Clubes de tiro desportivo podem receber flexibilização em Curitiba

por Ana Claudia Krüger | Revisão: Ricardo Marques — publicado 03/05/2024 08h00, última modificação 03/05/2024 08h02
Para autor do projeto de lei, o decreto federal com regras mais rígidas para os clubes de tiro invadiu competência legislativa do Município.
Clubes de tiro desportivo podem receber flexibilização em Curitiba

Projeto na Câmara de Curitiba pretende retirar restrições a clubes de tiro, impostas em decreto federal. (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Um projeto de lei, protocolado na Câmara Municipal de Curitiba (CMC), pretende assegurar o funcionamento das escolas e clubes de tiro desportivo, na capital. De autoria do vereador Eder Borges (PL), o texto dispensa os estabelecimentos do distanciamento mínimo de qualquer outra atividade desenvolvida na cidade. 

Além disso, a proposta diz que as escolas e clubes de tiro poderão exercer suas atividades sem restrição de horário, desde que as empresas se adéquem às normas ambientais quanto à emissão de ruídos. Na justificativa da proposta, o autor defende que o decreto federal 11.615/2023, que criou restrições de distanciamento e de horário de funcionamento para os clubes de tiro, invadiu competências legislativas do Município. 

Uma das limitações impostas pela normativa federal é o distanciamento mínimo de um quilômetro em relação a estabelecimentos de ensino públicos ou privados. Pelo decreto, o horário de funcionamento também foi limitado das 6h às 22h. “A entidade de tiro, por ensinar alunos por intermédio de instrutores, é uma instituição de ensino, e distanciar atividades que atuam no mesmo ramo ofende a liberdade econômica, ainda mais sob o questionável argumento de segurança pública, o que carece de dados mínimos, estatísticas”, cita a justificativa do projeto de lei (005.00032.2024). 

Para Borges, a União incorreu em invasão de competência legislativa ao criar restrições no âmbito municipal, sob a justificativa de requisito de segurança pública. Para ele, é o Município o ente responsável pela autorização de funcionamento e quem deve regrar a questão. “É imperioso destacar que […] os clubes de tiro são espaços completamente fechados, sem acesso visual interno a partir do exterior e dotados de equipamentos de segurança, pois são aprovados pelo Exército Brasileiro para o seu regular funcionamento”, diz o parlamentar. 

Ainda de acordo com o projeto de lei, as empresas já atuantes e possuidoras de alvará de localização e funcionamento não serão afetadas por qualquer legislação posterior, “garantindo-se a elas a permanência e funcionamento nas condições previamente expedidas”. Se aprovada pelos vereadores e sancionada pelo prefeito, a lei entra em vigor a partir da sua publicação no Diário Oficial do Município.

Como é a tramitação de um projeto de lei? 

Protocolado no dia 18 de março, o projeto aguarda instrução da Procuradoria Jurídica (Projuris) da Câmara de Curitiba. Após, é encaminhada para avaliação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a única com a prerrogativa de arquivar uma proposta de lei. Se acatada, a iniciativa será discutida por outros colegiados permanentes da Casa, indicados no parecer da CCJ conforme o tema em pauta, sendo que não há um prazo estabelecido até a votação pelo plenário. 

O teor dos projetos de lei é de responsabilidade de cada mandato parlamentar. A divulgação deles pela CMC faz parte da política de transparência do Legislativo, pautada na promoção do debate público e aberto sobre o trabalho dos vereadores. Atenta ao princípio constitucional da publicidade, a Diretoria de Comunicação Social segue a instrução normativa 3/2022.