Câmara de Curitiba confirma apoio à Marcha do Orgulho Crespo
Por 23 a 1 votos, nesta terça-feira (7), os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) confirmaram, em segundo turno, a inclusão da Marcha do Orgulho Crespo no calendário oficial de eventos da capital do Paraná. A vereadora Giorgia Prates - Mandata Preta (PT) voltou à tribuna, para agradecer o apoio do Legislativo à pauta antirracista, e lá recepcionou a cantora Michele Mara. A marcha começou a ser organizada em Curitiba, no ano de 2016, após Mara ser vítima de racismo em uma loja no Centro.
Morando hoje em Lisboa, Michele Mara viajou para Curitiba para participar da 8ª Marcha do Orgulho Crespo, que acontecerá neste sábado, dia 11, com concentração na Boca Maldita, saindo às 14h para a praça Santos Andrade. Lá, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), durante todo o dia, das 9h às 22h, haverá a realização de diversas atividades culturais, com feira de afroempreendedorismo, penteados afro, teatro, dança e shows musicais.
“Ontem, [na votação positiva em primeiro turno] foi importante ver como a Casa se colocou”, destacou Giorgia Prates. Ela destacou uma mudança no comportamento geral, com a maioria dos vereadores se colocando dispostos a debater a luta antirracista com mais empatia e respeito. “A mudança é um sinal que poderemos chegar a ser uma sociedade sem preconceitos, que não discrimina ninguém por motivo nenhum. A população negra se animou bastante, foi bastante positiva nas redes sociais”, avaliou a vereadora.
Projeto era de Carol Dartora e ganhou coautoria de Giorgia Prates e de Josete
A inclusão da Marcha do Orgulho Crespo no calendário oficial de Curitiba foi apresentada pela ex-vereadora Carol Dartora (PT), que depois ganhou a coautoria de Giorgia Prates - Mandata Preta (PT) e de Professora Josete (PT). Isso permitiu que a proposta continuasse tramitando na CMC, mesmo após a eleição de Carol Dartora para a Câmara Federal. O projeto de lei fixa o dia 12 de novembro como referência para a realização da Marcha do Orgulho Crespo, prevendo que ela acontecerá em paralelo a atividades culturais (005.00193.2022).
Movimento social originado na cidade de São Paulo, a Marcha do Orgulho Crespo é realizada na capital do Paraná desde 2016 e só foi interrompida, em 2020 e 2021, em razão da pandemia de covid-19. Ela começou em resposta a uma situação de discriminação vivida por Michele Mara, no comércio da rua XV de Novembro, quando foi impedida de experimentar um turbante pela dona do estabelecimento, que disse “o seu cabelo vai estragar o meu produto”. Hoje, Michele Mara trouxe ao plenário o Troféu Rainha Diambi, que é um prêmio internacional dado à marcha de Curitiba, entregue no parlamento britânico, pela relevância do movimento social na luta antirracista.
Vereadores de Curitiba elogiam inclusão da marcha no calendário oficial
“No Brasil, a maior parte da população é negra, e nunca pensou em se rebelar para destruir qualquer tipo de etnia. Pelo contrário, a nossa luta sempre foi pela libertação e equidade de direitos, que estão garantidos na Constituição Federal. Não exigimos nada além do que é nosso por direito”, disse, durante o debate em segundo turno, a vereadora Giorgia Prates. A fala aludiu a comentários feitos na véspera, por Eder Borges (PP), que novamente foi o único a votar contra.
“Estamos conseguindo alcançar os lugares que foram negados aos nossos ancestrais”, continuou Giorgia Prates, desejando que “a gente possa reverberar positividade, amor e consciência sobre direitos humanos”. “A desconstrução diária do racismo é um esforço de todos nós, porque ele foi naturalizado e precisa ser desconstruído”, reforçou Professora Josete. Nesse sentido, Maria Leticia (PV) disse que “é preciso que a sociedade reconheça a dívida impagável que tem com as pessoas negras”.
Pediram a palavra, para apoiar o projeto de lei, os vereadores Tico Kuzma (PSD), líder do prefeito, Mauro Bobato (Pode), Rodrigo Reis (União), Sidnei Toaldo (Patriota) e Pier Petruzziello (PP). Pedindo licença para discutir o assunto, Bobato disse que as discussões sobre a luta antirracista na Câmara de Curitiba têm feito ele refletir e rever suas atitudes no dia a dia. “É importante aprender, assimilar e ter empatia”, resumiu o parlamentar. Kuzma lembrou que Michele Mara foi homenageada, em requerimento de sua autoria, em 2011, por ter vencido o concurso “O Maior Imitador da América Latina”, pelo cover de Aretha Franklin (077.00090.2011).
Segundo turno: homenagem a Dona Iza é confirmada pelos vereadores
Nesta terça-feira, os vereadores da Câmara de Curitiba também confirmaram, em segundo turno, a homenagem póstuma a Izabel Tulio Benato (008.00003.2023). Trata-se de um pedido do vereador Sidnei Toaldo (Patriota), que indicou uma via no bairro Butiatuvinha para receber a denominação. Ontem, ele destacou que a homenageada era mais conhecida como Dona Iza e que “faz parte da cultura italiana em Santa Felicidade”, bairro em que nasceu e morou até falecer, em fevereiro de 1989.
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