Câmara de Curitiba escolhe data paranista para festejar Dia da Erva-Mate

por José Lázaro Jr. | Revisão: Ricardo Marques — publicado 24/04/2023 14h45, última modificação 24/04/2023 16h05
Substitutivo geral atendeu pedido do setor ervateiro e fixou a data comemorativa no dia 29 de agosto.
Câmara de Curitiba escolhe data paranista para festejar Dia da Erva-Mate

Data escolhida é uma alusão à emancipação política do Paraná, principal produtor de erva-mate do país. (Fotos: Rodrigo Fonsca/CMC)

A indústria ervateira ganhou, nesta segunda-feira (24), uma data comemorativa para festejar em Curitiba a história do produto que, por décadas, foi a locomotiva da economia do Paraná. Com 31 votos favoráveis, a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovou, nesta segunda-feira (24), a criação do Dia da Erva-Mate, proposta pelo vereador Pastor Marciano Alves (Solidariedade), que passa a ser na data de 29 de agosto (005.00126.2022 com substitutivo 031.00012.2023).

O projeto de lei original propunha a comemoração do Dia da Erva-Mate na data de hoje, 24 de abril, quando é celebrado o Dia do Gaúcho (005.00126.2022). Contudo, quando a iniciativa foi submetida ao plenário, na semana passada, empresários da indústria ervateira fizeram chegar ao Pastor Marciano Alves a ideia de aprovar a criação da comemoração, mas em uma data mais vinculada ao Paraná. A votação foi adiada e um substitutivo geral foi elaborado, mudando a comemoração para o dia 29 de agosto (031.00012.2023).

Dessa forma, o plenário aprovou a mudança do Dia da Erva-Mate para uma data paranista, o dia 29 de agosto, em alusão à ocasião, em 1853 que, ainda no Brasil Império, quando Dom Pedro II assinou a emancipação política do Paraná. O desmembramento de São Paulo  viria a ser oficializado no dia 19 de dezembro daquele ano, mas já estava decretada desde antes. “Teremos uma data de celebração local, que não se confunde com a comemoração gaúcha”, afirmou Marciano Alves.

Conhecido por sempre levar a cuia de chimarrão ao plenário, durante as votações, Marciano Alves, ao pedir votos para o projeto, justificou que hoje “o Paraná é responsável por 87% da produção nacional” e que “a erva-mate traz benefícios importantes para a saúde”. Serginho do Posto (União) apoiou o projeto, lembrando a importância do dinheiro proveniente da erva-mate para o fomento da cultura e da arquitetura na cidade. “Foi o movimento dos ervateiros que fez com que o Paraná se tornasse uma província, superando a dependência de São Paulo”, ressaltou.


Mediador da proposta de mudança de data, Rodrigo Reis (União) elogiou o adiamento da votação e a apresentação do substitutivo. “Quero agradecer a recepção ao pedido do sindicato da indústria do mate. É importante valorizar o mate do Paraná. Essa data é muito bem-vinda”, reconheceu, citando a atenção dada por Danilo Benke, da startup Erva Mate Paraná, e André Zampier, do Matte Cultural, ao projeto de lei.

Na esteira de outros vereadores, Sabino Picolo (União) lembrou da importância do ervateiro Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, para a história do Paraná e seu lugar como fundador da Associação Comercial do Paraná. Zezinho Sabará (União) destacou o lugar afetivo da bebida na sua vida, lembrando do hábito que seus pais tinham de consumir a bebida. “Desde criança eu tomo chimarrão. Quando eu posso, quando tenho um tempinho, eu uso o chimarrão”, afirmou.

“Os povos indígenas foram os primeiros a fazer uso da erva-mate, que era tida por sagrada. A tradição do consumo aumenta, em Curitiba, com a presença dos gaúchos, vindos do interior do Paraná para a capital. Temos que valorizar a nossa cultura”, destacou João da 5 Irmãos (União), que também contou histórias de família com a bebida, assim como fez Oscalino do Povo (PP), para quem “toda rodada de chimarrão é uma rodada de alegria”. “Esse projeto saúda a nossa tradição e a razão de ser do nosso estado”, completou Eder Borges (PP).

Propondo uma continuidade ao projeto de lei, Tito Zeglin (PDT) sugeriu retomar uma antiga sugestão sua, de plantar nas praças e parques da cidade mudas de erva-mate. “A bandeira do Estado do Paraná, além da constelação do Cruzeiro do Sul, à direita está a araucária e, à esquerda, um galho de erva-mate. O turista vê a erva-mate na bandeira, mas não a temos para mostrar. Quem sabe esse projeto seja um ponto de partida para mostrar ao mundo o que temos de bom. 

Para se tornar lei, o Dia Municipal da Erva-Mate precisa ser ratificado, em segunda votação, nesta terça-feira (25).