Câmara disponibiliza manuscritos de 300 anos para consultas online

por Assessoria Comunicação publicado 04/12/2018 07h30, última modificação 03/11/2021 09h02

Texto atualizado às 14h15, de 4 de dezembro de 2018, com a retirada do dia do lançamento. Uma nova data será anunciada em breve.

Você já imaginou poder ler o primeiro livro de Curitiba quando quiser e de onde estiver? Já pensou ter acesso ao documento de fundação da cidade no seu celular? Uma parceria entre a Câmara Municipal de Curitiba e a Fundação Cultural de Curitiba tornou tudo isso possível. O Legislativo lançará em breve o hotsite “Os Manuscritos – Documentos Históricos de Curitiba”, para possibilitar pesquisas online e gratuitas. O Livro Tombo é a publicação mais antiga sobre a capital e traz documentos manuscritos até mesmo anteriores à data oficial da fundação de Curitiba e da Câmara – 29 de março de 1693.

“...quanto mais crese a gente se vão fazendo móres desaforos, e bem se vio esta festa andarmos todos com as armas na mão, e apeloirou-se dos outros mais e outros ensultos de roubo, como e notório e constante pelos casos tem susidido e daqui em diante será pior, o que tudo causa o estar este dito povo tão desamparado de governo e desiplina da justisa [sic].”    


Esse é o trecho de uma carta escrita pelos moradores ao Capitão povoador Matheus Leme, em 24 de março de 1693. Cinco dias depois, foi fundada a Câmara e a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. O Livro Tombo veio depois. Em 1721, o ouvidor Raphael Pires Pardinho veio da capital da Província de São Paulo – à qual o Sul era subordinado – e determinou que todos os documentos oficiais fossem juntados em um livro que se chamaria Tombo. “Para que nada se perdesse”, conta a historiadora da FCC, Maria Luíza Gonçalves Baracho, que fez uma pesquisa aprofundada sobre a publicação.

Além do Livro Tombo, com sua transcrição feita pelo funcionário público Francisco Negrão, o hotsite “Os Manuscritos” disponibiliza outros documentos  que contam uma parte da história da cidade, como por exemplo todas as solicitações de terras feitas por moradores à Câmara Municipal no ano de 1887; os termos de compromisso dos prefeitos eleitos até 2012 e dos vereadores e suplentes entre 1947 e 1963; e dois projetos de lei que autorizaram, em 1965, a construção da Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e, em 1969, a doação do terreno do Pinheirão à Federação Paranaense de Futebol. Esses documentos já estavam digitalizados e agora podem ser folheados com um deslizar de dedos na tela dos tablets e smartphones, ou com um clique do mouse.

Também foram produzidos vídeos sobre o processo de restauração do Livro Tombo e sobre a importância da preservação de documentos. “Essa é uma forma de democratizar a informação, os documentos estão aí desde a fundação da cidade, mas é necessário que a população possa conferir. Esse é um processo de transparência também das nossas atas, que contam a história da cidade”, observou o presidente do Legislativo, Serginho do Posto.

A historiadora Mary Del Priore – que escreveu obras como O Castelo de Papel, sobre a Princesa Isabel, e a série Histórias da Gente Brasileira – concorda que disponibilizar documentos originais ao público é uma forma de ampliar a transparência. “É importante que o poder público guarde documentos originais? Não é só importante, é absolutamente fundamental. A história do nosso país depende justamente de que o poder público tenha consciência de que a análise do nosso passado, os nossos problemas, e as soluções que virão estão justamente nesses velhos documentos.”

O projeto
Para a concretização desse projeto, a Câmara Municipal de Curitiba assinou dois convênios com a Prefeitura de Curitiba. O primeiro para a guarda e conservação do acervo histórico do Legislativo, com mais de 170 livros-ata destinados temporariamente à Casa da Memória (leia mais). O segundo para guarda da Fundação Cultural de Curitiba e digitalização pelo Arquivo Público Municipal (leia mais).

A administração também adquiriu um software específico, o flipbook, para que pudesse tornar acessível a todos os documentos digitalizados. O manuseio com o clique do mouse ou com a ponta dos dedos dá a impressão do folhear de um livro.

O hotsite Os Manuscritos foi elaborado e organizado pela Diretoria de Comunicação da CMC e desenvolvido pela Diretoria de Informática. Durante 10 meses, as equipes técnicas ficaram debruçadas sobre esse projeto para que qualquer pessoa possa ler obras que hoje são de difícil acesso.