Câmara debate fatores de risco para crianças e adolescentes
“Os números do Ministério da Saúde mostram que metade de todas as doenças mentais começa aos 14 anos, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada”, afirmou o 1º vice-presidente da Câmara, vereador Tito Zeglin (PDT), que promoveu nesta terça-feira (25) o “2º Fórum com o tema: Infância e Adolescência – Fatores de Risco na Contemporaneidade”. A atividade ocorreu durante a tarde, no auditório do Anexo 2 e foi ministrada pelo professor doutor José Leopoldo Vieira.
Vieira abordou o tema central do fórum sob o viés da psicomotricidade. “Em crianças, alguns dos fatores de risco são: maus-tratos, abusos, violência física e psicológica, falta de limites e poucas relações afetivas. Uma discussão entre os pais deixa a criança insegura”, exemplificou. “A violência intrafamiliar é uma das coisas mais prejudiciais na formação de crianças e adolescentes”, acrescentou.
Para o professor, o afeto é de fundamental importância nas relações. “É preciso olhar no olho e ser verdadeiro. Por vezes um abraço em uma criança ou adolescente, e até mesmo em um adulto, pode salvar uma vida. Todo ser humano gosta de se sentir desejado, amado e cuidado. Várias doenças têm origens psicossomáticas. Tudo começa pelo afeto.”
Experiência
Vieira demonstrou um caso de atendimento em uma escola. Segundo ele, em uma única turma, todos os 36 adolescentes, com idade entre 14 e 18 anos, apresentavam alguma característica que os enquadrava em situação de risco social: abuso de substâncias ilícitas, negligência familiar, dificuldades financeiras, evasão escolar, iniciação sexual precoce, violência dentro e fora da escola e problemas envolvendo a saúde mental.
Neste contexto, por meio da psicomotricidade relacional foram realizadas várias dinâmicas e práticas educativas, de forma lúdica e criativa. “Com atividades que contribuem no processo educacional, o crescimento social e pessoal é estimulado e auxilia no desenvolvimento cognitivo e afetivo.”
Poder público
“É muito importante que pessoas públicas, como o vereador Tito Zeglin e os demais parlamentares de Curitiba, estejam preocupados com os assuntos abordados neste encontro. Nos subtemas enfatizamos a importância do afeto, o limite como organizador da estrutura psíquica e a agressividade positiva que é a base para a construção de uma sociedade mais sadia”, destacou o professor.
O fórum na CMC foi direcionado às relações com crianças e jovens, entretanto, o professor Vieira ressalta que o conteúdo abordado é útil a qualquer relação humana. “Por isso que vários municípios já inseriram a psicomotricidade relacional nas grades curriculares das escolas públicas. O objetivo é englobar afeto, limite, agressividade, criatividade, potencialidade do ser e o despertar do desejo de aprender.” Em Curitiba já há uma lei (12.205/2007) que autoriza o poder público a instituir na rede pública municipal de ensino atividades de psicomotricidade relacional.
Presenças
Os vereadores Herivelto Oliveira (PPS) e Oscalino do Povo (PODE) acompanharam o fórum. Também estiveram presentes professores e educadores de colégios da rede pública e privada, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e representantes da Secretaria Municipal de Saúde.
Sobre José Leopoldo Vieira
É diretor do Centro Internacional de Análise Relacional (Ciar), coordenador do curso de Pós-Graduação em Psicomotricidade Relacional do CIAR. Na sua formação destacam-se os títulos de Mestre em Educação pela UERJ e pós-graduado em Movimento Humano pela Boston University (EUA) e Doutor Honoris Causa pela Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (ABMP-DF). Em junho/2017 recebeu o título de Vulto Emérito na Câmara Municipal de Curitiba, por proposição de Zeglin.
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*Da redação. Revisão, Michelle Stival da Rocha.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba