O auditório do Anexo 2 da CMC foi o palco, na tarde dessa quinta-feira (15), para o lançamento do livro “Vereadoras de Curitiba”, da cientista social Jeanette Soares. Resultado de três anos de pesquisa, para tese de mestrado da autora em Ciência Política, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), a obra fala da participação da mulher na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). O evento foi realizado por iniciativa da Comissão Executiva.

Com 228 páginas, o livro está estruturado em sete capítulos e tem o selo da editora Dialética. O foco da pesquisa são as vereadoras eleitas entre 1982 e 2016. No entanto, o resumo da publicação destaca que, apesar de a Câmara Municipal ter sido fundada em 1693, somente em dezembro de 1947 é que uma mulher tomou posse no Legislativo de Curitiba. O marco histórico é da professora Maria Olympia Carneiro Mochel, aos 21 anos de idade.

Nas eleições de 1935 - uma breve reabertura da CMC durante a Era Vargas -, apesar das mulheres já terem conquistado o direito de ir às urnas e ser votadas, Curitiba não teve candidatas à Câmara Municipal, enquanto outras cidades paranaenses, como Antonina, registraram mulheres na disputa. De 1947 até 2020, 28 vereadoras chegaram ao Legislativo da capital, número ainda menor que o total hoje de parlamentares – ou seja, 38 cadeiras.

Durante o evento, a autora agradeceu às vereadoras e aos ex-vereadoras pela recepção durante o processo de pesquisa. “As vereadoras que se elegeram é resultado de uma vida de luta”, afirmou. Jeanette frisou também o levantamento da galeria “Vereadoras na Política de Curitiba”: “A Comunicação da Câmara também foi muito importante.”

A cientista política ainda ressaltou o papel das câmaras municipais, que os pesquisadores geralmente deixam de lado, para estudar o Congresso Nacional. “O Legislativo dos Municípios é o espaço de poder mais próximos dos cidadãos, de uma maneira geral”, justificou. “Eu quis fazer a opção de estudar o Legislativo", reforçou Jeanette.

Saudações
O lançamento reuniu vereadores, diretores e servidores da Casa, pesquisadores, representantes de movimentos sociais e do Executivo. Doutoranda em Ciência Política, a professora Geissa Franco concordou que “a gente [pesquisadores] muitas vezes renega os legislativos municipais”. Ela também elogiou a obra: “Cada capítulo dela é uma dissertação de mestrado. O que ela fez é uma mais que uma tese de doutorado”.

“É uma honra, professora Jeanette, a Câmara Municipal receber o lançamento deste livro”, saudou o presidente da Casa, Tico Kuzma (Pros). Hoje, a participação feminina no Legislativo, salientou, vive “um momento muito significativo”. A Comissão Executiva do biênio 2021-2022, lembrou, pela primeira vez teve duas mulheres: Flávia Francischini (União), a primeira-secretária, eleita deputada estadual, e Professora Josete (PT), segunda-secretária.

“Sabemos da dura caminhada das mulheres para ocupar esses espaços de poder, tanto no Legislativo quanto no Executivo”, disse Professora Josete. Nos espaços privados, acrescentou, ainda há diferenças de salário entre homens e mulheres que têm a mesma função. A vereadora ainda destacou que a Mesa Diretora confiou a diretoria-geral, cargo mais importante da estrutura organizacional da CMC, a uma servidora de carreira, a contadora e advogada Jussana Marques, que também prestigiou o evento.

A presença da mulher na política, avaliou a vereadora Maria Leticia (PV), procuradora da Mulher na CMC, “é uma construção de muitos anos, nada vem sem muito trabalho”. “É preciso que a gente avance nesses espaços”, complementou. Marcelo Fachinello (PSC) observou que outro marco da 18ª legislatura foi a eleição da primeira vereadora negra de Curitiba, Carol Dartora (PT), que em 2023 será empossada na Câmara dos Deputados. “Ficam sempre as portas da Casa abertas”, acrescentou. Mauro Bobato (Pode) brincou que falta, agora, uma mulher presidir a Casa.

Vereadora de Curitiba entre 2003 e 2004, na 13ª legislatura, e uma das personagens do livro, Márcia Shier também prestigiou o lançamento da publicação. “É sempre uma grande honra retornar a esta Casa”, afirmou. Assessor de Relações Internacionais da Prefeitura de Curitiba, Rodolpho Zannin Feijó representou o Executivo. Ele é filho de outra ex-vereadora: Marlene Zannin, da 9ª legislatura, entre 1983 e 1988. Também acompanharam o evento, dentre outros convidados, Alzimara Bacellar, da Federação de Mulheres do Paraná; a professora da UFPR Desiree Salgado, que foi candidata ao Senado em 2022; e Rosani Moreira, da Marcha Mundial das Mulheres.

Confira, no Flickr da CMC, o álbum do lançamento do livro “Vereadoras de Curitiba”: