Câmara faz homenagens póstumas a Luiz Antônio Leprevost e Rubens Recalcatti
Vereador Alexandre Leprevost, durante sessão da CMC por videoconferência. (Foto: Reprodução/YouTube CMC)
No final da sessão plenária, nesta segunda-feira (12), a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) prestou homenagens às vítimas da covid-19 e, nominalmente, a nove pessoas, que faleceram nos últimos dias. Contudo, o momento mais tocante foi o testemunho do vereador Alexandre Leprevost, filho caçula do advogado e vice-presidente da Associação Comercial do Paraná, Luiz Antonio Leprevost. Ele faleceu na sexta-feira (9), aos 69 anos, após meses lutando contra a covid-19.
O Jornalista Márcio Barros (PSD), amigo do ex-deputado estadual Rubens Recalcatti (PSD), lamentou o passamento do político, vítima de um infarto, aos 72 anos, também na sexta-feira. “A vida é breve. É um sopro. [Recalcatti] era uma pessoa que tratava da mesma forma as autoridades e as pessoas mais humildes”, elogiou o vereador, que exibiu em plenário um vídeo produzido pela Assembleia Legislativa do Paraná.
O presidente da Câmara de Curitiba, Tico Kuzma (Pros), falou em nome dos vereadores, ao prestar os sentimentos do Legislativo às famílias. Muitos parlamentares desejaram força a Leprevost durante a sessão. Também receberam homenagens póstumas Akiko Tabushi Yamaguti, Valéria de Souza Vanhoni (mãe do ex-vereador e ex-deputado Angelo Vanhoni), Padre Eduardo, Paulo de Tarso Ribeiro, Ericina Ribeiro dos Santos, Antônia Maria Martins e Dirceu Tomás.
Luiz Antonio Leprevost
“Quero agradecer muito o carinho recebido por toda a nossa família. Foram centenas de mensagens, que confirmam como meu pai era querido e a centena de amigos que a nossa família possui. Vou cuidar da minha mãe e do meu filho, que era muito apegado ao meu pai. Quero agradecer ao corpo clínico do Hospital Nossa Senhora das Graças”, disse Alexandre Leprevost, visivelmente emocionado, no final da sessão.
“Para nós, resta ficar com as boas lembranças, com os ensinamentos de caráter, honestidade e trabalho. A covid-19 entrou na minha família de uma forma devastadora, levando minha mãe e meu pai para a UTI ao mesmo tempo, deixando outros familiares num estado muito sério”, relatou o vereador, revivendo em detalhes o processo vivido por eles nos últimos meses, do combate à covid-19 à alta hospitalar, seguida por uma reinternação, por complicações no fígado.
“Não vou entrar no mérito do tratamento precoce. Só quis expor o que aconteceu, para cada um formar a sua avaliação. Eu não sou médico, acho que esse assunto nós devemos deixar para os médicos e não para nós discutirmos”, afirmou. “Meu pai se cuidava muito em relação à covid-19. Até em exagero. Sempre com máscara, álcool em gel e na crença ferrenha do tratamento precoce. Falava disso como se fosse médico. Tomou cloroquina, ivermectina e os demais adjacentes das suas crenças, que era um homem de muita fé”.
“Após ser infectado, relutou em ir ao hospital, montou um homecare, com médicos de um hospital que ficou famoso na pandemia, e que tem, no seu quadro clínico, médicos que dizem conhecer como ninguém do assunto, mas, na verdade, encontraram apenas uma forma de monetizar os seus negócios com aval do nosso presidente [do Brasil], no tal do tratamento precoce. Esse homecare foi furada, não serviu para nada, apenas para agravar o quadro. Internei meu pai com 80% do pulmão comprometido e quase morrendo”, continou o parlamentar.
“Foram muitos dias de hospital, a maioria deles na UTI. Quatro recaídas ao coma em cinco meses de muita dor e luta, numa batalha que parecia não ter fim. Nesse período, chegou a ir para casa e tivemos a esperança que ele ia melhorar. Quando começou a ficar em pé, na fisioterapia intensa que era feita, do nada, ele começou a ficar fraco novamente, com uma coloração amarela. De imediato, precisou voltar ao hospital e entrou em coma. Dessa vez os problemas estavam no fígado, no rim, e podem ter sido gerados por uma infecção ou pelo excesso de remédios. O motivo real até hoje não se sabe, mas se desconfia”, afirmou.
Amigo da família, Pier Petruzziello lembrou momentos da juventude na casa dos Leprevost e, dirigindo-se a Alexandre, afirmou “tenho certeza que ele [Luiz Antônio] está feliz em ver o filho mais novo na Câmara de Vereadores”. “Na dor, a gente aprende muitas coisas”, continuou, elogiando o colega e o irmão dele, o secretário estadual, Ney Leprevost, por estarem “mostrando o outro lado do tratamento precoce, de quem passou por isso e perdeu alguém tão próximo”. Luiz Antônio deixa quatro filhos e seis netos.
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