Cidadania honorária ao juiz Moro vira debate da política atual

por Assessoria Comunicação publicado 22/03/2016 13h30, última modificação 06/10/2021 08h11
O pedido do vereador Chico do Uberaba (PMN), nesta terça-feira (22), para que seja votada em plenário homenagem ao juiz federal Sérgio Moro, provocou novos debates entre os parlamentares sobre a política brasileira atual. Desde junho de 2015, após passar pelas comissões de Legislação e Educação, o título de cidadão honorário de Curitiba a Moro está apto a ser votado na Câmara Municipal (006.00006.2015). A proposição é uma das 160 que aguardam apreciação em primeiro turno no Legislativo.

O magistrado Sérgio Moro é quem autoriza os procedimentos de investigação da Operação Lava Jato, comandada por uma força-tarefa do Ministério Público Federal, e que hoje chegou a 26ª fase com mais 15 mandados de prisão, 28 conduções coercitivas e 67 de busca e apreensão. Foi o juiz federal quem autorizou que o depoimento do ex-presidente Lula fosse tomado via condução coercitiva e também quem decretou o fim do sigilo sobre as escutas telefônicas  com conversas da presidente Dilma Rousseff.

“Já passou da hora de essa homenagem vir ao plenário”, defendeu Chico do Uberaba. “Olha a situação que o país está passando e a pressão que este homem, o juiz Sérgio Moro, está sofrendo. Qual a moral que a Dilma e o Lula têm para desqualificar a Lava Jato?”, atacou o parlamentar. Aos gritos, Chico reclamou de interferência do líder do prefeito, Paulo Salamuni (PV), na elaboração da pauta de votações – que seria uma competência da presidência da Câmara.

Ailton Araujo (PSC), presidente do Legislativo, respondeu ser de responsabilidade dele a elaboração da pauta de votações, sem se manifestar sobre o caso da cidadania honorária a Moro. Salamuni admitiu discutir a pauta - “eu ajudo”, disse -, por conta dos projetos do Executivo, e disse ter sabido da pendência na véspera, quando Chico do Uberaba também cobrou a votação da cidadania honorária no plenário. Jorge Bernardi (Rede) adiantou que proporá uma mudança no regimento interno, “para tirar dos ombros [da presidência] essa responsabilidade”. “Devia ser o colégio de líderes”, sugeriu.

Lava Jato x Golpe

Em um dos extremos do debate, Chico do Uberaba misturou na sua requisição críticas ao Partido dos Trabalhadores, que foram retomadas pelo Professor Galdino (PSDB). “O PT se isola. O império vermelho está ruindo, está desmoronando”, disse. “A [presidente] Dilma faz um esforço para evitar a demissão do Mercadante do Ministério da Educação, pois a Lava Jato poderia prendê-lo”, criticou Galdino, repetindo que “o Poder é efêmero”.

“Não podemos nos desrespeitar”, rebateu Josete. “As pessoas sobem à tribuna e fazem afirmações. Acusam e não provam. Isso só serve para se colocar na imprensa, mas acaba reforçando a desconstrução da política, como essa notícia agora na rádio Bandnews”, disse a parlamentar. Depois Pier Petruzziello (PTB) também criticaria a mesma atitude, ambos em referência à declaração dada por Galdino aos taxistas sobre os vereadores, do lado de fora do plenário, que foi gravada e enviada à emissora.

“Temos um golpe em curso, que é midiático e judicial. A Ordem dos Advogados do Brasil nos entristece, e também defendeu o golpe militar em 1964. Hoje, às 19 horas, por sinal, haverá um ato no salão nobre do curso de direito da Universidade Federal do Paraná contra isso, em defesa da democracia”, disse Josete. “Nós temos que nos posicionar”, retrucou Petruzziello. “O juiz Sérgio Moro está certo 99% das vezes. Ele recuperou bilhões da corrupção, desmantelou o esquema”, defendeu.

Para Pier, o PT não pode falar em golpe. “Fico imaginando se isso tudo fosse com o PSDB, com o PTB”, comparou. “O Moro e o Dallagnol [membro do MPF que integra a força-tarefa da Lava Jato] estão dando transparência à investigação. O PT liderou o pedido de impeachment do Collor e agora sofre de amnésia. Falar em golpe? Meu Deus. É por isso que tem impeachment na Constituição Federal. Impedimento se dá quando não há mais governabilidade. Collor caiu por muito menos que isso”, encerrou Pier.