Câmara quer remodelação das barracas da Feira do Largo da Ordem
"Ninguém é contra [as novas barracas], os artesãos lutaram muito pela substituição. O problema é que os mais interessados, e que sabem do que precisam, não foram ouvidos”, reclamou Marcos Vieira (PDT), autor da sugestão. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou uma nova sugestão ao Poder Executivo relacionada ao projeto das novas barracas da Feira do Largo da Ordem. Depois de, na segunda-feira (26), recomendar a notificação da empresa que produz as unidades, agora os vereadores e vereadoras da capital querem que a Prefeitura pare de distribuir os novos modelos aos feirantes. O novo debate aconteceu nesta quarta-feira (28), com a aprovação de uma nova indicação ao Poder Executivo.
Autor da sugestão aprovada, Marcos Vieira (PDT) contou que, das 900 barracas licitadas, 30 foram entregues em dezembro e outras 200 entregues em janeiro; e os feirantes estão insatisfeitos com o modelo projetado. “O tema [a substituição das barracas] já é um grande grito dos artesãos de Curitiba. Chegamos ao jargão popular que já conhecemos: ‘a tragédia anunciada’. […] Sabemos que ninguém é contra [as novas barracas], os artesãos lutaram muito pela substituição. O problema é que os mais interessados, e que sabem do que precisam, não foram ouvidos”, reclamou.
Ainda durante a defesa da sugestão ao Executivo, o vereador citou a justificativa (205.00060.2024). “Segundo eles [os artesãos], os principais problemas enfrentados envolvem: a altura das barracas, com o toldo muito alto, o que tem dificultado tanto para pendurar os produtos como para pendurar as lonas para proteção; ainda sobre o toldo, ele não aguenta peso, fazendo com que os próprios artesãos encontrem formas de reforçar a sustentação para poder expor seus produtos; pelo formato de pirâmide, além de entrar água pelo topo e jogar água para todos os lados, nos dias de sol se forma uma estufa dentro da barraca.”
Os feirantes também reclamam que a mesa formada por duas madeiras faz com que a água escorra entre elas e que o móvel tem soltado uma espécie de tinta, que mancha os produtos. Eles complementam que, mesmo com ventos moderados, a estrutura não parece aguentar o vento, exigindo a colocação de pesos na parte inferior, e que falta de uma prateleira inferior, embaixo da mesa, para organização e até mesmo proteção dos produtos. “Fora ainda outros problemas, como a lona de proteção fabricada nas dimensões erradas, sendo pequenas em altura e largura, também frestas identificadas em várias partes das barracas e uma série de outros prejuízos, incluindo ferrugem em menos 1 mês, toldos já rasgados”, completou Marcos Vieira.
O autor do pedido de suspensão da distribuição das barracas reforçou, ainda, que os problemas poderiam ter sido evitados, pois, desde 2021, quando o protótipo da nova barraca foi apresentado pelos feirantes, eles já haviam alertado que o modelo não atenderia às necessidades de quem trabalha na Feira do Largo da Ordem. “Ao longo de 2022 e 2023, mesmo com inúmeras possibilidades de debate e até com audiência pública realizada nesta Casa, os artesãos alegam que as reivindicações não foram atendidas. Até mesmo um abaixo-assinado entregue com 345 assinaturas pedindo por um modelo de barraca que realmente contemplasse as necessidades dos artesãos não foi considerado”, disse.
Vereadores de Curitiba endossam reclamações dos feirantes
A discussão que antecedeu a aprovação da indicação teve a participação de seis vereadores e vereadoras. Para Alexandre Leprevost (Solidariedade), os interessados na licitação “não tiveram voz”. “Por isso não deu certo. […] Os feirantes tentaram expor que o projeto estava errado, para chegar agora e implementar as barracas de forma errada. O que seria isto? Incompetência, arrogância, soberba, prepotência dos responsáveis na execução deste projeto? Seria desconsideração com estes trabalhadores que se dedicam e buscam sustento para suas famílias?”, analisou.
“Concordo que quem tem que decidir se as barracas servem ou não são os feirantes, quem faz a feira são os feirantes. […] Esta barraca, no modelo que foi apresentado, não serve para os feirantes”, completou Rodrigo Reis (União), se comprometendo a exigir que uma reunião entre a categoria e o Ippuc aconteça o mais rápido possível. “Nós queríamos a mesma barraca que está lá há 40 anos, só que novas”, disse ele, que também apresentou sugestão para que a Prefeitura de Curitiba notifique a empresa vencedora da licitação e para que promova adequações urgentes nas barracas da Feira do Largo da Ordem. Aprovada na última segunda-feira, a indicação (205.00045.2024) cita os prejuízos com as fortes chuvas do dia 4 de fevereiro.
“Muitos estavam descontentes com este modelo [de barraca] e demonstraram este descontentamento. Esta falta de diálogo é sempre um exemplo para a gente entender que não é assim que se faz. […] É preocupante sim, e precisamos cada vez observar e atuar juntos para fortalecer estes feirantes”, afirmou Giorgia Prates – Mandata Preta (PT). Colega de bancada, Professora Josete (PT) reforçou as críticas de que a experiência dos artesãos não foi respeitada: “Não é possível que as pessoas que vivem, que têm experiência daquele espaço, não sabem do que estão falando. Nós somos favoráveis à renovação da feira. É um ponto turístico, traz retorno para a cidade de Curitiba. É um atrativo.”
Também participaram da discussão os vereadores Eder Borges (PP) e Maria Leticia (PV). A liderança do governo na Câmara de Curitiba não se posicionou sobre o tema.
Reclamando das cheias, vereador pede desassoreamento no rio Barigui
Toninho da Farmácia (União) pede que a Prefeitura de Curitiba execute obras de desassoreamento no rio Barigui, em três trechos: do curso do rio até a Rodovia do Xisto (205.00046.2023); no trecho entre a rua Vicente Michelotto, até o fundo das empresas da rua Martha Gembaroski Tuleski, na Vila Verde (205.00047.2023); e no trecho entre a rua Martha Gembaroski Tuleski e a calha de captação de água, próximo à rodovia, no Vitória Régia (205.00048.2023). “Dentro do rio existem grandes bancadas de areia e ,com as fortes chuvas, a água está retornando e invadindo as residências, trazendo prejuízo aos moradores”, justificou.
Votadas em turno único e de maneira simbólica (sem o registro no painel eletrônico), as indicações de sugestão são um tipo de proposição diferente dos projetos de lei. Elas recomendam ações para serviços de competência apenas do Poder Executivo. Ou seja, apesar de serem uma manifestação legal dos vereadores, submetidas ao plenário, as sugestões não são impositivas. Cabe à administração municipal avaliar e acatar, ou não, cada proposta.
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