Câmara promoverá audiência pública para debater merenda escolar
Nesta quarta-feira (20), a Comissão de Educação, Cultura e Turismo reuniu-se com a diretora de logística da SME (Secretaria Municipal de Educação), Maria Cristina Brandalize, e com a presidente e a vice do Conselho de Alimentação Escolar (CAE), Patrícia Samofal e Charlene Weirich Maulaz. Decidiu-se que o debate sobre a qualidade da merenda escolar em Curitiba continuará, podendo ser realizada uma audiência pública neste semestre, além de aberta uma comissão mista, com membros do Executivo, do Legislativo e do CAE, para fiscalizar a prestação do serviço.
Brandalize disse aos vereadores que são servidas 285 mil refeições por dia na rede municipal de ensino, com 500 cardápios diferentes. “O modelo de terceirização não é de agora”, lembrou a diretora de logística da SME, “e foi se consolidando ao longo do tempo”. “Hoje cada escola tem uma pessoa, que é a conferente, que quando chega a comida fica responsável por vistoriar a entrega, experimentar a comida, abrir os hot boxes e comunicar qualquer problema, pois se for detectado nessa hora, ainda dá tempo de trocar”.
A gestora da SME informou que, usualmente, os responsáveis por isso são os diretores dos estabelecimentos de ensino, “mas nós os encorajamos a delegar a tarefa, para não acumular tarefas”. “A Secretaria de Educação ofereceu 19 cursos de capacitação para os conferentes em 2016. Neste ano, já foram três cursos”, complementou Brandalize. Para a nutricionista Patricía Samofal, presidente do CAE, o ideal seria que Curitiba se adequasse à recomendação do Conselho Federal de Nutricionistas.
“Temos só três nutricionistas [na prefeitura], quando o ideal seriam 56”, comentou. “Lógico que sabemos que esse é um número muito expressivo, então temos dialogado no sentido de ter pelo menos uma profissional em cada regional”, acrescentou Patrícia. Essa sugestão foi bem recebida pela diretora de logística. Os dados foram apresentados aos vereadores Professor Euler (PSD), presidente da Comissão de Educação, Geovane Fernandes (PTB), Marcos Vieira (PDT), Mestre Pop (PSC) e Professor Silberto (PMDB). O vereador Goura (PDT), um dos autores da proposição, participou da reunião e defendeu que a Comissão de Educação tome a frente deste debate em Curitiba.
A vice-presidente do CAE, Charlene Maulaz, comentou que os conferentes, “ocupados com outras funções, podem deixar [a atividade] em segundo plano”. Também apontou que existem problemas de apresentação da comida, como arroz que passou do ponto, macarrão que ao ser mal acondicionado “fica grudado”. Brandalize comentou dizendo que a SME discute mudar a entrega de alguns pratos, hoje feita em copos de plástico descartáveis, para cumbucas e canecas. “Não quer dizer que a comida é pior por estar servida nos copos, mas estamos sensíveis às questões de apresentação”, comentou. Ela disse que essa mudança foi aventada nos anos anteriores, mas houve resistência dos diretores das escolas.
Da conversa entre os vereadores, SME e CAE surgiu a ideia de que a prefeitura possa testar alternativas ao modelo atual, conforme cogita fazer com a contratação de uma organização social para gerir a UPA da CIC (leia mais). Falou-se da necessidade de aumentar a quantidade de prestadoras de serviços e de reabrir cozinhas em algumas unidades da rede municipal. “Temos que diversificar para comparar”, defendeu Charlene. A nutricionista lembrou que isso estaria alinhado à defesa atual de um resgaste da alimentação mais natural. “No Paraná, apenas três municípios terceirizam [a merenda]”.
O encontro foi um desdobramento dos debates em plenário que se seguiram à discussão do projeto “Segunda Sem Carne”. Na ocasião, base e oposição trocaram acusações sobre a qualidade da comida servida aos estudantes (leia mais). Além do debate inicial com a SME e o CAE, a Comissão de Educação também deliberou a respeito de 11 proposições (leia mais).
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