Cidade precisa de investimento constante, diz especialista

por Assessoria Comunicação publicado 11/06/2010 17h20, última modificação 30/06/2021 07h43
Curitiba acaba pagando um preço político alto por possuir um planejamento urbano modelo. A avaliação é do arquiteto Ricardo Amaral Bindo, durante palestra sobre planejamento urbano, na manhã desta sexta-feira (11), no Pré-Congresso do Comitê Latinoamericano de Parlamentos Municipais. Supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Bindo falou que  a maioria dos investimentos na capital é proveniente do município e que a demanda por novos equipamentos urbanos e obras necessárias para acompanhar o crescimento da cidade é maior que os recursos da prefeitura. “Talvez o Estado e o governo federal entendam que a cidade não precise de investimentos por ser considerada modelo em gestão urbana e ambiental.” Porém, segundo o especialista, é preciso levar em conta que a cada dez anos a cidade soma cerca de 500 mil habitantes, o que muda consideravelmente o cenário.
Realizado em parceria com a Câmara Municipal de Curitiba, o evento marca a retomada da participação brasileira neste fórum internacional de troca de experiências legislativas entre os países do Extremo Sul, contando com cerca de 280 vereadores do Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil, que estarão reunidos até este sábado (12), para debater a experiência curitibana nas áreas de transporte público, meio ambiente, segurança pública, cidadania e gestão pública.
Todo o processo, desde o primeiro plano diretor implantado na cidade, até os projetos de intervenção que estão em fase de estudo para realização do Mundial de 2014, foram abordados por Bindo. Com imagens, mapas, gráficos e fotografias da cidade, o especialista mostrou o processo de evolução da rede de transporte e seus objetivos.
O sistema de transporte trinário, privilegiando um crescimento linear, por meio dos corredores estruturais, assim como o reflexo na ocupação e uso do solo para a cidade, característico de Curitiba, tomou grande parte da explanação. Projetos da nova requalificação da Cândido de Abreu, Linha Verde, estação do metrô sob a canaleta, incentivos construtivos e de preservação ambiental e histórica também foram contemplados na apresentação do Ippuc. O comprometimento da administração pública é, segundo Bindo, a garantia do sucesso das políticas urbanas.  “O planejamento consiste em um trabalho contínuo”, frisou, alertando para a importância de investimentos para manutenção e novas intervenções necessárias devido às mudanças.
Lixo
A coordenadora de Resíduos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Marilza do Carmo de Oliveira Dias, que também é secretária executiva do Consórcio Intermunicipal para Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos, falou sobre a experiência de Curitiba nesse processo e da intenção de que a troca de experiências contribua para a sustentabilidade global.
“Diariamente são separadas 545 toneladas de resíduos para reciclagem. A cada três dias de coleta desse material é economizado um dia de vida útil do aterro sanitário”, explicou, lembrando que o processo de encerramento do Aterro da Caximba já está sendo executado. Após o término, previsto para novembro deste ano, a manutenção se estenderá por mais 20 anos.
A coordenadora explicou que o fato de Curitiba não ser autossuficiente em tratamento de água, se abastecendo por meio de mananciais existentes nas cidades da região metropolitana, exige um gerenciamento integrado de resíduos sólidos. “Em razão da necessidade dessa integração, criou-se, em 2001, o Consórcio Intermunicipal para Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos”, disse, acrescentando que esse método era o ideal para aquele período. “O  Sistema Integrado de Processamento e Aproveitamento de Resíduos, o Sipar que deverá ser implantado após o encerramento do Aterro da Caximba é o ideal para a atualidade”, disse. O objetivo é, segundo ela, o máximo aproveitamento dos resíduos e mínima dependência do aterro sanitário.
Projetos
Marilza mostrou diversos projetos, entre eles o Câmbio Verde, que faz a troca de materiais recicláveis por mantimentos. Implantado em 1991, atende hoje cerca de 88 comunidades. “Para  7,5 mil pessoas atendidas por mês são recolhidas mais de 250 toneladas de materiais recicláveis e, em troca, entregues 65 toneladas de alimentos”, informou.
O processo de gerenciamento de resíduos domiciliares, recicláveis, tóxicos, vegetais e de serviços de saúde também foi mostrado pela coordenadora, que alertou para o crescimento da geração de lixo na última década. Segundo ela, a quantidade de lixo aumentou 49% nesse período no País enquanto a população passou de 146 milhões para 170 milhões de habitantes, o que corresponde a 16,43%.