Câmara de Curitiba: sobre encontros, amores e amizades
Cris casou-se com Flavio, e Helio casou-se com Miriam. Nilmara, com Carlos Eduardo. Maurílio, com India. Selma, com Fábio. Todos estes relacionamentos, de 10, 20, 30 anos atrás, começaram na Câmara Municipal. Alguns até mesmo se entrelaçam, em histórias que falam de amizade, amor e cumplicidade. No terceiro andar do Anexo I, três delas começaram quase que ao mesmo tempo.
Em 1982, Sonia Cristina Andrade França (a Cris), da Diretoria de Apoio Procedimental (DAP), conheceu Anisio Flávio Simões de França (o Flávio Carrapicho), ex-assessor de gabinete. “Vi o Flávio pela primeira vez com 17 anos. Eu trabalhava como secretária no gabinete do vereador Luiz Gil Leão e o Flávio veio assessorar o vereador Sidgley Claudino”, conta.
Na época, a cada troca de legislatura, também trocava-se o gabinete, com as novas posições definidas por sorteio. O vereador Sidgley (do Flávio) ficou então com o gabinete do Luiz Gil (da Cris), mas a troca não foi muito amigável. Cris lembra que ainda não sabia do sorteio, quando Flávio chegou “causando”. “Ele já veio dizendo: "Esse gabinete é meu!" Aí eu não gostei dele logo de cara”, admite.
Mesmo assim, a história deles prosseguiu, com uma amizade que se misturou com mais outras duas – que da mesma forma resultaram em casório. “Passamos a trabalhar no mesmo andar e tinha também o Helio e a Miriam, que eram paquera, e o João Kirchner e a Ana Gorski. Inventamos uma "associação dos amigos", como costumávamos falar, e procurávamos fazer tudo em turma.”
Segundo Cris, foi numa viagem à praia que o namoro começou. “Casamos em 1986, chegamos a trabalhar juntos no gabinete do Sidgley e tudo fazíamos juntos.” Questionada se não enjoou de estar 24 horas por dia com o marido, foi incisiva em dizer que não. “Quando ele saiu, ainda ia me levar e me buscar na Câmara, almoçávamos juntos, tudo para ter mais qualidade de vida”.
Tiveram dois filhos, o Flávio, hoje com 28 anos, e o Juliano, de 25, “que agora nos deu o primeiro neto, Gustavo, de seis meses.” Orgulhosa, Cris relembra que o marido deixou a Câmara em 2012 e, “vôzão”, agora se dedica a cuidar do neto. “Troca fralda, dá banho, mamadeira, sopinha, melhor que muita gente”, garante.
O terceiro andar tem mais duas histórias para contar. Quando o casal de amigos Helio Alves e Miriam Bogoni Alves se conheceram, em 1983, ele trabalhava no gabinete do vereador Rubens Antonio, que era no terceiro piso do Anexo II. Ela, no do Moacir Tozin, que ficava no 1º andar. “O [Flávio] Carrapicho trabalhava no Sidgley, então a gente se cruzava sempre, começamos a ficar amigos e ele começou a namorar a Cris, aí o bicho pegou”, relata Helio. “Quando o 1º filho do Carrapicho nasceu, eu vi primeiro do que ele, porque consegui chegar antes na maternidade”, comemora.
O namoro do Helio e da Miriam iniciou em 1984. “Começou num jogo do futebol e na vibração ela veio e me deu um beijo”, confessa, ao lembrar que se tratava de um campeonato organizado pelos servidores da Câmara, em final do torneio. Casaram-se em fevereiro de 1987 - no ano seguinte ao da Cris e do Flávio. Hoje têm dois filhos: Vinícius, de 26 anos, e Gabriele, de 24. Em 1988, foram padrinhos de casamento de Ana Gorski, hoje aposentada, e João Kirchner, já falecido, casal que também iniciou o namoro quando trabalhava na Câmara.
“Tô de olho em você”
“A gente vai continuar juntos até ficarmos velhinhos, né?”. A frase foi dita pela servidora aposentada Benedita Araújo Pereira ao marido, o assistente administrativo Maurílio Rezena da Silva, enquanto posavam para a reportagem, na escadaria do Palácio Rio Branco. “Ninguém acreditava que era sério. Nem eu”, lembra a assistente administrativa, conhecida na Câmara Municipal de Curitiba como Índia, sobre o início do relacionamento.
Eles começaram a namorar em 1991, quando Índia era chefe da seção de reprografia (xerox) e Maurílio trabalhava nos Recursos Humanos da Casa. “Fui servir o quartel em 1989, em Brasília, e quando retornei é que me aproximei dela. O pessoal era unido, fazíamos churrascos, saíamos”, conta o assistente administrativo, lotado na Biblioteca. Foi numa dessas confraternizações, em um jantar dançante, que “pintou um clima” entre os dois.
Aos 39 anos de idade, Índia era divorciada e tinha três filhos. Maurílio estava com 20 anos. “No início os amigos não apoiaram. Não diziam nada, mas não aceitavam. Só depois viram que era sério”, aponta ele. “Algumas pessoas comentavam da diferença de idade. Isso na hora magoava”, diz a servidora, que se aposentou no final de maio. “Ele dizia: "Eu já te assumi, falta você".”
“Não deu nem seis meses e fomos morar juntos. Toda nossa história girou em torno da Câmara”, diz ele. Índia garante que o relacionamento nunca atrapalhou o trabalho. Questionada se havia ciúmes, nega. Mas admite que havia uma “coisa cuidadosa, de longe”. “Eu às vezes brincava: "Tô de olho em você".” Eles fizeram faculdade juntos, em gestão pública, e os dois netos dela o chamam de avô.
A torcida
“Sou muito feliz com a Câmara em todos os sentidos. Ela me deu tudo, até um maravilhoso marido”, diz, emocionada, a analista legislativa Nilmara Rogowski Marins, da Diretoria de Apoio Procedimental (DAP). O primeiro encontro com sua “cara metade”, Carlos Eduardo Marins, foi em 1989, quando ela tinha 20 anos e era dos Anais da Casa. Ele, do xerox.
“Fui lá tirar uma cópia e vi um quadro, que ele tinha colocado. Eram dois burrinhos, um de frente para o outro, e a frase "Que bom que nós três nos encontramos". Daí eu não entendi a brincadeira, falei que só tinham dois burrinhos, e o Carlos começou a tirar sarro. Ali a gente fez amizade”, recorda a servidora. Ela explica que entre o namoro e o casamento de 20 anos, que lhes rendeu dois filhos, o casal passou por um período de “amizade colorida”.
“Todo mundo apoiava. O pessoal queria que saísse namoro”, conta Nilmara. Um dos cupidos foi a servidora aposentada Silmara do Rocio Zanin. “Ela olhava pela janela, que dava para o pátio, e quando o via passar falava "Ah, essa praça", com ar apaixonado”, brinca, sobre a torcida pelo casal.
Quando o relacionamento sério engatou, ele não estava mais na Câmara. Foi trabalhar como corretor de seguros, profissão que desempenha até hoje, mas sempre aparecia no Legislativo. Inclusive no dia do chá de panela de Nilmara, organizado pelas colegas na Seção de Anais. “Ela teve que fazer uma declaração de amor para o Carlos, que estava no pátio. Foi na janela e gritava que o amava”, afirma a analista legislativa Ana Lúcia Brandalize, outra amiga que deu uma “mãozinha” à relação.
“Deus o colocou na minha vida”
O casal Selma Aparecida da Silva e Fábio Martins da Cruz também se conheceu na Câmara de Curitiba. Ele trabalhava como segurança terceirizado do Legislativo e prometeu a si mesmo, numa ocasião em que a viu abraçando um colega: “Ela vai ser minha namorada”. Os cumprimentos de bom dia logo passaram para conversas pelos corredores, quando Fábio a acompanhava até sua sala.
Depois vieram alguns chocolates, até que ele chamou a servidora, chefe de cinco comissões permanentes da Casa, para um encontro. Foram ao cinema, no dia 13 de novembro de 2011. Depois do filme, na praça de alimentação do shopping, não perdeu tempo e já a pediu em namoro. “Eu falei da diferença de idade [Selma tem 48 anos e Fábio, 31], mas ele não ligou. No dia 3 de dezembro, comprou as alianças de compromisso e pediu a benção da minha mãe”, acrescenta ela.
Selma conta que antes do relacionamento completar um ano, Fábio resolveu deixar o emprego, “para evitar qualquer problema”. Atualmente trabalha como autônomo. “Se não fosse pela Câmara eu não o tinha conhecido. Estava divorciada há 13 anos e Deus o colocou em minha vida. É uma pessoa maravilhosa”, finaliza.
Por Fernanda Foggiato e Michelle Stival da Rocha – Jornalistas da Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal de Curitiba.
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