Carla Pimentel presta queixa de Galdino na Delegacia da Mulher

por Assessoria Comunicação publicado 14/09/2016 15h05, última modificação 08/10/2021 08h57
*Em decorrência da situação ocorrida na manhã desta quarta-feira (14), as restrições eleitorais foram flexibilizadas na medida necessária para a devida contextualização do caso, de relevante interesse público.

 

Atualização às 9h de 15 de setembro – Na tarde de quarta-feira, foram tomados na Delegacia da Mulher os depoimentos de Carla Pimentel, Galdino, Bruno Pessuti, Jonny Stica e Rogério Campos. Galdino ficou detido durante seis horas, aproximadamente, e foi liberado depois de assinar um termo circunstanciado de ocorrência de “vias de fato” e “importunação ofensiva ao pudor”. Ao deixar a Delegacia da Mulher, repetiu que "foi um circo armado".


Depois de quase duas horas no 1º Distrito da Polícia Civil, na rua André de Barros, ao lado da Câmara de Vereadores de Curitiba, Professor Galdino (PSDB) foi conduzido no início da tarde à Delegacia da Mulher - segundo investigadores do 1º DP, ele estava detido, por isso foi levado em viatura às delegacias. A vereadora Carla Pimentel (PSC) acusa o parlamentar de tê-la agredido durante conversa, por volta das 10 horas da manhã desta quarta-feira (14), na sala de reuniões anexa ao plenário. A cena foi testemunhada por Bruno Pessuti (PSD), Rogério Campos (PSC), Jonny Stica (PDT) e Beto Moraes (PSDB). Helio Wirbiski (PPS) entrou no ambiente com a situação em curso.


“Foi muito rápido, ele se jogou para cima de mim. [Ele] estava do lado da mesa, foi para cima [da mesa], num golpe de voar para cima de mim. Quando ele veio, eu fui pra trás [com a cadeira], bati na parede, e os vereadores tentaram segurar ele, para ele não terminar a agressão. Mas nisso ele já tinha me agarrado, pegado nas minhas pernas, passado a mão em mim. Ainda bem que tinham outros vereadores para intervir”, disse Carla Pimentel à imprensa. “Nunca achei que ia viver isso, ainda mais na Câmara”, completou. “Ele deu um surto que nem a gente conseguiu entender. Estava conversando normal e depois já estava em cima de mim”, afirmou a vereadora, que disse se sentir “humilhada” com a “covardia”. “Depois ele voltou na sala dizendo que era tudo mentira e que a gente não teria como provar”, contou, dizendo sentir-se ameaçada.

Ela e os outros parlamentares presentes, com quem a reportagem conversou, relatam história semelhante: discutindo suas campanhas eleitorais particulares, Galdino mostra um santinho de tamanho menor, oferece ele à Carla Pimentel, que aceita e guarda o papel no bolso. Instantes depois, o parlamentar teria tentado reaver o santinho à força, resultando na situação descrita pela vereadora. “Foi tudo um circo armado, não aconteceu nada. Eles inventaram isso. Esses vereadores são meus adversários e estão desesperados porque não terão votos”, rebateu Galdino, em breve pronunciamento à imprensa antes de ser conduzido à Delegacia da Mulher.

Sentado ao lado de Carla Pimentel na mesa da sala de reuniões, Bruno Pessuti foi quem “segurou” Galdino. “De repente o Galdino voa por cima da mesa, e a única atitude que eu pude tomar no momento foi segurá-lo, porque ele já estava segurando na Carla, passando a mão na Carla. Foi uma cena lamentável. A mesa é grande, tem quase um metro [de largura], ele se apoiou com o corpo inteiro e foi se arrastando até o outro lado da mesa”, disse aos jornalistas, endossando o testemunho da Carla. No fundo da sala, Stica viu a cena se desenrolar. “Depois que o Bruno segurou ele, pedimos para que ele se retirasse da sala e o acompanhei para fora”, relatou.   

“O Galdino puxou o santinho dele do bolso – ou do irmão dele, não sei – e ele deu um santinho pra Carla. Ela educadamente guardou o santinho no bolso. E, de repente, do nada, o cara começou "me dá meu santinho", "me dá meu santinho", e pula por cima da mesa, começou a agredir e passar a mão nela. Daí foi segurado”, repetiu Rogério Campos, logo após o ocorrido. A reportagem não conversou formalmente com Beto Moraes e Helio Wirbiski.

Carla chamou a Guarda Municipal (GM) ainda durante a sessão plenária, que seguiu com os vereadores até o 1º Distrito Policial. Galdino, depois de ir ao seu gabinete, foi ao local na viatura da GM. O assunto repercutiu em plenário durante toda a manhã, com diversas manifestações em apoio à vereadora. Até o fechamento desta matéria, Carla Pimentel e os vereadores que testemunharam o ocorrido – Rogério Campos, Bruno Pessuti e Jonny Stica não tinham prestado depoimento. Galdino também não havia sido ouvido ainda.

Desagravo dos vereadores
Encerrada a ordem do dia e a votação de requerimentos, quatro vereadores subiram à tribuna desagravar Carla Pimentel (PSC), que denunciou ter sido agredida física, sexual e moralmente pelo Professor Galdino (PSDB). Os parlamentares ainda citaram episódios anteriores e a representação da Diretoria de Comunicação contra Galdino, enviada à Corregedoria. O presidente Ailton Araújo (PSC) leu o inciso 14 do artigo 8º do Código de Ética, anexo ao Regimento Interno, de que “a prática de assédio moral contra qualquer servidor da Câmara ou contra qualquer pessoa sobre a qual o vereador exerça ascendência hierárquica” é procedimento punível com a perda do mandato.

Jorge Bernardi (Rede) foi o primeiro a subir à tribuna e declarar solidariedade à vereadora, no horário das lideranças. “Quero lamentar profundamente o ocorrido nesta manhã aqui na Sala dos Vereadores. É um momento muito triste. Vamos analisar todos esses fatos no Conselho de Ética [do qual ele faz parte, assim como Carla Pimentel]”, afirmou.

A Professora Josete (PT) defendeu a cassação do mandato de Galdino: “Acredito que a Corregedoria e o Conselho de Ética têm que agir rapidamente e cassar o mandato. Normalmente ele assedia as pessoas quando elas estão sozinhas. Um dia a máscara cai, e hoje é esse dia. Espero que várias funcionárias que se calaram por medo venham a público”. “Quando falamos aqui muitas vezes sentimos que há numa certa contraposição ao que a gente coloca à questão do assédio que a mulher recebe. Assédio moral, assédio sexual. E isso aconteceu aqui ao lado, com o testemunho de vários vereadores. Não podemos deixar de citar o ocorrido em relação à Assessoria de Imprensa desta Casa, quando ele usou palavras de baixo calão e agrediu verbalmente os servidores”, continuou a parlamentar.

Felipe Braga Côrtes (PSD) citou o episódio de 2013, quando Galdino o acusou de empurrá-lo em plenário. O vereador, na ocasião, alegou que Galdino se jogou. “Faço aqui o pedido a meu ex-partido, o PSDB” para “analisar a conduta de seu vereador”, disse o parlamentar, que chamou o denunciado de “farsante”.

Depois de usar a palavra no horário destinado à Rede, Bernardi retornou à tribuna para falar como líder da oposição, bancada da qual Galdino faz parte: “Como membro do Conselho de Ética, gostaria de dizer que vamos analisar com rigor estes fatos. A oposição se posiciona no sentido de solidariedade e contra qualquer tipo de violência contra qualquer parlamentar, e se a violência for contra uma mulher o fato é mais grave”.

Líder da situação, Paulo Salamuni (PV) cumprimentou os vereadores que testemunharam a suposta agressão por terem “mantido a serenidade”. “É preciso levar a fundo dentro do Regimento o que aconteceu aqui.” Ele completou que “não é possível alguém ter tanta leviandade, utilizar de uma forma tão indevida o mandato popular, brincando com o Parlamento e com as pessoas”. “Nós aqui defendendo os direitos iguais, os direitos das mulheres, que já são poucas aqui [na Câmara]… e ainda serem vítimas da falta de respeito de alguém que utiliza este Parlamento de uma forma completamente desfigurada. Tudo há limite. Meu desagravo à vereadora Carla e a todos os agravados [em referência às declarações sobre jornalistas da Casa, no final de agosto].”