Câmara homenageia os 200 anos do Grande Oriente do Brasil

por João Cândido Martins | Revisão: Vanusa Paiva — publicado 15/06/2022 10h30, última modificação 15/06/2022 15h48
A Maçonaria foi oficialmente introduzida no Brasil durante a Independência.
Câmara homenageia os 200 anos do Grande Oriente do Brasil

A Câmara Municipal de Curitiba promoveu uma sessão solene em comemoração à passagem dos 200 anos de criação do Grande Oriente do Brasil, entidade maçônica que no estado do Paraná atua em 146 sedes. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Nesta terça-feira (14), a Câmara Municipal de Curitiba homenageou os 200 anos de fundação do Grande Oriente do Brasil (GOB), a mais antiga e representativa entidade maçônica em atividade no país. A iniciativa da homenagem foi do vereador Professor Euler (MDB), que foi recentemente iniciado na Ordem e entendeu necessário destacar as atividades do GOB-PR junto à sociedade. “Além da sua inegável importância histórica, a entidade pauta suas ações nos princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que foram as diretrizes da Revolução Francesa e das transformações que dela decorreram”, frisou o vereador proponente da homenagem que também esteve à frente da solenidade.

Além de Euler, compuseram a Mesa: Luis Mário Luchetta, grão-mestre do Grande Oriente do Brasil (GOB-PR); José Edson Raesbaret, grão-mestre adjunto do Grande Oriente do Brasil do Paraná (GOB-PR); Regina Luchetta, presidente da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul; Gláucio Antonio Pereira, representante da Grande Loja do Paraná; José Eliseu Maltaca, representante da Assembleia Estadual Legislativa do Grande Oriente do Brasil (GOB-PR); Reinold Stephanes Jr, deputado federal; e Luis Fernando Ferreira, venerável mestre da loja Apóstolo da Caridade 0344, representante dos veneráveis mestres.

Professor Euler, autor da homenagem, saudou oficialmente o Grande Oriente do Brasil pelos 200 anos de sua fundação. “A história da Maçonaria no Brasil se confunde com a história do próprio país, principalmente após a Independência do Brasil, em 1822. Nomes como José Bonifácio de Andrada e Silva, articulador político da independência, e presidentes como Marechal Deodoro, Marechal Floriano, Campos Salles, Hermes da Fonseca, Nilo Peçanha, Wenceslau Braz e Washington Luiz. Todos foram irmãos maçons”, lembrou o vereador.

Ele também se aprofundou nos fatos em torno da vida do abolicionista Luiz Gama, filho de uma negra com um fidalgo que foi vendido como escravo pelo próprio pai aos dez anos de idade. Até os 17, viveu escravizado em uma fazenda, alfabetizando-se com a ajuda de um hóspede deste local. Aos 18, fugiu do cativeiro e, já em São Paulo, tentou ingressar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas foi alvo de gracejos por ser negro. Mesmo impedido por questões raciais, frequentou as aulas como ouvinte e tornou-se “rábula” (uma figura aproximadamente parecida com a do atual bacharel em Direito que não possui registro na Ordem dos Advogados do Brasil). Mesmo com as limitações dessa condição profissional e com os obstáculos derivados do racismo, conseguiu a liberdade de mais de 500 negros escravizados.

“Assim o fez, pois um maçom condena a exploração do homem pelo homem e acredita que todos devem ser iguais em direitos e deveres”, explicou o parlamentar. Euler ainda recordou que Luiz Gama atuou como jornalista à frente de publicações maçônicas e morreu em 1882, sem ver a abolição da escravatura e a Proclamação da República, objetivos pelos quais tanto lutou. “Infeliz do maçom que permite a si mesmo tornar-se instrumento da tirania, apoiar a usurpação e praticar a apologia da injustiça e do desprezo às leis que mantêm as garantias de liberdade”, disse o vereador, que concluiu agradecendo a Rodrigo Barreira de Faria Fornos, da Loja Cavaleiros da Arte e da Ciência e Grande Secretário de Eventos do GOB-PR, que foi o autor do convite a Euler, para que ingressasse na Maçonaria.

Agradecimento
Luis Mário Luchetta, grão-mestre do Grande Oriente do Brasil (GOB-PR), agradeceu a homenagem e disse estar representando o Grande Mestre Geral do GOB, Múcio Bonifácio Guimarães. “Agradecemos essa homenagem ao GOB, em particular ao GOB-PR, pois a solenidade possibilita a projeção da nossa voz, que é a voz de milhares de maçons espalhados por todas as regiões do país e reunidos no elevado objetivo de construir uma sociedade cada vez melhor”, disse Luchetta. Ele lembrou que o Grande Oriente é a mais antiga e tradicional entidade maçônica do Brasil. “Uma história de 200 anos marcada por inúmeras lutas e conquistas em prol do desenvolvimento da nação e da própria criação da identidade brasileira”, afirmou o grão-mestre. Ele traçou um breve histórico da Maçonaria no Brasil, desde a criação das primeiras lojas maçônicas em 1797 na Bahia e em 1800, no Rio de Janeiro. As primeiras entidades maçônicas no Paraná surgem antes mesmo da emancipação política do estado, em 1853, mas foi só em 1927 que surge a GOB-PR, que teve como seu primeiro grão-mestre o então governador do estado, Affonso Camargo.

Luchetta destacou que o GOB possui hoje aproximadamente 2.850 lojas espalhadas pelo país e conta com mais de 70 mil obreiros ativos. “Somos a maior Obediência da América latina, com reconhecimento por parte de mais de 100 Obediências regulares no mundo, inclusive a Grande Loja da Inglaterra, de acordo com os termos do tratado assinado em 1935”, disse ele. O grão-mestre apontou que o GOB-PR, em atuação paralela à Grande Loja do Paraná, administra 482 lojas em todo o estado. “A Maçonaria também desenvolve relevante papel na formação da juventude por meio das entidades paramaçônicas juvenis. Temos consciência da importância da maçonaria no passado, mas não nos limitamos a venerar fatos históricos. A maçonaria atual procura acompanhar o dinamismo do mundo em que vivemos, sempre comprometidos com os ideais de Igualdade, Liberdade e Fraternidade e na busca de inspirar virtudes. Onde houver um maçom regular, sempre haverá esperança. Somos guardiães da pátria”, afirmou o maçom.