete sempre foi uma lutadora aguerrida, que nunca se furtou da sua tarefa de ser professora. “A opção de sair da Legislativo Municipal foi mais uma lição dada por Josete. A lição de abrir espaço para os demais”, encerrou a deputada.
Lutou por suas convicções sem abandonar o lado crítico
Doutor Rosinha, fundador do PT e ex-deputado federal, iniciou sua saudação à homenageada lembrando que conheceu Professora Josete na luta dos servidores públicos municipais, na luta pela construção do PT e na defesa da educação.
“Nos 20 anos em que esteve aqui, teve momentos em que Josete foi nossa única voz aqui dentro. Uma voz que combatia pelos direitos de trabalhadores públicos e privados, a única voz que defendia mulheres e combatia o racismo, a lgbtfobia, além de defender a reforma agrária”, afirmou Rosinha.
O ex-deputado federal concluiu sua fala dizendo que o grande legado de Professora Josete como vereadora foi o de nunca perder suas convicções e nunca abandonar seu lado crítico.
Para André Passos, relembrar a trajetória de Josete é como ver um filme passando na cabeça: “Essa aguerrida professora que vinha aqui nos ensinar as reais necessidades, não só do serviço público mas também da educação, e como tais questões deviam estar espelhadas no orçamento”.
“Trago o testemunho de que Josete é uma pessoa que pensa do ponto de vista coletivo, nunca pensa em termos de interesse próprio. De fato, a presença da Professora Josete na Câmara sempre foi pensada como um mandato coletivo”, afirmou Passos. Para ele, as palavras que sintetizam a trajetória de Professora Josete são: resistência fraternidade solidariedade e, sobretudo, luta.
Mais do que uma voz: um grito necessário
Diana de Abreu, presidente do Sismmac, abriu sua fala dizendo que a presença de Professora Josete na Câmara foi mais do que uma voz. “Ela foi um grito necessário”. Para Diana, Josete sempre soube, desde que ingressou no magistério, em 1985, que ensinar era mais do que ofício. Era construir futuros e libertar mentes.
“Josete foi dirigente do Sismmac em tempos de lutas intensas, forjando-se como liderança. Defensora incansável dos direitos humanos, da igualdade de gêneros, das mulheres, da educação pública, das servidoras e dos servidores municipais. Enfrentou gestões truculentas e muita violência de gênero sem jamais recuar ou se curvar. Josete, seus mandatos sempre foram pontes para o diálogo. Cada lei, cada projeto, cada embate pela democracia foram tijolos na construção de uma cidade mais humana”, concluiu.
Alessandra de Oliveira, do Sismuc, trouxe o agradecimento de todos os servidores municipais de Curitiba: “Você sempre esteve junto na nossa caminhada, enfrentando gestões truculentas e, mesmo quando teve uma prefeitura de esquerda, com Gustavo Fruet, você estava ao lado dos servidores e de todas as categorias. Você é nossa eterna vereadora. Vereadora raiz. Você pode contar sempre com os servidores e com o Sismuc”.
Coroamento de um processo de lutas e conquistas
Leo Ribas, da Liga Brasileira de Lésbicas, declarou que, em relação à defesa dos direitos da população LGBT, o apoio de Josete foi fundamental. “Josete vai ficar em nossas vidas e nas nossas memórias”, disse Leo, que lembrou o fato de que em sua trajetória, Josete promoveu uma série de medidas importantes para que as vozes LGBT fossem ouvidas e respeitadas.
Da mesma forma, Dora Rosa, da Marcha Mundial das Mulheres do Paraná, disse que esse evento de homenagem à Professora Josete coroa um processo de lutas duras e sofridas, mas também de muitas conquistas, principalmente para o feminismo: “Você tem sido uma educadora no sentido mais amoroso, como diria Paulo Freire. Você usa o amor e o afeto para nos instruir e sempre caminhou conosco, sempre estivemos juntas, referendando o mandato”.
“Tiramos a Câmara Municipal de Curitiba das páginas policiais”
Paulo Salamuni declarou que fez questão absoluta de compareceu à solenidade para prestar seu testemunho em relação à pessoa de Professora Josete e à integridade do seu mandato.
“Não se desencaminhou, não caiu, não tombou e não cedeu a pressões aliciantes. Para isso, foi preciso coragem. E a tua coragem, Josete, é a matéria-prima da civilização. Com o seu apoio, nós tiramos essa casa das páginas policiais, nós a libertamos de uma máfia que tomava conta da cidade de Curitiba e você nunca claudicou”, afirmou Salamuni.
O ex-vereador, que também exerceu a presidência da Casa (2013-2014), lembrou da lei 14.224/2013, que criou o Dia da Consciência Negra no município, mesmo com a Casa sofrendo pressões pra tirar a instituição de feriado nesta data por questões econômicas.
“O atual governo decretou esse feriado em caráter nacional e esse foi um dos dias que mais me senti feliz, por termos lutado por um dever histórico para Curitiba. A cidade e a Câmara seriam menos sem a tua passagem por este Poder Legislativo. Você cumpriu o seu dever”, finalizou Salamuni.
“Todos no PT sentimos orgulho em ter você como nossa vereadora”
Vanda de Assis (PT), vereadora eleita para a 19ª legislatura (2025-2028), afirmou ser emocionante participar da homenagem à professora Josete. “Minha família se sente honrada de ter votado em você”, disse Vanda, que lembrou da luta de Josete em prol do espaço das Promotoras Legais Populares, do movimento dos catadores e catadoras de materiais recicláveis e o Cefúria, que também é apoiado por Professora Josete.
“Todas as mulheres do PT sentem orgulho por ter você como nossa vereadora. Seu trabalho na Câmara representou exatamente o que o PT significa. Obrigado por sua coragem e dedicação”, disse a vereadora eleita.
A vereadora Maria Leticia disse ter sido uma honra conviver com Josete na Câmara por oito anos. “Josete sempre foi uma inspiração, e nossa convivência foi um aprendizado permanente. Em seus novos desafios, será a diferença e será transformadora”, desejou a vereadora.
Nos momentos mais difíceis da categoria dos professores
Professor Lemos, deputado estadual, mencionou que é professor há mais de 40 anos e conheceu Professora Josete nas lutas pelos direitos dos trabalhadores: “Pude acompanhar sua atuação como presidente do Sismmac e pude participar da discussão sobre sua candidatura à vereadora. Para nós, você foi uma inspiração, tanto no movimento sindical, quanto no PT, quanto na sua atuação parlamentar”.
“Nos momentos mais difíceis da nossa categoria, momentos de enfrentamento, você estava lá. Como, por exemplo em 1998, por ocasião da greve de fome na Assembleia Estadual (Alep), assim como no massacra de 29 de abril de 2015”, lembrou o deputado.
Para o também deputado estadual Tadeu Veneri, Josete sempre exerceu um mandato extremamente útil á sociedade. “Lembro da primeira vez em que ela se candidatou. Nunca abandonou seu principal compromisso, que foi o de trabalhar em prol dos trabalhadores e trabalhadoras. Também se manifestaram por vídeo os deputados Goura e Luciana Rafagnin.
Homens e mulheres na frente de batalha: eixo condutor da luta
Professora Josete iniciou sua fala agradecendo a todos, em especial ao Doutor Rosinha. Para Josete, Rosinha nunca se deslumbrou, manteve a coerência e a humildade, sempre na luta pelos trabalhadores. “Você é minha referência, Rosinha”, disse Josete.
Ela afirmou que ocupar o parlamento não estava entre seus planos. “Foi uma surpresa e, acho, com toda a humildade, que a construção que a gente faz é a da continuidade em relação às pessoas que estiveram lá atrás e contribuíram para essa construção. A sociedade ainda é desigual e injusta, mas a gente caminha. Houve e ainda há homens e mulheres que estão na frente de batalhe e esse é o eixo condutor da luta”, afirmou Professora Josete.
Para a homenageada, sua trajetória teve momentos frustrantes, mas, para ela, todas as lutas são justas e para isso existe o espaço do debate, dentro de certos limites. “As demandas chegavam até nós, não podíamos negar. E ainda há muita coisa por ser feita”.
Josete entende que a esquerda precisa encontrar meios de dialogar com a população. “A gente tem um grande desafio em 2026. Tomara que Lula esteja bem, mas devemos trabalhar nos próximos meses, devemos nos reconstruir”, defendeu Josete. Ela exaltou as mulheres que serviram de inspiração á sua jornada. “Hoje, a Câmara está mais transparente em seus atos. Deixo a minha gratidão a cada um que está aqui e vamos construir uma sociedade que possibilite vida digna a todos. Não é possível que a gente continua com tanta gente sendo excluída e passando fome”, disse.
Professora Josete concluiu afirmando não ter feito mais do que sua obrigação. “Todo vereador deveria estudar e debater as demandas da cidade. É pra isso que estamos aqui”, finalizou a homenageada.
Também se manifestaram em homenagem à Professora Josete: Aidê, da Secretária de Zonais do PT de Curitiba; Fernando de Oliveira; superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Paraná; e Marlei Fernandes, do Sindicato de Professores e Funcionários de Escola do Paraná (APP – Sindicato).
Veja fotos da homenagem à Professora Josete no Flickr da CMC
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