CMC acata urgência à prorrogação de contratos de enfermeiros

por Fernanda Foggiato — publicado 27/03/2021 13h35, última modificação 27/03/2021 13h45
Sem a aprovação da lei na próxima semana, a cidade pode perder profissionais que atuam na linha de frente da pandemia.
CMC acata urgência à prorrogação de contratos de enfermeiros

Os vereadores se reuniram em sessão extraordinária para dar agilidade à tramitação da mensagem. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Em sessão extraordinária remota, na manhã deste sábado (27), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou requerimento de regime de urgência à mensagem do Executivo para prorrogar contratos de trabalho temporários de enfermeiros e de técnicos de enfermagem. Admitidos no segundo semestre de 2020, eles reforçam as equipes da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) no enfrentamento à pandemia da Covid-19. O projeto de lei foi protocolado na última quinta-feira (25) e pretende autorizar, em caráter excepcional, a atuação desses profissionais por mais 6 meses (005.00101.2021).

Assinada pelo prefeito Rafael Greca, a justificativa da proposta diz que os enfermeiros e técnicos contratados emergencialmente via processo seletivo simplificado (PSS), sob o regime instituído pela lei municipal 15.455/2019, “já estão ambientados, capacitados e [são] conhecedores dos fluxos e protocolos assistenciais” da SMS. “Se substituídos, teremos que promover o processo de capacitação e adequação da nova força de trabalho”, aponta o texto.

Outro argumento é que a lei que regulamenta o PSS autoriza os contratos temporários por até 12 meses. O Executivo diz que no segundo semestre de 2020, quando os editais 1 e 2 previram as contratações por até 6 meses, a pandemia parecia “caminhar para a situação de controle”, mas que “essa nova cepa, que responde por grande parte das infecções atuais, tem características de maior facilidade de contágio, celeridade na evolução da doença e, lamentavelmente, letalidade”.

Conforme acordo de líderes firmado nessa sexta-feira (26), a sessão extraordinária foi destinada apenas à discussão e à votação do requerimento de urgência. Ou seja, não foram analisadas as demais proposições da segunda parte da ordem do dia nem abertos, para pronunciamentos dos vereadores, os espaços do pequeno expediente, do grande expediente e das explicações pessoais.

“O requerimento é importante para Curitiba pois coloca a possibilidade de votarmos o projeto na semana que vem”, declarou o presidente da Casa, Tico Kuzma (Pros). Foi ele o responsável pela convocação da sessão extraordinária, nessa sexta-feira (26). O vereador adiantou que os presidentes das comissões devem convocar reuniões conjuntas, ou em sequência, já nesta segunda-feira (29). A medida viabilizaria a primeira votação em plenário nesta quarta-feira (31) e o segundo turno na próxima quinta-feira (1º), em nova sessão extraordinária (saiba mais).

O presidente reforçou que os contratos precisam ser renovados com urgência: “Os profissionais já estão treinados, já sabem a rotina da Secretaria da Saúde”. Conforme Kuzma, Curitiba tem 144 enfermeiros e 340 técnicos de enfermagem contratados emergencialmente, em função da pandemia, via PSS. “Poderíamos perder [sem a renovação dos contratos derivados dos editais 1 e 2] grande parte desses profissionais”, acrescentou.

Debate em plenário

Todos os vereadores, na discussão do requerimento, concordaram com a necessidade do regime de urgência. Eles discordaram, no entanto, se as falas deveriam se ater ao regime de urgência ou se poderiam tratar de outras questões relacionadas à pandemia, como as contratações via PSS e a vacinação.

Conforme Professora Josete (PT), primeira oradora a discutir o requerimento, os contratos vencem no dia 3 de abril. Ela apoiou o mérito, já que “estamos no auge da pandemia, o momento de maior número de casos e de mortes” e existe o risco de se perder profissionais que já estão na linha de frente. Por outro lado, alertou que existem profissionais responsáveis pela gestão dos contratos e que o projeto deveria ter sido enviado à Câmara com mais antecedência: “Esperamos que a gestão possa ficar mais atenta.” A vereadora também criticou contratações via PSS em vez da realização de concursos públicos.

Na mesma linha, Indiara Barbosa (Novo) apoiou a urgência, mas cobrou mais “planejamento [na gestão dos contratos], antecedência [na divulgação de decretos] e diálogo [com o Legislativo]”. A gente não reclama de trabalhar. A gente está sempre pronto para colaborar”, observou. Ela ainda citou a manutenção da bandeira vermelha até o dia 5 de abril, com a suspensão das atividades de pequenos comerciantes, e as filas para a vacinação.

Líder do prefeito na Casa, Pier Petruzziello (PTB) pediu prioridade à discussão do regime de urgência, conforme o acordo de líderes. “Nós somos do Legislativo, não do Executivo”, declarou, sobre as prerrogativas de cada poder. Ele defendeu a atuação da SMS e a campanha de vacinação contra a Covid-19: “A Secretaria da Saúde está exausta, cansada. Vamos ter piedade também dos servidores que estão trabalhando muito pata controlar essa terrível pandemia”.

Dalton Borba (PDT) disse concordar com algumas das críticas, mas avaliou que se ater ao debate do regime de urgência era “uma questão de ordem”. “Uma coisa tem que ser reconhecida, não tem mais profissional da área para trabalhar. O que a gente esperava? Que fosse feito concurso público? Semana que vem a gente volta a discutir todas as nossas razões, as nossas críticas”, justificou.

Sobre a urgência, evidentemente haverá unanimidade, mas outros temas foram trazidos à discussão”, respondeu Denian Couto (Pode), que havia defendido a manutenção do pequeno expediente e de outros espaços. Para ele, ao não tratar do novo decreto, a Casa “dá uma bofetada na cara do cidadão” e age de forma “encastelada”. “Estamos reunidos sábado de manhã, horas após a prorrogação da bandeira vermelha, e a resposta que a gente dá à sociedade é que vamos discutir isso na semana que vem, enquanto as pessoas estão angustiadas para ouvir esta Câmara”.

Maria Leticia (PV) defendeu que todos os assuntos relacionados à saúde têm relação com o regime de urgência. “Os profissionais da saúde estão estressados porque não tem servidor para trabalhar”, respondeu. “Cada um de nós tem que respeitar a posição do outro. Todos devemos satisfação a quem nos elegeu. Portanto é o momento de debater sim.” “Se for necessário ficar até as 6 da tarde, ficaremos”, acrescentou, na mesma linha, João da 5 Irmãos (PSL). “É um tema muito importante. Os profissionais da saúde pedem socorro.”

Eu, como presidente, acredito que os assuntos pertinentes à Covid podem ser tratados. Não vejo que nenhum vereador ou vereadora saiu da pauta”, defendeu Kuzma. “A Câmara tem cumprido com seu papel”, completou o vereador, lembrando da aprovação recente, também em regime de urgência, das mensagens que autorizam a compra de vacinas pelo Município. “Todas as sessões temos debatido temas relativos à Covid, aos decretos do prefeito e também sugestões de temas relacionados à Covid. E hoje, sábado de manhã, nenhum vereador se furtou de estar aqui.”

O requerimento de urgência foi protocolado pelo líder do prefeito na Casa, Pier Petruzziello, nessa quinta-feira (411.00013.2021). Outros 13 vereadores assinaram a proposição: Beto Moraes (PSD), Hernani (PSB), Leonidas Dias (Solidariedade), João da 5 Irmãos, Jornalista Márcio Barros (PSD), Marcelo Fachinello (PSC), Mauro Bobato (Pode), Mauro Ignácio (DEM), Nori Seto (PP), Pastor Marciano Alves (Republicanos), Sidnei Toaldo (Patriota), Tico Kuzma e Toninho da Farmácia (DEM).

Confira as ordens do dia de segunda, de terça e de quarta-feira. As sessões plenárias e demais atividades da Casa têm transmissão ao vivo pelos canais da CMC no YouTube, no Facebook e no Twitter.