Câmara Municipal discute cooperativismo popular

por Assessoria Comunicação publicado 30/06/2005 16h25, última modificação 26/05/2021 15h28
A Câmara de Curitiba realizou, nesta quinta feira (30), através de proposta da vereadora Roseli Isidoro (PT), o II Seminário Cooperativismo Popular – uma alternativa de inclusão social. O evento trouxe à comunidade informações sobre políticas públicas dos governos federal, estadual e municipal, especialmente no que diz respeito à economia solidária, microcréditos e resgate da cidadania. Para a organizadora do evento, esta também é uma oportunidade para estimular a sociedade civil organizada, instituições governamentais e não governamentais ao debate sobre exclusão social e busca de alternativas de trabalho, renda e combate à fome. “Queremos propiciar o espaço público necessário para que sociedade, interlocutores do poder público e parlamentares possam compartilhar o entendimento dos problemas na busca de soluções conjuntas”, afirmou.
Ademar Bertucci, da organização não governamental Cáritas Brasileira, de Brasília, trouxe informações sobre o Fórum Brasileiro de Economia Solidária, que serve de interlocutor com a Secretaria Nacional e trabalha com sete eixos principais: economia solidária, marco legal, cadeias produtivas, tecnologias, educação, comunicação e organização do movimento de economia solidária.
Emprego
O delegado regional do Trabalho do Paraná, Geraldo Serathiuk, defendeu que este não pode ser um movimento somente dos acadêmicos, intelectuais e administradores públicos, mas sim dos trabalhadores. “A economia solidária não é economia de pobre, ela propõe um novo modelo, no qual os cidadãos tenham maior participação no lucro do seu próprio trabalho”, disse. O delegado trouxe, ainda, alguns dados alarmantes sobre emprego, como a informação de que dois milhões de trabalhadores do Paraná vivem hoje com ¼ de salário mínimo, apenas 35% dos trabalhadores rurais têm carteira assinada e que o Estado é o quarto colocado em índices de acidentes de trabalho.
Roberto Riski, gerente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empresa pública federal que atua há 53 anos no País, falou sobre o Programa de Microcrédito (PMC), que nesse ano foi remodelado para ajustar-se ao Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado (PNMPO), do governo federal. “O PMC tem o objetivo de reduzir custos, combater a pobreza e lutar contra a desigualdade social”, afirmou. Para Ademar Bertucci, este é um ponto fundamental dessa discussão. “O microcrédito é a ferramenta que torna possível alavancar a economia solidária, mas ele tem que ser acessível a todos”, disse o representante da Cáritas.
Excluídos
Para Antônia Maria Garcia, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)/Ação Social do Paraná, a Igreja e demais instituições envolvidas devem buscar a organização, ser solidárias e estar inteiras no trabalho proposto. “Temos que dar chance aos excluídos, aos pobres e aos analfabetos para, assim, resgatar a dignidade do cidadão”, defendeu.
Após as explanações, foi aberto espaço para perguntas do público, na sua maioria composto por membros de cooperativas, ongs, organizações públicas e alunos e professores do Consórcio da Juventude, programa social de educação do governo estadual.
No período da tarde, as palestras foram sobre "Políticas públicas para a área", com Sandra Regina Nishimura, da Prefeitura Municipal de Londrina; Fernanda Richa, da Fundação de Ação Social (FAS); Sandro Lunard Nicoladelli, Coordenadoria de Desenvolvimento, Emprego e Renda da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, e Sandra Suely Soares Bergonsi, coordenadora geral da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Federal do Paraná.
Abertura
A abertura do seminário foi na noite de quarta-feira (29) e contou com a presença dos vereadores André Passos (PT), Professora Josete (PT) e Roseli Isidoro (PT), o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior; a vice-reitora da UFPR, Maria Tarcisa Bega; o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi; a procuradora do Trabalho do Ministério Público do Paraná, Margaret Matos de Carvalho, e Ana Ghignon, representando Fernanda Richa. Todos destacaram o cooperativismo como uma maneira de fazer a diferença. “Através de atitudes como esta vamos conseguir fazer, de maneira solidária, com que aqueles que estão à margem da sociedade sejam incluídos socialmente, sem altos custos”, afirmou o reitor.
Para o secretário, esta é uma forma igualitária e solidária de trabalhar a inclusão social num país que tem muita desigualdade e má distribuição de renda. Já para a representante do município, o cooperativismo começa assim, integrando órgãos federais, municipais e estaduais. A procuradora do MP completou dizendo que “temos que começar a enxergar o outro como alguém que está colaborando e não competindo”.