Câmara promove sessão solene para o lançamento do livro “Almas Castrenses”
A Câmara promoveu nesta quinta-feira sessão solene com o lançamento do livro “Almas Castrenses”. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Nesta quinta-feira (20), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) realizou uma sessão solene para o lançamento do livro “Almas Castrenses nos Logradouros Públicos de Curitiba”, de autoria do major QOPM João Carlos Toledo Júnior. A obra traz dados biográficos sobre militares (policiais e bombeiros) pertencentes à Polícia Militar do Paraná (PM-PR) cujos nomes denominam ruas, avenidas, praças e outros logradouros de Curitiba. A cerimônia foi presidida pelo vereador Tico Kuzma (Pros), presidente da Câmara e proponente da sessão solene.
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Também compuseram a mesa, além do vereador Kuzma e do autor do livro as seguintes pessoas: coronel Altair Mariot, presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Inativos e Pensionistas (Amai); major Gerson Cândido Rocha, representando o coronel QOPM Fernando Raimundo, coordenador estadual da Defesa Civil do Paraná; coronel da reserva Nilson Salata, ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Paraná; coronel Isaías de Farias, presidente do Clube de Oficiais da Polícia Militar do Paraná; major Jaime Antonio de Souza, diretor do Museu da Polícia Militar do Paraná; e Izabela Marchiorato, diretora do Departamento de Processo Legislativo da Câmara Municipal de Curitiba (Deprole). O presidente da Câmara também destacou a presença do vereador Mauro Bobato (Pode), presidente da Comissão de Urbanismo e Obras Públicas, e do major Henrique Ribeiro, presidente da Associação da Vila Militar.
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Kuzma, autor da proposta para a realização da sessão solene, declarou a alegria e a honra da Câmara Municipal de Curitiba sediar esse evento. Para ele, a não valorização do passado significa a perda da memória sobre fatos e acontecimentos de inegável importância para o presente. E nosso passado está estampado em placas com nomes de pessoas que, de alguma forma, contribuíram para a coletividade. “A Câmara se orgulha em exaltar o trabalho do major João Carlos Toledo Júnior, que produziu um livro singular, na medida em que resgata os nomes de policiais - militares e bombeiros - que denominam ruas e praças em Curitiba. Quem foram essas pessoas? Quais foram suas contribuições para Curitiba, o Paraná e o Brasil?”, perguntou o vereador. Ele destacou a presença da capitã Carolina, bisneta do policial Cezinando Dias Paredes, cujo nome denomina uma via no bairro Boqueirão.
Kuzma esclareceu que a publicação dessa obra possibilita o acesso a essas informações e também imortaliza o legado desses militares. Além disso, a obra traz orgulho às famílias dessas personagens. “Para desenvolver sua pesquisa, o major frequentou diversos acervos que contêm documentos sobre a história de Curitiba e do Paraná. Ele esteve no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) e também teve o apoio da Câmara Municipal, representada pela servidora Izabela Marchiorato, diretora do Departamento de Processo Legislativo (Deprole)”. De acordo com o vereador Tico Kuzma, o major Toledo também pesquisou nos arquivos da Hemeroteca Digital Brasileira, serviço online mantido pela Biblioteca Nacional, e manteve inúmeras conversas com familiares dos policiais militares e bombeiros que denominam ruas e praças de Curitiba.
“Além de valorizar a história de nossa gente, essa obra se coloca como uma fonte de consulta importante para aqueles que futuramente se dedicarem à ampliação das pesquisas na área”, disse o presidente da Câmara. De acordo com ele, trata-se de um trabalho que complementa outras pesquisas sobre logradouros já consagradas, como a da professora Maria Nicolas, que publicou entre os anos de 1960 e 1980, os quatro volumes da série “Almas das Ruas”. Mais recentemente, pesquisa similar foi feita pela autora do livro “1001 Ruas de Curitiba”, Camila Muzzillo. “Da mesma forma, a Diretoria de Comunicação da Câmara Municipal de Curitiba realiza o Projeto Nossa Memória, cujo início se deu em 2009. Trata-se de pesquisa que também aborda fatos e personalidades da sociedade curitibana, com ênfase nas questões relativas ao Legislativo Municipal. Além de documentos históricos digitalizados, o visitante do site da Câmara Municipal de Curitiba pode encontrar textos jornalísticos sobre a história de Curitiba e também uma lista de 50 pequenas biografias sobre pessoas que denominaram logradouros em nossa cidade”, ressaltou Tico Kuzma.
Sobre a pesquisa
Na sequência falou o autor major QOPM João Carlos Toledo Júnior que agradeceu a presença de todos, em especial do presidente da Amae que, em associação com o presidente da Vila Militar da PM, prestou apoio ao projeto. O major agradeceu a Deus e a sua família pela compreensão em relação às ausências para a realização dessa obra, que tomou um largo espaço de tempo. O major Toledo lembrou que seu trabalho teve como inspiração inicial o trabalho do capitão João Alves da Rosa Filho, também conhecido como “Capitão Rosinha”, que listou numa edição de 1987, da extinta revista ‘Grito e Guerra’, alguns nomes de militares que batizavam logradouros em Curitiba.
Em contato com o IPPUC, o major teve acesso por meio do servidor Alessandro Dias a uma lista com mais de dez mil nomes que foram aprovados pela Câmara para a denominação de logradouros na capital. “A primeira dificuldade foi separar quais militares eram da Polícia Militar do Paraná e quais pertenciam às Forças Armadas, pois essa informação não constava na lista encaminhada pelo IPPUC. “Foi quando tive acesso ao conteúdo do arquivo da Câmara, por intermédio da servidora Izabela Marchiorato. Na mesma época, também acessei o arquivo da própria Polícia Militar, cuja equipe está representada pelo soldado Saul, também hoje presente a este evento”, disse o pesquisador. Com base nas informações coletadas, os iniciais dez mil nomes foram reduzidos a 200. Ele comentou que há militares cujas patentes não foram citadas no ato da denominação do logradouro, situação que gerou outra dificuldade. “A lei 8.670/95, que tratava, entre outros temas, da denominação de logradouros, não exigia essa distinção”, explicou Toledo.
Ao todo, foram listados 103 nomes: 2 avenidas: João Gualberto e Almeida Garrett; 91 ruas; 4 praças, entre elas a praça Cabo Wagner Sampaio, cujos familiares compareceram ao evento; 2 jardinetes; e 4 travessas. “Entre as travessas, uma me chamou a atenção: a que fica ao lado do Cemitério Água Verde e que leva o nome do capitão Clementino Paraná, herói da resistência durante o Cerco da Lapa, em 1894. Ele também participou da campanha de Canudos, retratada no clássico ‘Os Sertões’, do jornalista Euclides da Cunha”, apontou o major.
De acordo com ele, há também 12 nomes que foram aprovados, mas que ainda permanecem sem identificação visual, isto é, ainda não denominam nenhum logradouro. “Entre eles, Nicolau José Lopes, o primeiro soldado da Polícia Militar do Paraná e o já mencionado Capitão Rosinha”. O pesquisador salientou que atualmente há dois projetos em trâmite na Câmara. Um deles pretende homenagear o major Francisco Mueller e o outro, o recém-falecido coronel Nemésio Xavier, que foi comandante da Corporação. O major Toledo agradeceu a colaboração dos familiares dos homenageados e citou a importância do trabalho da professora Maria Nicolas em sua pesquisa. “A influência da professora Nicolas se verifica já no nome do meu livro, ‘Almas Castrenses’, de clara inspiração na série ‘Almas das Ruas’, publicada pela professora entre 1960 e 1980. Esses livros também apresentavam um levantamento sobre a biografia de pessoas cujos nomes batizaram logradouros de Curitiba”, esclareceu Toledo.
Heróis desconhecidos
Nilson Luiz Cordeiro Salata, coronel da reserva, agradeceu o vereador Tico Kuzma pela realização do lançamento do livro ‘Almas Castrenses’ na Câmara Municipal, órgão público no qual todos esses nomes foram avaliados antes de sua aprovação para a denominação de logradouros. Ele também exaltou a dedicação e o capricho do major Toledo, autor da pesquisa. “No meu entendimento, o livro do major Toledo já se enquadra entre as obras fundamentais para a compreensão e o estudo da história do Paraná. É o reconhecimento da corporação, dos heróis consagrados e também daqueles heróis desconhecidos que tombaram no exercício da profissão, mas infelizmente costumam ser lembrados apenas por suas famílias, amigos e pelos ex-colegas”, disse Salata.
Também se pronunciou o major Gerson Cândido Rocha. Para ele, o sucesso da pesquisa empreendida por Toledo se deve ao seu esforço pessoal e também ao apoio da família. “A primeira vez em que o major Toledo me expôs a ideia do livro, fiquei surpreso com a sensibilidade e a valorização humana que havia na proposta. Afinal, como ele mesmo disse, cada um dos militares que denomina esses logradouros é dono de uma história de vida, deixou um legado que serve de orgulho aos seus familiares e à cidade de Curitiba”, afirmou Rocha, para quem o livro ‘Almas Castrenses’ simboliza o orgulho e a responsabilidade de envergar a farda da Polícia Militar do Paraná.
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