Cães comunitários continuarão nos terminais, garante Meio Ambiente

por Assessoria Comunicação publicado 18/05/2017 22h30, última modificação 18/10/2021 07h44

Uma audiência pública realizada na noite desta quinta-feira (18) na Câmara de Vereadores discutiu demandas para elaborar políticas públicas pelos direitos dos animais. Diversas questões foram apresentadas por defensores da causa à vereadora Fabiane Rosa (PSDC) – que promoveu o encontro – e representantes de secretarias municipais. Uma delas foi quanto à permanência dos “cães comunitários”  – alimentados e cuidados por tutores voluntários – nos terminais de ônibus. A superintendente de controle ambiental da Secretaria do Meio Ambiente, Marilza Dias, garantiu que os que vivem nestes locais permanecerão.

“Não acho que deveríamos incentivar, mas ninguém vai retirar os animais de lá”, garantiu. Ela argumentou que o terminal não é um lugar seguro para os animais, pois correm risco principalmente de atropelamentos. A dúvida surgiu na reunião porque há a previsão de ativar estações-tubo no terminal da Barreirinha que hoje servem de abrigo aos cães. “Se depender de mim não vão tirar não. Eles não estão ali por opção, mas sim por falta delas. Escolheram aquele lugar para morar e têm tutores”, considerou Fabiane Rosa.

Luciene Popp, chefe da Divisão de Monitoramento Animal da Prefeitura de Curitiba, disse que muitos “cães comunitários são chamados de sentinelas”, porque delimitam o território e não permitem que outros cheguem perto. “Mas tem alguns terminais cada dia com mais. Não é o lugar ideal, existe risco. O que está me preocupando é que podem estar abandonando os animais nos terminais.”

A vereadora de Londrina Daniele Ziober (PPS), que há 23 anos é protetora de animais, contou que lá também há um trabalho da comunidade para atender cães abandonados. “Temos dois cuidados por taxistas na rodoviária de Londrina. Agora estamos tentando fazer casinhas em lugares onde há tutores. Em Londrina destroem e roubam muita casinha, então pensamos em fazer de cimento, grudadas no chão, principalmente nas praças.” Para ela, é a educação dos moradores em relação ao abandono que tem que mudar. “Não só nós que gostamos, que sentimos a dor que eles sentem. A gente enxuga gelo, estamos catando um, tem dez abandonados. Temos que trabalhar na prevenção. Pensando juntos, com todas as cidades envolvidas, o negócio anda.”

Maus-tratos
Algacir Mikalovski, secretário municipal da Defesa Social, disse que o órgão vem dando apoio “de forma próxima” à causa. “Todas as demandas que os vereadores e a comunidade têm passado, a Guarda tem trabalhado com bastante voluntariedade, apesar da escassez de recursos.” Segundo ele, há uma viatura que pode ser acionada pela Rede de Proteção Animal, com guardas treinados para fazer este atendimento específico. Marilza Dias complementou que nos finais de semana há plantões para atendimento das denúncias de maus-tratos pelas equipes da Secretaria do Meio Ambiente.

Ambos afirmaram que há uma demanda muito grande no 156. “O 156 perdeu credibilidade, mas todas as secretarias estão mobilizadas para colocar em dia”, afirmou Mikalovski. Marilza falou que a prefeitura pretende aumentar o número de fiscais na Rede de Proteção Animal, mas emergencialmente estão sendo capacitados outros agentes para fiscalizar. “O Município está com 73 mil solicitações do 156, muitas antigas. Só da Secretaria do Meio Ambiente são 48 mil.”

Castrações
Outra questão levantada foi sobre as castrações de animais no Cajuru. “Já publicamos edital para contratação do Castramovel”, respondeu Marilza. De acordo com ela, um vai atuar na região norte da cidade e outro na região sul. Também será feito o cadastramento das clínicas e a previsão é que as castrações iniciem no final de junho. “A partir de segunda, os tutores podem entrar no site para fazer a inscrição, para termos uma ideia da demanda”, complementou, dizendo que a meta é sempre de 15 mil procedimentos por ano.

Quanto ao atendimento do Centro de Referência para Animais em Situação de Risco (Crar), localizado na CIC, ela contou que já está operando parcialmente, mas será iniciado um processo de licitação para contratar mão de obra.

Acumuladores de animais
Questionada sobre como é trabalhado o problema dos acumuladores de cães, a coordenadora do Núcleo de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Fabia Adachi, disse que profissionais  têm que buscar estabelecer um vínculo com essas pessoas para poder ajudar. “Estamos contando com o apoio de psicólogos e psiquiatras para que eles consigam sensibilizar as equipes [de resgate] para conversar.” Para ela, é preciso entender o que está acontecendo com estes acumuladores. “São pessoas isoladas, com rompimento familiar.”

Fabia informou que está sendo feito um mapeamento de pessoas que precisam de uma abordagem. “Acumuladores acabam sendo alimentados também por vizinhos, que sabem que naquela casa a pessoa vai acolher e acabam colocando um animal ali. Deve ser feito um trabalho com a comunidade, os vizinhos, para não deixarem ali”, alertou.

Fabiane Rosa disse que a partir das demandas apresentadas na reunião devem surgir novas ideias. “A declaração universal dos direitos dos animais diz que todos os animais têm direito à vida, têm direito ao respeito e à proteção do homem, diz também que nenhum animal deve ser maltratado ou abandonado. Estamos aqui porque estes direitos continuam sendo ignorados e é necessário estabelecer políticas públicas para defender os animais.”

Participaram ainda do debate André Pasdiora, biólogo do Centro de Vigilância e Saúde Ambiental e o médico veterinário Nivo Auffinger. Acompanharam a reunião os vereadores Oscalino do Povo (PTN) e Maria Leticia Fagundes (PV), além de movimentos como o SOS Bicho e o Instituto de Proteção Animal e Exercício da Cidadania.

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