Câmara recebe moradores do Santa Cândida sobre acampamento
Na manhã desta segunda-feira (16), a Câmara Municipal de Curitiba recebeu moradores do Santa Cândida que estão insatisfeitos com o acampamento de simpatizantes pelo ex-presidente Lula. Eles estavam acompanhados do delegado Algacir Mikalovski, presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal. “Independente das questões políticas que envolvem o tema, a segurança e o conforto da população do bairro devem ser prioridade”, defende o delegado.
Ele explicou que o prédio sede da Polícia Federal no Santa Cândida não é um estabelecimento prisional. Mikalovski disse que, no dia 11 de abril, o sindicato encaminhou um pedido à Superintendência da Polícia Federal e à juíza da execução da pena solicitando a transferência de Lula para outra instituição. “Queremos evitar a exposição de riscos para os próprios moradores”, esclareceu. O presidente da Câmara, Serginho do Posto (PSDB), explicou que a Câmara tratará o assunto “com muita cautela e responsabilidade”. Da reunião, também participaram o corregedor da Câmara, vereador Dr. Wolmir Aguiar (PSC), Felipe Braga Côrtes (PSD) e Rogério Campos (PSC).
Foi Campos que levou o assunto à tribuna. Ele disse que esteve no local neste fim de semana e afirmou que “o acampamento trouxe transtorno para o Santa Cândida, que sempre foi um bairro tranquilo”. “O que está acontecendo é desumano. Os moradores pedem que a gente vá até a governadora, para que ela tome uma atitude. São pessoas honestas que pagam seus impostos e que, agora, não podem entrar ou sair de suas casas”. O vereador apresentou um vídeo, gravado por um dos moradores, mostrando a realidade da região.
Braga Côrtes acompanhou o protocolo de um pedido de providências do movimento Curitiba Contra a Corrupção. O vereador disse que também esteve na região para “averiguar as condições” e destacou que os moradores reclamaram “do mau cheiro e do barulho”. “Alguma coisa tem que ser feita. Contem com a Câmara”, afirmou.
Para Osias Moraes (PRB), mais de 700 pessoas que estão acampadas no Santa Cândida provocam inúmeros transtornos. “Não vou discutir o valor da multa ou o interdito proibitório, nem criticar o direito dos manifestantes. Venho falar de uma parcela da sociedade que tem sido altamente prejudicada em seu direito de cidadania: moradores do Santa Cândida e arredores e pessoas que precisam da Polícia Federal”. De acordo com o vereador, [os manifestantes] “estão totalmente errados quando querem impor suas escolhas como sendo as únicas certas”.
Já para Professora Josete (PT), o acampamento dos manifestantes não atrapalha em nada o ir e vir dos moradores do bairro. “O que está acontecendo é o direito constitucional de livre manifestação de todos os cidadãos e cidadãs”, defende a vereadora. Ela discordou de alguns pontos do vídeo mostrado pelo vereador Rogerio Campos. “Os manifestantes não dão bom dia ao ex-presidente Lula às 6 da manhã. Isso acontece entre 9h e 9h30. E as atividades são encerradas entre 20h e 20h30, em respeito aos moradores”, completou. Ela também apresentou um vídeo de uma moradora da região que apoia o movimento.
“Está acontecendo uma manifestação de diversos partidos e movimentos sociais que entendem que nossa Constituição [Federal] foi rasgada, que nós temos um ex-presidente que foi preso de forma injusta. Defender o Lula é defender a democracia no país”, diz a vereadora. Ela disse que tem certeza de que “70% dos moradores entendem o movimento”. “No início, a mídia mostrou o movimento como sendo de pessoas desocupadas e bandidos, mas com o tempo, a população percebeu que são pessoas pacíficas”. A vereadora pontuou que o acampamento tem recebido alimentos e roupas em doação. “Importante destacar que no dia da chegada do ex-presidente Lula as pessoas foram atingidas de forma covarde por balas de borracha sem nenhuma ação que justificasse essa atitude por parte da Polícia Federal”.
Noemia Rocha (PMDB) viu com tranquilidade o direito de manifestação. “Se tiramos o deles, vão tirar o nosso também”, disse ela. De acordo com a vereadora pode haver discordância quanto ao mérito da manifestação, mas não quanto à manifestação propriamente dita.
Debates em plenário
Essa é a quinta vez em 15 dias que vereadores discutem temas relacionados à prisão de Lula. No dia 2 de abril, as justificativas de três faltas de Professora Josete foram barradas pelo plenário por ela ter participado da caravana do ex-presidente. Nos dois dias seguintes, o tema discutido por Thiago Ferro, Josete e Felipe Braga Côrtes foi a votação do habeas corpus de Lula no STF. No dia 9 de abril, dia seguinte à prisão de Lula, Goura (PDT) e Josete lamentaram, enquanto Osias Moraes (PRB) comemorou e Cristiano Santos (PV) repudiou os ataques sofridos por jornalistas durante a cobertura da imprensa (leia mais). Com o aumento da concentração de populares ao redor do prédio da PF no Santa Cândida, diversos vereadores apresentaram argumentos contrários e favoráveis às manifestações.
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