A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) observou um minuto de silêncio, na sessão remota desta quarta-feira (29), em homenagem à funcionária de hipermercado morta por disparo de arma de fogo após confusão com cliente sem máscara, em Araucária, região metropolitana, na tarde dessa terça (28). A fiscal de loja Sandra Maria Aparecida Ribeiro, de 45 anos, foi baleada após suposta briga entre o homem, outro trabalhador do estabelecimento e vigilante terceirizado.
“É lamentável o que nós acompanhamos no dia de ontem”, afirmou o vereador Osias Moraes (Republicanos). Ele lembrou da sanção, justamente nessa terça, da lei estadual 20.189/2020, que obriga o uso de máscaras fora de casa, preferencialmente as de tecido, enquanto durar a pandemia da covid-19. Pessoas físicas e jurídicas que infringirem a norma podem receber multa a partir de R$ 106,60. Antes disso, em Curitiba, decreto municipal já dispunha sobre o uso das máscaras caseiras.
Osias Moraes foi o primeiro vereador a lamentar a morte da mulher, após confusão pelo uso de máscara. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
“A população tem que respeitar o que a lei diz. Vejo nas ruas que as pessoas estão andando sem máscaras, não querem usar as máscaras. O cidadão tem que entender sua responsabilidade”, destacou Moraes. Para Professora Josete (PT), que solicitou o minuto de silêncio, o país vive um momento de “barbárie”, em que o próprio presidente da República não usa máscara em público. Pier Petruzziello (PTB) também registrou pesar pela morte de Sandra Maria Aparecida Ribeiro.
“As pessoas não estão entendendo que precisa usar sim”, defendeu Maria Manfron (PP), para quem as máscaras são uma medida sanitária. “Têm pessoas que não estão levando a sério essa doença. Que descubram logo essa vacina [contra o novo coronavírus].” A vereadora ainda cumprimentou o trabalho de todos os profissionais da saúde. No debate de projeto de lei sobre regularização simplificada de imóveis e de ocupações, Toninho da Farmácia (DEM) observou que a pandemia “é séria”. Muitos, avaliou, só entenderão sua dimensão quando tiverem um caso próximo.
Outros assuntos
Assim como nas últimas sessões plenárias virtuais, a covid-19 e seus desdobramentos voltaram a ser tema de pronunciamentos dos vereadores. Josete e Bruno Pessuti (Pode) criticaram resposta do presidente, nessa terça, ao ser questionado por jornalistas sobre as 474 mortes pelo novo coronavírus que haviam sido registradas no país, nas últimas 24 horas. “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias [referência a seu nome], mas não faço milagre”, declarou Jair Bolsonaro.
Professora Josete solicitou o minuto de silêncio e criticou declaração do presidente da República sobre mortes. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Professora Josete falou em “surpresa” e “indignação” com a declaração. “É tão desumano, de tanto desrespeito para aquele que morreu, para sua família, que passa por um momento de tanta dor”, afirmou. A vereadora alertou que o número de óbitos no Brasil ultrapassou os índices da China, cuja população é muito maior. “E o mais grave, sabemos que há subnotificação. Não precisamos de sarcasmo, de escárnio de um presidente. Precisamos de ações para diminuir a perda de tantas vidas.”
“Ontem registramos quase 500 mortes”, disse Pessuti, também lamentando a declaração. Ele reforçou que a covid-19 “não é uma gripezinha” e que a inflamação pode atingir, além dos pulmões, outros órgãos. O vereador ainda destacou a doação de plataforma de inteligência artificial à Prefeitura de Curitiba pela startup Robô Laura, com sua mediação, para a triagem e acompanhamento online de pacientes com suspeita do novo coronavírus. A inovação, avaliou, faz da cidade “novamente destaque no Brasil”.
Bruno Pessuti destacou doação de plataforma inteligência artificial à Prefeitura, com sua mediação, para triagem e monitoramento de pacientes. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)