Câmara celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência
O Dia nacional da Luta da Pessoa com Deficiência foi comemorado na Câmara Municipal, por iniciativa dos vereadores Angelo Vanhoni e Pier Petruzziello. (Foto: Carlos Costa/CMC)
A Câmara Municipal de Curitiba promoveu uma sessão solene para celebrar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (PcD). A iniciativa do evento foi dos vereadores Angelo Vanhoni (PT) e Pier Petruzziello (PP), que presidiu a solenidade. Além deles, a mesa foi composta por Denise Morais, diretora do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Curitiba. A cerimônia teve a participação de tradutores da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Assista à sessão solene no Canal do Youtube da Câmara.
Veja as fotos da solenidade no Flickr da Câmara.
Saudações
Para o vereador Pier Petruzziello, a luta das Pessoas com Deficiência é histórica. “Eu e o Angelo temos cores partidárias diferentes. Ideologicamente estamos em lados opostos, mas defendemos uma mesma bandeira, que é a causa PcD. É assim que se faz uma política de construção”, disse o vereador. Para Pier, “o poder público tem a responsabilidade de contribuir e atuar por meio de ações como a produção de leis e a discussão do tema por meio de audiências púbicas e seminários”. Ele também comentou sobre a complexidade da Luta PcD. “Mesmo entre nós, envolvidos com a causa, há diferenças de entendimentos: alguns acreditam que a inclusão deveria ser realizada de uma determinada forma, outros entendem diferente. Não temos necessariamente a mesma visão sobre o tema, mas hoje estamos aqui para celebrar a causa e promover a conscientização”, disse ele.
Angelo Vanhoni declarou que a luta pela melhoria das condições das pessoas com deficiência é recente e passa por um obstáculo que se materializa na visão generalizada de que as PcD seriam incapazes, impotentes e não teriam a capacidade de se colocar como sujeitos de suas próprias histórias na sociedade. “A legislação sobre do tema, que poderia garantir mais direitos a essas pessoas e trazer mais visibilidade ao debate, também é recente. Estamos ainda muito longe dos direitos das pessoas ditas ‘normais’. Daí a importância do dia 21 de setembro”, afirmou o parlamentar. Para ele, é necessário um trabalho de reeducação da sociedade brasileira e uma mudança do afeto das pessoas. “Ninguém pode tratar de modo diferente outra pessoa por ter uma deficiência. Essa luta é de transformação”, concluiu.
Empregabilidade
Denise Morais, diretora do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Curitiba (DPCD), destacou o fato de que a cerimônia teve a iniciativa de duas pessoas com deficiência que foram eleitas vereadores pela cidade de Curitiba. “Para nós que trabalhamos no dia a dia com a questão da inclusão das pessoas com deficiência, é muito satisfatório ressaltar que temos nesta Casa de Leis duas referências duas pessoas com deficiência que são a prova de que não há limites”, disse ela. Denise lembrou que o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência foi criado em 21 de setembro de 1982, ou seja, há 41 anos.
“O objetivo de se criar esse dia foi o de divulgar as questões relativas a essas pessoas para estimular o respeito, a inclusão e a acessibilidade e diminuir o ‘capacitismo’, [que são as crenças limitantes sobre as pessoas com deficiência]. Vemos uma evolução, pois há 41 anos, as pessoas com deficiência não conseguiam sequer sair de suas casas”, disse Denise. A diretora do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura também lembrou que Curitiba criou a Semana da Empregabilidade para Pessoas com Deficiência. “A semana teve início hoje (18) e irá até a sexta (22), com a promoção de diversas atividades, sendo que a mais importante é um mutirão de 30 empresas que proporcionarão acesso a mil vagas de emprego para as PcD”. De acordo com ela, trata-se de uma parceria entre o DPCD e a Fundação de Assistência Social (FAS). De acordo com ela, iniciativas como a comemoração do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e a Semana da Empregabilidade têm produzido resultados positivos.
Direito linguístico
Rafaela Hoebel, poeta, atriz, diretora teatral, graduada em Letras – Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também pela UFSC, falou sobre sua emoção com a realização da solenidade e declarou que durante anos teve a percepção de que havia um silenciamento das pessoas com deficiência, em especial os surdos, em espaços artísticos.
Rafaela, que também é especialista em Educação Especial com ênfase na educação de surdos pelo Instituto Paranaense de Ensino (IPE) e mestre em educação e novas tecnologias pelo Uninter, enfatizou a importância da luta pelo direito à língua e declarou, como representante dos artistas surdos, estar emocionada por vislumbrar a possibilidade que essas pessoas têm de provar que são capazes. Para a professora de LIbras, é necessário e importante saber que os surdos têm aliados entre os vereadores.
“Eu não conhecia a literatura surda, não tinha acesso a teatros ou cinema. Foi quando começamos um árduo trabalho. Hoje estou aqui para dizer que nós, os surdos, fazemos um trabalho juntos, somos unidos e aliados pelo direito linguístico. É o nosso direito à língua, nós lutamos por isso. Portanto, esse apoio é muito importante”, disse ela.
Também se manifestou Jônatas Medeiros, tradutor, intérprete de libras e professor bilíngue, graduado em Letras – Libras pela UFPR e pós-graduando em produção cinematográfica audiovisual pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Ele agradeceu aos vereadores pela oportunidade e enalteceu a luta dos surdos no âmbito político “A comunidade estava adormecida e os movimentos foram tomando espaço e este é o momento de sermos gratos a tantos surdos que lutaram para que hoje estivéssemos aqui. Aos intérpretes mais velhos que durante tantos anos lutaram pela causa”.
Medeiros destacou ainda em sua fala o trabalho de Vanhoni, enquanto deputado federal, na relatoria do projeto que criou o Plano Nacional de Educação (PNE), no qual lutou pela existência de escolas bilíngues e pelos direitos dos surdos. Da mesma forma, Jônatas citou Pier, que sempre apoiou os surdos, em particular, quanto à inserção destas pessoas na área dos esportes. Ele ainda destacou a importância da Casa 603, primeiro espaço em que a comunidade surda pôde se articular para ter mais participação na sociedade e no debate sobre políticas públicas voltadas aos surdos.
Homenageados
Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas Autistas (Abraça); Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (Afece); Coletivo Hawking; Escola alternativa; Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), da UTFPR; Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae); Instituto Paranaense de Cegos; Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (Fepe); Fluindo Libras; e Escola Nilza Tartuce.
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