Câmara ouve reivindicações dos agentes de combate às endemias

por Assessoria Comunicação publicado 08/10/2019 13h30, última modificação 11/11/2021 06h51

A sessão desta terça-feira (8) da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) abriu espaço para manifestação dos agentes de combates às endemias, que estão em greve desde o dia 30 de setembro. A categoria pede aumento salarial, melhores condições de trabalho, a criação de um plano de carreira, entre outras reivindicações. Servidores da Prefeitura admitidos por concurso público, os agentes possuem carteira assinada e, portanto, são regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Eles visitam as casas fazendo trabalho preventivo e de combate a doenças, principalmente a dengue.

Professor Euler (PSD) pediu “sensibilidade” ao prefeito Rafael Greca, para que ele receba os agentes, e estabeleça um diálogo sobre as necessidades da categoria. “Eles fazem um trabalho silencioso, que a gente só sente falta quando deixa de ser feito. São 70 profissionais que percorrem os 432 km² de Curitiba combatendo e o controlando doenças como dengue, leishmaniose, chagas e malária”, disse.

O vereador chamou a atenção para o número “reduzido” de agentes, e às condições adversas de trabalho: ambiente insalubre, com vários casos de ataques por cães; risco de contaminação; e atuação em áreas violentas. Euler apoiou o pleito da categoria, de reajustar o salário dos atuais R$ 1.346,00 para R$ 2.018,69. Conforme cálculos apresentados, o aumento teria impacto de aproximadamente R$ 1 milhão por ano, “menos de 10% do que foi gasto [pela prefeitura] com propagandas do Programa Asfalto Novo”.

Apesar de concordar que o “salário é evidentemente baixo”, o líder do governo na CMC, Pier Petruzziello (PTB), garantiu que os trabalhadores foram recebidos pela secretária de Saúde Marcia Huçulak e ponderou que “eles ainda não foram acolhidos no pleito, pois ainda não se chegou a um acordo”. O líder disse ter conversado com os grevistas e reconheceu a importância da função para a cidade, mas lembrou ainda que a função é nacional e a remuneração, apesar de baixa, parece ser maior do que o piso repassado Ministério da Saúde.

Apoio
As vereadoras Noemia Rocha (MDB) e Professora Josete (PT) apoiaram as solicitações e reforçaram o pedido para que os grevistas sejam recebidos pelo prefeito. “É um salário muito baixo, para qualquer cidadão. É vergonhoso, ainda mais nesta área que traz muito risco à saúde. [Com o reajuste proposto], o impacto seria mínimo nos gastos com pessoal”, avaliou Josete. “A falta de prevenção da dengue é muito séria. O prefeito deve ouvir a categoria e efetivar as mudanças. É possível sim, mas falta vontade política”, emendou Noemia, que elogiou a Mesa Diretora por abrir espaço aos servidores.

“São trabalhadores, merecem respeito e têm que ser recebidos, sim. Sabemos das dificuldades orçamentárias, mas o diálogo é necessário”, apoiou Cacá Pereira (DC). “Precisamos buscar este diálogo. Espero que a Câmara sirva como elo, para que seja feito um planejamento, [e haja] ao menos uma resposta”, emendou Tico Kuzma (Pros), ao lembrar da necessidade de “um olhar” também para os agentes comunitários de saúde.

Grevistas
Outras pautas apresentadas em plenário foram a contratação de mais trabalhadores para o serviço, o pagamento de uma gratificação por risco à saúde, implantação de quinquênio de 5% no salário-base, além da mudança na exigência da escolaridade para nível médio. Os agentes Lucas Fier e Tatiana Franco, que falaram em nome da categoria, disseram que estavam contemplados na fala de Professor Euler.

“Arriscamos a saúde e em áreas de criminalidade e ficamos expostos a outros riscos, como ao próprio Aedes aegipty, e materiais químicos, pois usamos um larvicida. Há alguns anos pedimos a valorização do nosso trabalho e chegou a hora de termos um salário digno”, cobrou Lucas Fier. Tatiana Franco alertou que a “a dengue está em Curitiba”, que há surtos no Bairro Alto e na CIC, mas que isso não seria divulgado pela Secretaria de Saúde. Ela pediu reconhecimento ao trabalho realizado, que “garante saúde à população”, e lamentou a forma com que os grevistas têm sido tratados pelo governo municipal.