Cartão transporte pode reduzir assaltos, dizem vereadores

por Assessoria Comunicação publicado 03/06/2013 17h35, última modificação 16/09/2021 09h15
Para aumentar a segurança de usuários e trabalhadores do transporte coletivo, vereadores de Curitiba defendem maior utilização do cartão transporte. O tema foi debatido na sessão desta segunda-feira (3) da Câmara Municipal, quando foi aprovada sugestão à prefeitura, para que seja criada campanha educativa incentivando o uso da bilhetagem eletrônica, ao invés de dinheiro. O requerimento, de autoria de Rogério Campos (PSC) e Cristiano Santos (PV), recebeu apoio de diversos vereadores e foi aprovado por unanimidade.

Na opinião de Rogério Campos, é urgente que o poder público adote medidas para evitar assaltos nos coletivos. “Várias mortes já aconteceram e, muitas vezes, tira-se a vida de um trabalhador por causa de valores insignificantes. Para as autoridades pode ser mais um número, mas é um pai de família que vai fazer falta aos seus familiares. Sei que acabar com essa violência é difícil, mas não podemos ficar de braços cruzados, vendo tudo isso acontecer”, protestou.

O parlamentar informou ter participado, na última quarta-feira (29), de paralisação dos trabalhadores do sistema de transporte coletivo, que reivindicava mais segurança. “Somos cobrados nas ruas sobre o que estamos fazendo aqui. Em algumas questões não podemos interferir, pois a lei não permite, mas cumpri o meu dever e estive ao lado dos trabalhadores, cobrando providências das autoridades”, relatou.

Por fim, Campos questionou sobre a aplicação da lei municipal 13.885/2011, que determina a implantação de sistema de segurança de vídeo monitoramento nos ônibus, estações-tubo e terminais de transporte. “Onde estão estas câmeras que poderiam ajudar a coibir esse tipo de delito”, indagou.

Co-autor do documento, Cristiano Santos criticou a atual política de segurança pública que, segundo ele, dá aos bandidos “a certeza da impunidade”. “Apelamos à prefeitura para a imediata criação desta campanha. Certamente vai reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, o que vai resultar em menor atração às pessoas mal intencionadas”.

Santos ressaltou que, mesmo com maior uso do sistema eletrônico, a função exercida pelos cobradores continuará a ser fundamental. “Diariamente, circulam moradores de outras cidades e estados que dependem do pagamento da tarifa em dinheiro, bem como as pessoas que utilizam o cartão de isento; nesta situação, o cobrador evita as fraudes. Além disso, esses profissionais auxiliam o motorista, atendem os idosos, pessoas com deficiência ou com dificuldade de locomoção e também observam os passageiros que desembarcam, para evitar acidentes”, apontou.

Valdemir Soares (PRB), por sua vez, expressou preocupação com o “não cumprimento de leis pelas empresas de ônibus”. O parlamentar sugeriu que seja montada uma comissão para questionar a Urbs (empresa gerenciadora do sistema de transporte) sobre o que considera um desrespeito às normas municipais. “Sabemos que o cumprimento da legislação cabe às empresas, mas a Urbs é quem gerencia e deve fiscalizar. Até o momento, a lei que proíbe a dupla função e a que cria o sistema de  vídeo monitoramento estão só no papel”, emendou.

Também favoráveis à medida, Zé Maria (PPS) e Bruno Pessuti (PSC) contribuíram para o debate. “Defendo o uso exclusivo do cartão. Estive na Colômbia e lá existe um sistema de monitoramento muito eficiente. Se há suspeitos nos ônibus, imediatamente é cortado o combustível do veículo e as portas são fechadas. Em poucos minutos a polícia chega para abordagem e isto causa temor nos bandidos, o que reduziu consideravelmente o número de assaltos”, relatou Zé Maria.

Já Bruno Pessuti acredita que o uso intensivo do cartão modernizaria o sistema como um todo. “Nas grandes cidade do mundo, não se utiliza mais dinheiro. Por meio da tecnologia, esse cartão poderia servir para que o cidadão utilizasse os mais variados serviços públicos. Seria possível ter acesso a estacionamentos anexos aos terminais, inclusive com acesso às bicicletas”. Outra sugestão do parlamentar é que sejam criados benefícios para quem utiliza o sistema eletrônico, “assim como ocorre na cidade de Maringá, onde quem usa o cartão paga passagem mais barata”.

Comissão

Membro da comissão montada pela prefeitura para avaliar o custo da tarifa do transporte, Jorge Bernardi (PDT) relatou que o grupo deve apresentar relatório final de atividades dentro de 120 dias, “com um diagnóstico completo do sistema”. O vereador informou que a sugestão aprovada pela Câmara estará neste documento, pois é considerada consenso entre os integrantes do colegiado.

“Curitiba tem perdido, em média, 2% de usuários do transporte coletivo por ano e um dos principais fatores é o alto custo da passagem. Além disso, o uso do cartão traria maior controle aos dados, pois hoje não sabemos exatamente quantos passageiros pagam a passagem em dinheiro, mas estima-se que seja em torno de 40%”, observou Bernardi. Para ele, esse melhor controle possibilitaria até mesmo um barateamento do custo. “Baixar tarifa aumentaria o número de usuários e, por consequência, melhoraria o trânsito e a vida de todos”.

Também membro desta comissão, Helio Wirbiski (PPS) finalizou o debate lembrando que o setor recebeu uma série de desonerações, como o ICMS cobrado sobre o combustível e a já anunciada redução de PIS e Cofins pelo governo federal, por exemplo. “A população quer saber se isso vai resultar em um desconto na tarifa ou se esses valores serão incluídos em um plano de investimentos. O que não pode acontecer é estes recursos irem parar nos cofres das empresas, pois elas já ganham muito”, concluiu.