A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) decretou, nesta terça-feira (20), luto oficial de três dias e suspensão de todas as atividades da Casa nesta quarta (21) em razão do falecimento de Margarita Pericás Sansone de Macedo, aos 79 anos de idade. A primeira-dama de Curitiba tratava um câncer e estava internada em estado grave desde sexta-feira (16) no Hospital São Marcelino Champagnat, conforme divulgado pelo prefeito Rafael Greca nas redes sociais. 

Em homenagem a Margarita, que deixa para a cidade um vasto legado nas áreas social, cultural e jornalística, as bandeiras do município, do estado e do Brasil, localizadas em frente ao Palácio Rio Branco, sede histórica do Poder Legislativo, ficarão a meio mastro. O calendário de iluminações cênicas do Palácio também foi suspenso.

Em comunicado oficial, os vereadores integrantes da Mesa Diretora lamentaram o falecimento da primeira-dama e prestaram condolências. “A Cidade de Curitiba perde uma de suas mais notáveis mulheres. Uma humanista, que sempre ofereceu um olhar de sensibilidade e respeito às pessoas, especialmente àquelas mais necessitadas. Ao Prefeito Rafael Greca, a toda sua família e amigos, desejamos que possam encontrar serenidade e paz neste momento tão doloroso”.

O prefeito confirmou o falecimento de sua esposa também por meio das redes sociais na tarde desta terça. “Que o bem infinito que ela desejou aos curitibinhas, suas famílias e, principalmente, aos mais vulneráveis seja o tom dessa sua despedida. Viverá para sempre em mim e em todos que a amam”, escreveu o chefe do Poder Executivo.

O velório da primeira-dama ocorrerá nesta quarta-feira (21), no Memorial de Curitiba, a partir das 10h. Uma missa de despedida será realizada no mesmo local, às 15h, e o sepultamento será na sequência, no túmulo da família Bernardo Pericás Moya, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula. O prefeito pediu às pessoas que queiram prestar homenagens que não enviem coroas de flores, mas que façam doações de alimentos ao Banco de Alimentos ou artigos ao Disque Solidariedade, que pode ser acionado via sistema 156.

Quem foi Margarita?

Economista formada pela UFPR, Margarita estudou Arqueologia e História da Arte na Escola Dante Alighieri em Roma. Atuou também como jornalista e professora de Língua e Literatura Francesa. Poliglota, dominava as línguas francesa, italiana, espanhola, catalã e inglesa. Na área governamental, criou e presidiu a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), foi presidente da Fundação Cultural de Curitiba e assessora da Casa Civil do Governo do Paraná e do Museu Oscar Niemeyer (MOM).

No jornalismo, manteve, durante anos, um portal de notícias sobre política, economia e turismo. Foi colunista do Jornal Gazeta do Povo e colaborou para diversas publicações nacionais, entre elas as revistas Vogue Brasil, Senhor Vogue e Isto É. Também apresentou programa de entrevistas na TV Paranaense (Rede Globo).

Atuação destacada na área social e na cultura

Como gestora da FAS (1993-1996), criou programas sociais de alto impacto, muitos deles considerados pioneiros, por atenderem idosos, mulheres vítimas de violência e pessoas em situação de rua. Entre os programas, destacam-se: Vale-Vovó, SOS-Idoso, FAS-SOS, Carrinheiro-Cidadão, Educadores de Rua, SOS Mulher, Vila de Ofícios, Pousada de Maria, Casa da Acolhida e do Regresso, Direito de Família, Tudo Limpo, FAS Trabalho, Liceus e Linhas de Ofícios, Linha Sopão e Farmácia Caseira.

Foi presidente também do Instituto Pró-Cidadania, por meio do qual implantou as lojas Leve Curitiba, o Vale-Creche, a Linha da Cidadania e o Refeições Curitibanas, ocasião em que demonstrou mais uma vez estar à frente do seu tempo, tendo lançado o primeiro restaurante popular do Brasil. Também presidiu instituições sociais, como o Instituto Farol do Saber, com a missão de criar projetos urbanísticos, sociais e culturais, e de difundir a implantação e o uso de bibliotecas para expandir os horizontes do saber.

Com atuação destacada na área cultural, Margarita presidiu também a Fundação Cultural de Curitiba (1997-2000), quando fundou o Museu de Fotografia da Cidade de Curitiba, o segundo da América Latina, e promoveu mostras de arte, cinema e música. Foi organizadora de diversas coleções e autora de livros, entre eles "Sérgio Ferro, um artista brasileiro" e "Fundação Cultural de Curitiba, no limiar do 3º milênio".

O trabalho reconhecido

Da Câmara Municipal, Margarita Sansone recebeu, em 1996, a maior honraria concedida a pessoas nascidas em Curitiba, o título de Vulto Emérito. Em reconhecimento ao seu trabalho, o Poder Legislativo também lhe agraciou com os prêmios Professor João Crisóstomo Arns (2001), por seus esforços de promoção da cultura local; e Colunista Dino Almeida, por sua atuação na imprensa em favor das pessoas em vulnerabilidade social.

Recentemente, a bancada feminina da Assembleia Legislativa do Paraná lhe concedeu o prêmio Rosy de Macedo Pinheiro Lima, que homenageia mulheres que se destacam em suas atividades. Também recebeu diversas outras condecorações ao longo de sua vida pública, entre elas o Prêmio Sesi 50 anos, a Medalha Giuseppe Garibaldi e o Mulheres Paranaenses 2021.