CCJ pede ajustes no projeto que cobra limpeza de terreno baldio do proprietário

por José Lázaro Jr. | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 03/03/2022 10h50, última modificação 03/03/2022 11h46
Reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça tratou de três projetos de lei cujos prazos para deliberação terminariam antes do próximo encontro, na terça que vem (9).
CCJ pede ajustes no projeto que cobra limpeza de terreno baldio do proprietário

Com a pandemia, as reuniões das comissões da CMC são feitas por videoconferência. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta quarta-feira (3), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) realizou uma reunião extraordinária, para deliberar sobre três projetos de lei em tramitação na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O destaque foi a decisão de pedir a Leonidas Dias (Solidariedade) para que reavalie sua iniciativa que trata da limpeza de terrenos baldios pela Prefeitura de Curitiba. O relator, Denian Couto (Pode), concordou com a Procuradoria Jurídica da CMC que a proposta precisa de ajustes antes de avançar na CMC.

Quando apresentou o projeto de lei, Leonidas Dias queria criar um mecanismo legal para reduzir o número de terrenos com entulho acumulado em Curitiba. A ideia seria autorizar o Executivo a despoluir os lotes que, mesmo após a notificação dos proprietários para que eles limpem a área, continuam sujos. Nestes casos, equipes próprias ou contratadas pela prefeitura fariam o trabalho, que depois seria cobrado dos donos dos terrenos (008.00267.2021). 

A proposta está em análise na CCJ desde novembro do ano passado, há três meses. Nesse período, Denian Couto pediu a manifestação da Prefeitura de Curitiba sobre a matéria. O Executivo disse ser favorável a haver essa opção de executar e cobrar pelo serviço, se a cidade tiver dinheiro para implantar essa medida, desde que não seja obrigado a fazê-lo. Também alertou que isso não pode prejudicar outro instrumento legal já existente, que é aumentar progressivamente as multas aos proprietários (consulte aqui).

No seu voto, Denian Couto reitera esses pontos e reproduz os alertas da Procuradoria Jurídica da CMC de que há outras normas tratando do tema e de que, da forma como está escrito, o projeto cria obrigações à Prefeitura de Curitiba, “isentando” os proprietários. Pelo Regimento Interno da Câmara Municipal, quando um projeto é devolvido por alguma comissão temática o autor possui prazo de até 120 dias para responder aos apontamentos feitos pelo colegiado, sob pena de arquivamento.

A CCJ, presidida por Osias Moraes (Republicanos), tem Pier Petruzziello (PTB), Beto Moraes (PSD), Dalton Borba (PDT), Denian Couto (Pode), Amália Tortato (Novo), Marcelo Fachinello (PSC), Mauro Ignácio (DEM) e Renato Freitas (PT) na sua composição. Ela é a única comissão da CMC com prerrogativa regimental para arquivar um projeto protocolado no Legislativo, o que faz dela o principal colegiado da Câmara de Curitiba. As reuniões acontecem às terças-feiras, com transmissão ao vivo pelas redes sociais da CMC (confira aqui).

Anexação e arquivamento
“O projeto do vereador Marcos Vieira, que institui a identificação biométrica dos recém-nascidos, não possui nenhum vício”, disse a relatora Amália Tortato, “mas encontramos outra iniciativa semelhante tramitando, do vereador Tico Kuzma [Pros], que prevê o uso de pulseiras com alertas sonoros nas maternidades [005.00194.2021]”. Entendendo que ambos são para proteger os bebês, a relatora recomendou a anexação da proposta de Vieira (005.00292.2021) ao projeto de Kuzma - e foi atendida pela CCJ.

A única discordância entre os membros da Comissão de Constituição e Justiça foi o projeto que cria o programa Agente Jovem Ambiental (005.00245.2021), da vereadora Carol Dartora (PT). A medida foi arquivada por 5 a 3 votos, com vitória da relatora Amália Tortato, que destacou que a criação do programa geraria despesa para o Município, além de criar um cargo público - o do agente ambiental - e fixar a sua remuneração na lei - R$ 340 . “A matéria é de iniciativa privativa do Executivo”, argumentou.

Renato Freitas apresentou um voto contrário, discordando que o agente jovem seria a criação de um cargo público, mas a tese não prosperou na CCJ, apesar do apoio de Dalton Borba e de Denian Couto. “Hoje a proteção ambiental é importante e universal. Eu não consegui visualizar o vício de constitucionalidade”, disse Borba.

Para desarquivar uma proposição, os autores da proposta precisam, dentro de um prazo de cinco dias úteis, reunir o apoio de pelo menos 1/3 dos vereadores, ou seja, 13 assinaturas, para que o parecer seja submetido ao plenário. Se, nesse caso, o parecer de Legislação for aprovado em votação única em plenário, a proposição será definitivamente arquivada. Caso contrário, retorna às comissões para que haja nova manifestação sobre o mérito.