Câmara vai propor regulamentação de atividades esportivas em parques
Em uma audiência pública que ocorreu na Câmara Municipal, durante a tarde desta quinta-feira (21), foram apresentadas as demandas das assessorias esportivas, que auxiliam na prática de corrida e promovem treinos em parques e praças da cidade. O evento ocorreu no auditório do Anexo 2 do Legislativo, por iniciativa da vereadora Maria Letícia Fagundes (PV). Como resultado, ela adiantou que entrará em contato com as secretarias municipais envolvidas para debater um projeto de lei que regulamente o uso dos espaços públicos por estes profissionais.
“Anotei diversos pontos que foram levantados aqui, como a questão de parques talvez mais atrativos; o mapeamento de parques e praças; o rodízio [entre as assessorias nos parques]; o cadastro [das assessorias] para ter o entendimento do tamanho disso tudo; achei bem interessante a questão da contrapartida [das assessorias ao município, por estarem utilizando um espaço público para uma atividade remunerada]; a questão da inclusão a gente tem que pensar sempre; e a questão da segurança nos parques. Logo terão notícias”, garantiu.
“Entendemos que está havendo ampliação de entidades que buscam esses espaços para atividades”, disse o secretário municipal do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), Emílio Trautwein, “mas precisa regulamentar”. “Somos apoiadores e entendemos que é necessário que a legislação acompanhe o desenvolvimento dentro de todas as áreas da prefeitura.”
O presidente da Associação dos Técnicos de Corrida de Rua de Curitiba, Anderson Machado, fundada em 2008, contou que o que regeu as assessorias até agora foi um diálogo que houve em 2010 com a Secretaria do Meio Ambiente.“Uma das nossas preocupações eram os parques porque começaram a aparecer tendas e outros equipamentos. Procuramos a secretaria do Meio Ambiente e disseram que não havia regra de utilização para isso mas poderia se criar algumas diretrizes, normas do que as assessorias poderiam utilizar nos espaços públicos.” Segundo ele, a entidade orienta seus associados sobre as regras, mas muitos profissionais de educação física “não têm noção de que existem regras pra utilizar o parque”.
De acordo com Machado, hoje existem 64 assessorias oficialmente regulamentadas que seguem as normas. “O Barigui é o mais visado e tem em torno de 32 assessorias. A média semanal é de 18 mil atendimentos.” Ele sugeriu que seja feito um trabalho pela educação das pessoas sobre como utilizar estes espaços.
O gerente do departamento de parques e praças da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), Jean Brasil, disse que há muita demanda para o Barigui, mas outros parques podem ser explorados e que há de se pensar primeiro no coletivo. “O patrimônio é coletivo, temos diversas situações na cidade em que estamos dizendo não pra alguém. É difícil conciliar interesses, precisamos achar um caminho, regulamentando, para que todos tenham seu espaço.” Segundo ele, era um acerto informal o que foi realizado em 2010, e permitia o uso de acessórios como dois guarda sóis e oito colchonetes. “De lá pra cá mudou um pouco. Está tendo montagem de tendas e estruturas incompatíveis no espaço público.”
O superintendente da Sema, Reinaldo Piloto, lembrou que antigamente os parques eram para contemplação. “Mas a prática dentro do parque deixou de ser passiva para ser extremamente ativa. Todos querem ir para executar alguma atividade.” Para ele, existem diversas situações ocorrendo ao mesmo tempo nestes lugares e é preciso pensar neste todo. “"Eu quero levar meu neto para andar de patinete e não quero ser atropelado por alguém de bicicleta", ou "sou mãe e quero ficar sentada com meu nenê no sol", as pessoas têm que enxergar todas essas necessidades. Você está no parque e não deverá ser incomodado por qualquer som ou propaganda.”
O presidente da Associação Yoga no Parque, Silvio Cezar Penzo Lopes, contou que a instituição já atendeu 70 mil pessoas de forma gratuita nos parques. Ele lembrou de um episódio que ocorreu em abril deste ano, quando foram proibidos da prática de yoga no Jardim Botânico. Na época, o prefeito Rafael Greca chegou a pedir desculpas ao povo curitibano e informou que os praticantes deveriam ter um local mais apropriado para realizar suas atividades (leia mais). “Acredito que a ocupação dos espaços públicos diminui a violência”, complementou.
Saúde
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Marcelo Leitão, a ideia de que a atividade física faz bem à saúde já esta consolidada, mas é preciso mudar o quadro de sedentarismo atual. “A Organização Mundial de Saúde está preocupada com a dificuldade de modificar esse panorama do sedentarismo, com uma visão pra um mundo mais ativo.” Para ele, é necessário criar “sociedades ativas, ambientes ativos, pessoas ativas e sistemas ativos” e que a atuação das assessorias esportivas colabora para isso.
O vereador Goura (PDT) questionou se desenvolver a mobilidade ativa contribuiria para mudar a realidade da população sedentária. “Quando a gente pensa no combate ao sedentarismo é multifatorial. A corrida vai atingir um determinado segmento da população, mas temos que atingir outras pessoas”, apontou o médico, que entende ser necessário combater o sedentarismo de várias formas, “sendo em usar uma bicicleta para ir ao trabalho ou ir à academia”. “A mobilidade urbana tem outro aspecto interessante porque além de trazer benefício para o indivíduo, beneficia também o meio ambiente.”
Marcelo Hagebock, do Conselho Regional de Educação Física, reforçou a necessidade de estimular o atendimento por profissionais qualificados. “A gente sabe que corrida de rua acontece muito nos parques e isso já é um fato marcante na vida do curitibano, temos que fazer com que as pessoas sejam atendidas da melhor forma possível.” Também esteve presente Carlos Alberto Paes, da Secretaria Municipal de Urbanismo e o diretor de esportes da Smelj, Carlos Pijak.
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