Câmara vai acompanhar sindicância do atendimento a Raiz
O diretor-superintendente do Hospital São Vicente, o médico Marcial Carlos Ribeiro, prestou esclarecimentos à Câmara Municipal de Curitiba sobre o atendimento ao ex-prefeito Saul Raiz, baleado em tentativa de assalto na região central, no último sábado (16). Ele disse que a comissão interna de sindicância instalada para apurar o caso terá um parecer no prazo de 15 a 30 dias. Foi acertada, durante a Tribuna Livre desta quarta-feira (20), a participação da Comissão de Saúde, Bem Estar Social e Esporte do Legislativo no grupo, que também reúne uma procuradora do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
O convite para a participação de Marcial partiu do vereador Dirceu Moreira (PSL), que na véspera havia apresentado à Casa nota de esclarecimento do hospital. Segundo o médico, qualquer resposta neste momento sobre a existência de omissão no atendimento a Raiz seria “no mínimo, precipitada”. Ele relatou que imagens do sistema de monitoramento mostram que o ex-prefeito chegou andando e que permaneceu no local por 62 segundos, antes de ser conduzido ao Evangélico, no próprio veículo, por manobrista do estacionamento terceirizado do São Vicente, o que “não poderia ter sido impedido”.
Marcial e o diretor técnico da instituição, o médico Carlos Motta, esclareceram, após questionamentos de diversos vereadores, que o manobrista foi remanejado para outro estacionamento da empresa na qual trabalha, e não demitido. O mesmo procedimento foi adotado em relação aos profissionais do hospital envolvidos no atendimento, realocados devido à sindicância. Eles também afirmaram que cabe à comissão interna apurar os fatos e repassar as conclusões aos órgãos responsáveis. Ainda de acordo com Motta, estão sendo ministrados treinamentos aos funcionários para a condução de situações semelhantes.
O debate levou o diretor-superintendente do hospital a justificar que o São Vicente não possui pronto socorro, e sim pronto atendimento, com “portas abertas” apenas para a cardiologia e a neurologia. “Não há hospital em Curitiba com equipes disponíveis de todas as especialidades. O atendimento seria irresponsável”, argumentou, salvo em caso de “risco imediato”. O médico falou sobre sua trajetória e a história da instituição, que deve ganhar nova sede na Cidade Industrial de Curitiba. “Parece que quando as crises existem, se sobrepõem.”
Diversos vereadores se manifestaram. Apesar de elogios à lisura do São Vicente, o atendimento ao ex-prefeito foi bastante criticado. A segunda vice-presidente da Câmara, Julieta Reis (DEM), questionou se Marcial admite a ocorrência de “falha grave”, e que o deslocamento ao Evangélico deveria ter sido realizado por ambulância. O presidente da Casa, Paulo Salamuni (PV), apoiou que a discussão seja aprofundada nas comissões permanentes. Autor do requerimento para a realização da Tribuna Livre, Dirceu Moreira, que já trabalhou no hospital, disse que o convite não foi para julgamento da instituição, e que também não se pode mascarar a falta de segurança, outro grande problema da cidade.
Jorge Bernardi (PDT), dentre questionamentos apresentados ao diretor-superintendente, lembrou que o hospital é uma instituição filantrópica. Também se manifestaram o líder do prefeito, Pedro Paulo (PT), a líder da oposição, Noemia Rocha (PMDB), e os vereadores Carla Pimentel (PSC), Chicarelli (PSDC), Cristiano Santos (PV), Chico do Uberaba (PMN), Valdemir Soares (PRB), Aldemir Manfron (PP), Jonny Stica (PT), Mestre Pop (PSC), Colpani (PSB) e Rogerio Campos (PSC). Para finalizar, Salamuni cumprimentou Marcial pelo ato de cidadania de prestar esclarecimentos à Câmara espontaneamente.
Sindicância
A comissão interna de sindicância para apurar o caso deve se reunir novamente na próxima segunda (25), às 11h. O colegiado de Saúde da Câmara de Curitiba será representado pelo vereador Chicarelli, graduado em Odontologia e em Farmácia.
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